Então, acabara eu de tomar lugar numa fila, acompanhada da minha criança mais velha, não sem antes termos sido advertidas pelo segurança de que devíamos desinfectar as mãos e manter a devida distância dos humanos da frente, já eu me considerava muito bem instalada aguardando a nossa vez, mirando o horizonte dianteiro e traseiro com vista a perceber quantos faltariam e também quantos esperariam mais do que nós, quando chegaram duas namoradas, que não só se nos colaram às costas, como também se colaram uma à outra, nuns meles efusivos de dar gosto a uma fábrica de cola. Ora, se a memória não me falha por muito, já aqui afirmei bastas vezes que tenho zero preconceito com as sexualidades de cada um, professo mesmo a fé de que cada qual deve levar ou meter-se onde mais lhe aprouver, desde que 1. O faça com consentimento do(s) outro(s); 2. Seja feliz; 3. O faça dentro de portas. A mim encanitam-me essas manifestações de afectos/ tesões/ lá o que é, porque fora fazer chichi e cocó, não há nada de mais urgente que possa acometer um animal, e eu, por exemplo, não defeco no meio do passeio, daí que faço votos para que ninguém fornique na via pública, ainda para mais se se põe a resfolegar no meu cangote, como era o caso. No entanto, o que deveras me preocupava no momento, era a não distância que as duas guardavam de nós, somada ao total alheamento que o tal dito segurança da porta dedicava a este assunto. Fico sempre sozinha nas merdas. Bom. Percebi então que elas, lá no meio dos suspiros e dos abraços, falavam Espanhol (tipo “Ai, sí, cariño”) e, como não quis estar a repuxar das pontas da minha memória e já bastou o que bastou daquela vez, fiz um gesto largo com o braço, apontando para o chão, e ordenei: “Distância!”. Não sei se perceberam o motivo, mas afastaram-se num quase encarpado à retaguarda. E depois uma delas, mais macha, desatou a lançar-me olhares lascivos, enquanto voltava a snifar-se no pescoço da outra, como quem diz: “ O que tu queres, sei eu, ruga preconceituosa”, quando, na realidade, o que eu quero mesmo, mesmo, efectivamente, a sério, é adquirir o direito de enfiar duas chapadas a cada pita que, só porque se apanha longe do ninho, solta a franga e acha por bem desrespeitar todas as regras de civismo à custa da p. da bandeira do preconceito. Não peço mais nada senão isso. É pedir muito?
Ahahahahhahahahaha! Muy Bueno, coño!
ResponderEliminarAi, sí, cariño! :D
EliminarTu já viste a minha vida?
Que enguiço, mulher, vai à bruxa.
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EliminarPodes crer, tudo vem ter comigo. Ou sou eu a bruxa (?).
Tocou no ponto... também não sou preconceituosa,contudo, enerva-me malta que esfrega as suas preferências sexuais na cara dos outros e faz disso um ponto do curriculun vitae, só porque todos devemos aceitar e não discriminar. Parece que se passou do oito ao oitenta. Antes não saíam do armário, hoje, não saiem da via pública.
ResponderEliminarÉ que também podia ser um casal heterossexual, que para mim dava no mesmo. E que figura de pau-de-cabeleira/ segura-velas/ stalker fazemos, ficando ali especada a acompanhar, mesmo sem querer, o casalinho entusiasmado! Não têm casa, um quarto, um carro? Sinceramente, tolerância zero para exibicionismos.
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