26/12/2018

Ano Novo: uns batem tachos, outros batem pratos

Literalmente.
Andava exausta dos meus pratos da loja do sueco, AKA IKEA**, todos lascados, a porcelana a estalar e a aparecerem-lhes filamentos negros, qual mapa dos rios do nosso bom Portugal, todo um desassossego de cada vez que iam ao microondas, iam assim e voltavam assado, para além do que superaquecia a loiça e a comida mantinha-se fria. 
Pus-me, então, nas tamanquinhas, e dirigi-me à Vista Alegre*, VA para os amigos. Cheia da PDM, quis do phyno, mas, não alcançando o spéxique, optei pelo bom e velho Sagres. Portanto, doze de cada: rasos, sopa e sobremesa, só para as primeiras necessidades. Ali chegada, apercebo-me de que são três sacos grandes, cada um com três caixas, uma vez que os pratos são embalados aos quatro e quatro. (Isto parece um problema de matemática do primeiro ciclo.) Também considerei que, tendo em conta que havia deixado Rosinha a cinquenta metros dali, era capaz de ter que fazer um esforço para o qual talvez não fosse preparada, pois que nem aquecimento fizera. Ainda assim, avaliei o peso aos sacos, e afirmei, peremptória, que sim, que era capaz de os carregar até à viatura. Um jovem franzino que ali havia chegado há menos de nada perguntou-me se queria ajuda, ao que lhe respondi que não senhor, "Muito obrigada, eu vou tentar, e, se aos vinte e cinco metros verificar que não sou capaz de chegar ao carro, volto para trás com os sacos e aceito então a sua ajuda", hahaha, muita gargalhada, e eu ala que se faz tarde com os trinta e seis pratos pendurados dos braços, para aí vinte e quatro num e doze no outro, se não me falha a matemática. 
Teria talvez percorrido uns quinze ou dezasseis metros e um dos sacos começou a rasgar-se ao nível da alça. (Note to self: ir à VA reclamar da qualidade dos sacos deles **.) Aproveitei para pousar os três no chão e descansar três segundos, passe o pleonasmo. Não sei se pelo cansaço ou se sou mesmo assim, devo ter achado que, se pusesse o saco que se estava a rasgar num só braço e os outros dois no outro, o esforço era menor para o que se estava a rasgar, e então não se rasgava tanto. Eu também tenho os meus momentinhos louros. Claro que rapidamente percebi que o raio do saco se ia soltar da alça até ao carro e eu ia partir a loiça toda no meio da avenida. Outra vez no chão os três sacos, resolvi meter o rasgado debaixo do braço e os outros dois na mão do outro braço, mas tal também não se revelou possível, pois num deles estavam os pratos rasos, que são os maiores, que são os mais pesados, e eu não ando no ginásio há décadas para ganhar músculos desses. Pronto, resumindo: o rasgado ficou na sovaca, um dos outros na mão desse braço e o outro na outra mão. 
Conduzi com o máximo cuidado até casa, evitei colisões e curvas acentuadas, e chegaram os trinta e seis lindinhos inteiros e perfeitos.
Estava a pô-los na máquina, que isto dos pratos é como comprar cuecas, dei uma traulitada com um deles e lasquei-o. Copo meio cheio? Ao menos não foi um raso. Copo meio vazio? Podia ter sido um de sobremesa. 
Anyway, enchi-me de nervos e de cola, porque achei que a Supercola 3**, aquela cola que é cuspo nos materiais e sutura cirúrgica na nossa pele, me resolveria o assunto. Não resolveu, tenho os dedos cheios de cola e Ai-fostes não me reconhece a impressão digital. (Criminosos, escutai-me, que eu não duro sempre: quereis criminar sem deixar impressões digitais no local? Supercola 3 nas pontas dos dedos e nunca mais ninguém vos agarra.)

* NMPPI
** Ninguém me paga para me calar


2 comentários:

  1. Caracoles LB, a senhora é pesos pesados, e depois vem para aqui dizer, que nem tem muitaforça e báu, 36 duma vez, que é bom para a tosse.

    eheheheh
    Boa tarde


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    1. A senhora da loja a duvidar que eu fosse capaz, dei-lhe a resposta que lhe dou a si, noname: “Eu tenho quatro filhos, faz ideia do que são as minhas idas ao supermercado ‘só para comprar uma coisinha’?” :)

      Boa noite :)

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