Era uma noite de consoada consolada, a sala estava cheia de gente, desembrulhavam-se prendas e ofertas, tantos presentes, e ausentes também. Houve abraços, agradecimentos, olhos felizes, gente contente. O homem abrira os seus, agradeceu a cada um dos ofertantes a sua dádiva, beijou testas, dirigiu palavras tão doces quanto os doces que ainda estavam pousados na mesa e já confortavam os espíritos, e não sentiu nenhum par de braços a pedir por acolhê-lo. Todos se viraram uns para os outros, abraçando-se aos dois e dois, enquanto ele, de braços vazios, pensou seriamente em abraçar a árvore de Natal. Quase soluçou uma gargalhada amarga diante da ideia, e achou por melhor abraçar o gato, que, apesar de morto, lhe alentava sempre as faltas maiores e lhe serenava as falhas — as imperfeições e os defeitos — que sentia como suas, tantas vezes.
Não é um dia feliz para todos. Infelizmente.
ResponderEliminarPois não, Doc. É precisamente a época em que os braços vazios ficam ainda mais vazios.
EliminarEste ano, pela primeira vez, senti-me profundamente angustiada nesta quadra.
ResponderEliminarA dada altura nem sei se custará mais a falta se o pensar que mto possível será o último :(
Quando são os nossos, nunca há um último, Me. Eles estão connosco em todos os Natais.
EliminarCalma.
Um grande beijinho.