Fui à praia. Já tinha ido este ano, mas não conta.
Até ia contente, a estrear um bik — embora, má ideia, branco sobre uma pele que ainda não é bege decente —, o percurso foi na paz, apesar de o estacionamento já ter envolvido algumas batalhas, porque eu acho sempre que o meu carro, assim como eu, não cabe em lado nenhum. Mas isso é problema meu.
Bandeira amarela, mar de gentes a perder de vista, mas eu, ao contrário do carro — que tem a mania que não cabe em lado nenhum —, arranjo sempre lugar num cantinho qualquer invisível a olho nu, mas que, e talvez por isso, até oferece alguma invisibilidade à (quase) nudez em que me encontro.
No caminho para o mar, meti o pé numa argola qualquer em forma de buraco, caí de gatas e doeu-me logo o orgulho, que ficou feridíssimo. Um joelho esfolado, sem dor, mas com ardor do mar salgado. (Se fosse o Cristiano Ronaldo, esse mesmo que agora parece querer povoar o Mundo mais do que eu, já estavam a accionar o seguro e a bombar na fisio, e cenas.) O pior foi a posição de rabo para o ar, ou melhor, para o povo. Então não podia ter caído no regresso, virada de frente para a plateia? Não, não podia. Isso era se fosse outra pessoa.
Água gélida, mas o calor da vergonha ajuda à coragem, e vai de mergulhar. Tinha menos um brinco, quando emergi. Comprei-o em Olhos d'Água, uma localidade que o mais belo que tem é o nome. E também tem mar.
Crianças impacientes, pais desesperados. Uma miúda que quis porque sim jogar à bola nos escassos trinta centímetros que separavam a minha toalha da dos adultos que a acompanhavam. (Nunca percebo muito bem os parentescos de alguns grupos.) Uma outra que levou os pais ao limite, incapaz de lidar com os irmãos, e ainda se pôs aos berros, a chorar (?), porque, imagine-se, o pai a pôs de castigo. (Quieta e calada, deitada na toalha, olha a ofensa, olha a violência sobre a selvagenzinha.) Pus-me a pensar que "eles" dão muito trabalho quando são pequenos, mas nada se compara às guerras de nervos do final da infância e da pré-adolescência, que consegue ser mais requintada do que a própria adolescência.
Em resumo: estacionamento difícil, bandeira amarela, mar de gente, queda, brinco perdido, ambiente incomodativo.
Cômputo geral: valeu tanto a pena.
E a pós-adolescência? Ui....
ResponderEliminarImbuem-se da verdade absoluta e nunca mais nos devolvem o bebé que nos levaram...
EliminarPortanto,um começo de praia igual a tantos outros ?? E eu com a praia aqui ao lado e não gosto nada ?? Deus dá nozes a quem não tem dentes, é o que é ;)
ResponderEliminarBeijinhos Azulinha
Miss
Sim, nem há variações de ano para ano...
EliminarAi, que desperdício, Miss Curvas :)
Beijinhos
On the bright side?
ResponderEliminarBom dia Linda (not so) Blue.
Always on the bright side, even when I'm in the dark, or feeling blue.
EliminarBom dia, Outro Ente.
Ainda bem que valeu a pena. Gosto de praia (e de campo, já agora) mas por vezes fico aborrecida com a gritaria e comportamentos duvidosos da vizinhança. É o que temos, eu sei.
ResponderEliminarAinda não fui, apesar de...
Eu também gosto de campo, mas aguento, no máximo, uma semana. Preciso de agito, ruído, caos.
EliminarMas não da gritaria + areia pelo ar + água salpicada + famílias sonoras...
Os encantos da praia em dias de romaria! (também tenho saudades do meu bebé)
ResponderEliminarBeijocas, Lindinha:)
A diferença de uma praia com pouca gente, e a que está, é silenciosa... nunca mais vou conseguir habituar-me ao chavascal.
Eliminar(e nunca vou habituar-me a não ter os meus bebés)
Beijocas, Mary :)