29/09/2016

Eu vou dizer-vos o que é que, verdadeiramente, me irrita quando vou meter gasolina naquele posto

Não é chegar e ter que considerar as várias hipóteses de bomba onde parar meu boi: quero uma cuja pistola fique à direita, lado do depósito, pois aquela cena de esticar a mangueira em todo o contorno da traseira dele, dispenso. Além do que há umas que têm uma mangueira tão curta que ainda me vejo na contingência de ter que chegar o desgraçado à frente. Quero também uma que não me obrigue a pagar gasolina evologic, só por uma questão de princípio: eu ponho em o boi o que me apetecer, e não o que alguém por mim manda.
Não é esperar numa fila de pessoas que se perdem a comprar árvores de cheiro para o carro e pacotes de batatas fritas para o bucho.
Não é chegar à caixa e ter um funcionário a chamar-me menina a torto e a torto, a tentar impingir-me pastilhas e a cantar "Eu não sei o que é que te hei-de dar" em repeat.
Não é o ritual de carregar no botão do depósito, meter a mala dentro do carro, fechar e trancar as portas, abrir a tampinha, meter a pistola lá no buraco do meu bichinho e pôr a cara número três vou-fingir-que-não-acho-esta-cena-algo-porn.
Nada disto.
Mas aqueles últimos cinquenta segundos, que é o que dura meter os últimos cinquenta cêntimos de gasolina, gota-a-gota, cêntimo-a-cêntimo, são coisa para me deixar mesmo, mesmo nervosa dos nervos.

(Nota mental: quando ganhar o Euromilhões, tranco a pistola nesses últimos cêntimos e vou à minha vida. O próximo que os aproveite.)

2 comentários:

  1. Por isso, é que eu meto gasóleo! :p

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    1. De tractores, imagino. Não sei como é que nunca me lembrei dessa solução :P

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