06/04/2017

Apetece-me comemorar um dia nacional com o respeitoso e devido atraso

E, como não sei fazê-la, desta vez divido o texto para parecer que é o que não é.


Estava ali uma rosa de pano,  
castanha e linda, a rosa tombada.
Era falsa, por não ser verdadeira,
e ali jazia à má sorte no passeio.
Nem as pedras da calçada a choravam,
nem o pó da terra nela se ficava,
nem a sujidade a abandonava.
Peguei-lhe com cautelas,
sem espinhos, ela,
sem dor,
não a cheirei por sabê-la inodora,
não a quis para mim, por senti-la ilusória,
não acreditei nela, por vê-la castanha,
pois castanha não é rosa nenhuma sendo genuína.
Mas qui-la minha, sem a querer absolutamente,
dei-lhe casa, fiz-lhe lar.
E, amorosamente, finquei-a num vaso de pedras sem calçada,
descalçadas, descalças.
Falsas.


6 comentários:

  1. Anónimo7/4/17

    A beleza da Vida está realmente no saber apreciar as pequenas coisas, os sinais que vão aparecendo no nosso caminho. Tens essa sensibilidade em ti e isso é bonito de ver e sentir. Gostei. És Linda (Blue)!

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    Respostas
    1. Oh, qualquer dia sou conhecida na blogosfera como a que tem mais Anónimos (assim mesmo, com maiúscula — vénia) simpáticos. Não vale :)
      Obrigada!

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    2. Anónimo7/4/17

      Não sou a única anónima :)
      Muito bom o texto. Tenho andado com pouco tempo, mas não podia deixar de comentar.
      Bom fim-de-semana!
      AL

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    3. Não, mas ainda assim, perfeitamente diferenciada desde o início :)
      Também cá vem Miss Curvas como Anónima, agora já são três Anónimas simpáticas!
      Obrigada, AL :)
      Bom fim-de-semana também

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