Naquela passadeira está uma grávida, a caminhar. Vai ter uma menina.
[Tenho sempre a mania que é uma menina que está dentro das barrigas. No meu caso, só falhei uma vez em quatro.]
Como é que ela aguenta a peruca no ginásio? Aquilo quase nem dá para fazer rabo-de-cavalo...
[É um fenómeno no qual tenho vindo a reparar: as mulheres negras usam perucas de cabelo liso — geralmente, preto —, que hão-de ser suportáveis em muitas ocasiões, mas, no ginásio, a fazer esforços, e com o calor que tem estado...?]
O médico mandou estas duas exercitarem-se, e elas vêm juntas, já exaustas antes de começarem, para não desistirem antes da primeira vez.
[O "mal" nem está tanto na postura com que chegam. O semblante de quem já atravessou o corredor da morte é assim qualquer coisa de tirar o fôlego a quem já o está a perder de cansaço.]
Socorro, vai rebentar a variz àquele senhor!
[Se já me custa perceber que as mulheres aguentem as pernas com varizes — mas o espírito de sacrifício, próprio do género, pode explicar alguma coisa —, num homem não entendo de todo. Pois, se eles gemem à mínima dor, que se torna insuportável e excruciante em menos de um pum, que direi de varizes? Ah, o medo da operação, é verdade. Podem morrer da anestesia, e cenas.]
Olha que miúda tão gira, e corre tão bem. Não sendo magra, tem um corpo tão bonito.
[Miúda mesmo, uns vinte anos de idade. (Conforme sabeis, eu não chamo miúda a mulheres dos trinta para cima. Cá preconceitos.) Haja exemplos de pessoas que, não tendo o esqueleto todo à vista, são bonitas, harmoniosas e manifestamente saudáveis.]
Aquele musculado-depilado-bronzeado não pára de olhar em volta, porque precisa de ser visto.
[Este tipo de prototipo deixa-me nervosa. E falam alto, e fazem a comunidade saber que ontem não foram à praia, e hoje também ainda não, dando a entender que estão em síndrome de abstinência da manutenção do seu ar plástico.]
Coitado do jovem, tem a t-shirt tão suada e ainda agora começou. Terá problemas de sudação? Serão as hormonas? Digo-lhe daquilo do botox?
[Claro que não digo nada. São as hormonas. E eu não sou mãe dele.]
Olha, aquela deu em chicotear o chão com um par de cordas pesadíssimas. Não pode com uma corda pelo rabo, quanto mais içá-las. Sou tão má.
[Às vezes, os PTs arranjam exercícios tão inúteis quanto parvos. A mim ninguém me põe de gatas nem a dar pulinhos ridículos, quanto mais a agarrar duas cordas da grossura de uma jibóia e sovar com elas o pavimento. Mas isto, cada uma sabe de si.]
Imagino o que pensam de mim, em compensação.
O que é aquilo?
é tão estranho ler o teu post, linda... há dias escrevi algo do género, depois de observar os outros, terminava perguntando-me o que observariam os outros em mim (ou se lhes seria invisível). às tantas, embrulhei-me de tal forma que eliminei tudo (já lá vai o tempo em que guardava todos os rascunhos ;)
ResponderEliminarum beijo
Foi pena, flor, porque não vejo possibilidade de algum dia escreveres qualquer coisa que não seja publicável, mesmo que um "embrulho".
EliminarMas olha que eu penso muitas vezes nisso: sou invisível? Sou estranha? Sou o quê?
Um beijo para ti, querida
Parei na parte em que falam alto e toda a vizinhança sabe o que fizeram ontem, no mês passado, há dois anos... Baixem o volume, bolas, é fácil!
ResponderEliminarEsse espécime ruidoso está um pouco por todo o lado. Valha-nos uma leve surdez selectiva...
EliminarE quero imaginarno q pensam os outros de mim...já eu faço tantoa filmes sobre os outros. Tenho tantas teorias jasus...
ResponderEliminarEu não quero imaginar, Me. Metia-me na cama a ansiolíticos no próprio dia! :D
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