21/05/2020

Ela fala tanto # 28

E, de repente, chega o dia em que usa metáforas e eu sou tão apanhada de surpresa que protagonizo um momentinho louro digno de registo aqui no coiso, ou de Oscar. 
Falava-me de uma das irmãs, a que tem menos vergonha na cara, a que trilhou caminhos mais sinuosos, mas também a mais magra, a única das quatro que é magra, e isso constitui um crime de lesa majestade, quanto mais de Senhora Dona Madame. 
- Ela tem lá aquele brilhantinho na testa que dá aquela luz e quando os homens vêem aquilo, parece que ficam doidos.
Aqui a jerica pousou o trabalho que tinha em mãos em seu generoso - porque atura estas  coisas - regaço, exalou um profundo, porém imperceptível suspiro, e questionou:
- Um brilhante na testa? Nunca vi... Já vi pearcings em sítios esquisitos, mas na testa...
Deu-se então o momento crucial desta brilhante! narrativa, que foi aquele em que, enfaticamente, suspirou ela (terá revirado os olhos? Terá um blog em que descreve este mesmo momento sob o título “Ela não pesca nada”? Nunca saberemos), e esclareceu: 
- É uma maneira de falar. 
Como quem diz: “É uma metáfora, duh”.




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