O que eu fui fazer outro dia foi uma lipoaspiração abdominal. Não tenho que vos esconder isto, primeiro porque vocês são uma ou duas pessoas (a contar comigo, darão umas três, no máximo), segundo porque não me conhecem. Ah, e terceiro, porque se defecam para o assunto. Fora o quarto, que é o facto de eu me defecar na mesma proporção para aquilo que vocês ficam a pensar disto aqui. Bom, na verdade, aquela coisa nem se devia chamar abdominal, porque nem foi bem ao nível do abdómen, foi mais abaixo, já a chegar ao pipi. Estava a ficar com um pipi tão gorducho que achei melhor mandar aspirar aquilo, não fosse destoar do resto da maravilha. O procedimento exige que a pessoa que está no papel da aspirada seja injectada com um líquido, que depois é chupado, juntamente com a banha. O líquido é encarnado porque se mistura com algum sangue. Por melhor que o médico saque as duas coisas, muito fica a escorrer pelos buracos assim que a broca nos é retirada da pele. A mim tinha que me calhar um episódio dantesco, assim contado: dirigi-me à porta do edifício para esperar que chegasse a minha boleia e comecei a sentir as pernas muito molhadas. Muito molhadas, já disse? Os collants, que eram pretos, rapidamente tingiram de encarnado. Os sapatinhos a ficarem ensopados por dentro. Então decidi voltar à clínica, tendo deixado um rasto de pegadas vermelhas pelo hall de entrada do edifício, no tapete do elevador, no tapete da entrada da clínica e depois pelo corredor fora, até ao bloco. Pegadas encarnadas, uma cena muito thrillosa. A parte gira foi eu de pé, a enfermeira a lavar-me a perna direita e o anestesista - novo e giro - a lavar-me a perna esquerda. O sortudo, ficou com a minha perna mais bonita. Depois a enfermeira deu o serviço por terminado e ele continuou a lavar a minha perna esquerda. A lavar. A lavar. Até eu dizer, quase a cantar "♪Parece-me que já está bom, senhor doutor♪", senão, se calhar, a esta hora ainda lá estávamos...
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