11/08/2021

Esta praia tem ursos *


Imagina o que será estares na praia e aparecer lá um urso. Polar. Ao menos que fosse pardo. Ou panda, por Deus.

Já assisti, nesta longa e surpreendente vida que já vivi, a fenómenos vários, desde o dar à costa do cadáver de uma tartaruga gigante, até à passagem de três golfinhos, em que a parte melhor do inesperado “espectáculo” foi mesmo ver milhares de pessoas porem-se de pé, e, em uníssono, deslargarmos um “oooooh”, parecia um flash mob, ou uma cena do Sequim  d’Ouro. Também assisti uma vez ao desmaio de uma senhora que resolveu ir espreitar um corpo que tinha dado à costa após uma semana de desaparecimento. [Rolling eyes para ela, de cada vez que penso nisso.]

Agora, um urso, foi a primeira vez.

Assim desconfiada — não posso dizer que a medo —, já que o bicho se movia discretamente de vez em quando, primeiro a uma distância segura — não fosse encrençar comigo e sei lá —, assomei-me, e imagina, numa praia relativamente apinhada de gentes, então não é que o teddy dá em acenar-me? Foi o início de uma profícua, porém breve, amizade. Aproximei-me, confiançuda, e diz-me o animal assim: “Queres tirar uma fotografia comigo?”, eu ai é claro, vai de colocar-me diante dele, os dois de braços abertos, e clic.

A seguir, de forma dramaticamente inesperada, a nossa tenra amizade derivou para o campo do oportunismo, quando ele me diz assim: “Agora vai buscar um euro para me dares”.  Pronto. Mais uma relação sem futuro destruída. Eu a afastar-me, acenando adeusinho, ele, “um euro, um euro, um euro”, parecia o outro maluco.

* inspirado aqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário