Num universo de dez pessoas que partilham o espaço da fábrica-mina-oficina onde trabalho, só duas não usamos óculos ou lentes. Atendendo a que, dos dez, só dois são homens, há seis gajas a terem que pôr aquilo na cara ou pelos olhos adentro todos os dias. É muita gaja ressabiada. É muita chata para aturar. Todas e sempre à espera de nos ver - a mim e à outra sortuda - cair em contradição e em desgraça e, com certeza, ir marrar com os cornos numa parede por não a termos visto. Acham que é por vaidade que não usamos óculos. Não percebem o que significa uma boa genética. Como se fosse possível alguém fazer uma vida normal não vendo um palmo adiante do nariz. Há bocado tive que dizer a uma delas: Estou tão farta dessa conversa que qualquer dia trago uns aros, mesmo sem lentes, só para vos calar.
Chatas da porra.
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