05/11/2014

Os pepinos. E eu.

É do que estão à espera que eu fale, não é?

Pois bem. O embaraço descrito no post de ontem estende-se, naturalmente, a toda a comida fálica. E que é muita. Se, em regra, não me deparo com dificuldades na escolha das bananas - sai um cacho do cordel onde estão penduradas, após breve e discreta análise dos elementos, um a um -, já com os tomates (aqui posso dizer no plural, tomates, tomates. Os tomates) só não há problema porque um dia, farta de chegar à mercearia e, vermelha que nem um, e perguntar:

"Ó senhor António, tem tomates?", ter havido uma alma caridosa que me disse: "Pergunta no singular, não cai tão mal. 'Senhor António, tem tomate?'". Grande ensinamento. É a partir destes que a sociedade evolui. E evita um pouco aquele brilhozinho no olhar do senhor António, de chama que ardeu em tempos e se encontra agora quase extinta (merda, que bonito).

Mas o pepino, propriamente dito, é fruto capaz de fazer com que a compra me cause torturas antecipadas. Porém, o passar dos anos, a prática, e alguma descontra que se vai adquirindo por um e outro motivos (e, logicamente, pela absoluta necessidade de comprar pepinos - eu já explico. O rapazinho aí atrás, que se está a rir, rua), já ditaram que uma pessoa se chegue à banca da fruta e diga, assim, a seco: 

"Ó senhor Avelino (é outra mercearia, não me cansem), ajude-me aqui a escolher os pepinos (é a liberdade total, com o pepino posso usar o plural em paz. Pepinos, pepinos). É que eu não sei. Quer-me ensinar?". E o senhor Avelino, pacientemente, explica, pela enésima vez (aproveitem agora, que eu não duro sempre) que o pepino não pode estar murcho (pá, não deve parecer uma esponja. Heh, a menina que está na segunda fila a fazer gestos com as mãos, prá rua), que a casca deve ter bastantes piquinhos e que os maiores não são os melhores. No fundo, ele sabe.

Já agora, vou-vos ensinar como é que se escolhem boas meloas. Apalpam-se (não podem estar muito rijas nem moles demais) e cheira-se-lhes o olho. Os dois olhos. As meloas sabem ao que cheiram.



Mas não vos vou contar que este Verão me descoordenei nas escolhas, peguei na meloa e cheirei-a, e depois peguei no pepino e... também... pois não?

(talvez fosse melhor eu passar a ir à mercearia com uma companhia adulta)

Eu vinha aqui contar-vos o meu segredo da eterna juventude, mas já não me encontro capaz. Ide ver. Isto é absolutamente verdade.

9 comentários:

  1. Pepinos não como. Não suporto e dão-me a volta às entranhas. Já meloas... É até só restar a casca! Até o sumo eu sugo! Sorvo! Bebo! Whatever... :)

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    1. Ó pá, vocês são piores que eu. Quando não falo em cocó, vêm para aqui falar das vossas tripas!

      Sugas, sorves, bebes, ótever? Define ótever.

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  2. São tuas, essas meloas?

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    1. Claro.
      Estava a ver que ninguém apreciava a trabalheira que tive a arranjar retrato tão perfeito delas. Obrigada.

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    2. Tens aí uma bela fruta. Obrigado eu pela trabalheira que tiveste.
      (e as fotos para o meu tasco? O mensageiro, onde está?)

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    3. Concordo. Sabes lá, estou a pensar em fazer um workshop de contorcionismo.
      (não percebi a associação de ideias. Olha, eu acho que o Paulão e o Pedrão têm dado conta do recado. Chegam exaustos ao fim do dia. E com um sorriso um bocado parvo)

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    4. Não há associação nenhuma. Mas como tiraste às tuas meloas, também podias tirar as prometidas para o tasco..

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    5. Chegaram agora os jagunços. Deixaram o meu book no teu Tasco, em cima das pipas da entrada. Publicas tu ou publico eu?
      (nem quero imaginar o que é que fizeram ao mensageiro. Vem a cantar "Touch me" com voz de barítono. Brutos)

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    6. É isto:
      https://www.youtube.com/watch?v=RhlJZdQDz5E

      Chamei-lhe "Touch me" porque ele não se cala com o refrão...
      Touch me
      It's so easy to leave me
      All alone with the memory

      (e é isto a minha vida)

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