Dizem os brasileiros que, quando se faz um silêncio numa conversa de grupo, é sinal de que passou um anjo.
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O primeiro, foi no momento em que ele, que sempre detestou sushi, quis provar, por amor a mim — por saber que eu gosto tanto, por ter consentido em ir a um restaurante de sushi por ser o meu dia, por querer partilhar comigo e perceber em mim o que é que tanto têm de especial aqueles rolinhos de arroz com peixe cru. Pegou nos dois pauzinhos, as vozes ecoaram que ia correr mal, afinal era a primeira vez, mas ele, mestre (Henriquinho), manuseou-os como se o tivesse feito sempre na vida, e levou um daqueles rolos à boca, certeiro. A minha voz disse, cheia daquele orgulho que me matará um dia, de tanto pecado,
Este já nasceu ensinado.
E fiquei a ouvir a voz da enfermeira, quando mo trouxe, todo vestido de azul, cabelo preto cheio de ondas de mar, para me ensinar a alimentá-lo — e ele, de cabeça voltada na direcção do meu corpo, boca aberta no ar, só esperou que o deitassem no meu braço, para receber o alimento que eu tinha para lhe dar.
Este já nasceu ensinado,
disse ela.
Fez-se ali um silêncio pequenino à mesa
(É quando passa o anjo)
Tiveste um pensamento bom, estás a sorrir sozinha.
Ele a mastigar o sushi, com o gosto de quem gosta, irresistível passar a mão por aqueles cabelos de mar negro, e chamar outra vez, mais uma vez, para sempre,
Mamão.
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Fui encontrá-la pequenina e inquieta, sentada numa roda de gente, alheada e minha — por isso a roubei para um canto, e desapareceu o mundo inteiro. Éramos nós, de mãos dadas como no meu primeiro dia que, afinal, foi o nosso dia um, de infinitos.
Uma mulher tinha acabado de lhe perguntar quem é que eu era, e vi-lhe os olhos em mim, responder,
Querida...
A mulher a insistir, a perguntar qual era o meu nome, e foi esse o momento em que achei que já chegava de nos fazerem doer, e fiz a mulher desaparecer, atirando-a para trás das nossas costas.
Hoje é dia 21 de Novembro, mãe.
Outra vez os olhos em mim, e um silêncio pequenino
(É quando passa o anjo)
Fez-se maior, o silêncio, quando nos envolvemos num abraço eterno — o mesmo que iniciámos no dia do meu nascimento —, um enlaçar de braços que não mais se desfez.
Fazer chorar não vale!
ResponderEliminarToda a felicidade do mundo para ti, Linda azul!
Beijoooooooooo
Não vale mesmo, nem tu mereces, Mary.
EliminarE reparto-a contigo, ok?
Beijos :)
Oh! Que pensamento tão bonito! Vou levá-lo comigo :) acabou-se a história dos silêncios constrangedores... a partir de hoje, são só anjinhos por ali :)
ResponderEliminarImagina numa reunião chata :)
Eliminar(Mas sim, o pensamento é tão bom) :)
Acho que anjos passarão sempre bem perto de pessoas como tu, minha Linda. Beijinho :)
ResponderEliminarOh, querida, e hás tu, também tu, meu anjo. Beijinhos :)
EliminarPuxa! Que lindos. Parabéns, que tenhas uma vida feliz.
ResponderEliminarObrigada, Be.
EliminarTambém quero que tenhas uma vida boa e bonita :)
Parabéns!!!! Grande beijinho.
ResponderEliminarObrigada, Me :)
EliminarBeijinhos
Querida Linda Blue,
ResponderEliminarNão venho atrasado, apenas deixei passar muitos anjos. Dois dias de anjos, para si. (Estou perdoado?)
Felicidades!
Beijos,
Outro Ente.
Querido Outro Ente,
EliminarNada atrasado, tenho-o como um cavalheiro. Ainda para mais, quando declara que me traz tantas asas abertas. (Era preciso que houvesse pecado.)
Obrigada.
Beijos,
Linda Blue.
Porra pá... Grande texto.
ResponderEliminarSe não te referes ao tamanho, obrigada :)
EliminarSe sim, olha, concordo.