Mais ninguém no mundo é tão alérgico ao metal como eu. Nunca conheci ninguém tão alérgico (portanto, não existe). E o metal está em tudo na vida, facto do qual só nos apercebemos quando nos toca (é uma alergia de contacto, pois) uma cena tão bem apanhada. Não posso mexer em moedas, chaves, puxadores de portas, torneiras, duches, cabos de talheres que não sejam de plástico, tesouras, agulhas , pregos, porcas (logo eu), clips, agrafos, botões das calças, fivelas dos cintos e das sandaletes, toda e qualquer bijutaria que não seja de metal precioso ou de plástico e, mesmo nesta, desde que não tenha o fecho em metal. Nem sequer posso abusar dos enlatados (ah, atum, atum...). Até o varão dos transportes públicos me faz comichão, logo, a dança do varão está-me cruel e injustamente vedada. Coço-me. Encho-me de borbulhinhas, soro, pus, merda. Só é bom porque posso dizer que nasci para princesa, mas com tiara de ouro a sério ou então de plástico, como as das princesas Disney.
Andava eu a coçar as pálpebras superiores há umas semanas para cá quando descobri uma prega num dos olhos. Lá fiz a minha reza Pá, se tens que me dar as rugas, ao menos dá-mas simétricas. Quando estava em plena oração, estava igualmente em plena maquilhagem. Foi quando pus o enrolador de pestanas - eu queria tanto ter as pestanas iguais às das minhas pretas - que percebi de onde vinha a comichão e a prega/ruga.
Deus deve existir. Eu a pedir-lhe que me dê rugas simétricas e ele não só a não mas dar, como também a guiar-me no caminho da luz. Aleluia, irmão.
(Entretanto, procurei solucionar o meu "problema" numa perfumaria perto de mim, onde a funcionária se recusou a vender-me um enrolador não metálico Para quê, a senhora tem umas pestanas tão grandes! [Explico-lhe a diferença entre grandes e enroladas?])
Deus até pode existir, mas acha que eu sou parva.
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