Pintar a vida de todas as cores

Estava ali a responder à grande Mia, que tem os melhores Desabafos desta blogobola, quando me senti investida deste espírito - porque as boas vibes se transmitem (obrigada, Mia!) - e me lembrei que até tenho uma t-shirt com este título/slogan/mantra.

   

Primark, do ano passado, cerca de, vá, 4 euros 

Bem sei que é amarela, cor atribuída aos malucos, embora eu, a pessoa emocional e psiquicamente mais saudável que conheço, goste de amarelo.

Depois lembrei-me que as cores todas são o que nós quisermos fazer delas. 

Por exemplo, eu gosto de azul. Azul não é, sequer, uma cor, para mim. Azul é a vida, é o ideal de tudo, é esta vontade de que o mundo fosse todo a azul e azul - e não azul e branco, como nas fotografias a PB. Bem sabia o Criador o que estava a fazer quando pintou o mar e o céu, não tendo inventado cores diferentes para um e para outro. 

É tão consensual, o azul. Não existe azul triste, nem azul pálido, nem azul velho. O mais menos feliz que existe é o azul escuro, cor do céu à noite, ora façam-me o favor, que sublime que ele é.

Já o amarelo, podemos vê-lo pálido, macilento, ou vivo, torrado. Podemos ver nele a cor da doença, um cheiro mau ou o sol.

O cor-de-rosa, pode ser pálido, claro, velho, choque, bebé. Tanto nos pode trazer a nostalgia de um velho veludo como as roupinhas de uma menina acabada de nascer.

O verde, seco, vinho, alface, relva. Evoca-nos a memória de uma garrafa bonita, ou o cheiro de quando nos deitámos na relva, naquele dia em que chegámos a casa cheios de verdete na roupa e a alma regada de fresco.
O vermelho, o clube do coração, o coração inteiro, a paixão, o sangue.

O castanho, claro, escuro, terra, amêndoa. Uns olhos tristes, a terra. 

O cinzento, claro e escuro. 

Até o preto, pode ser antracite, negro, asa-de-corvo. Ou fúnebre.

O branco, pode ser sujo, pérola, neve.

O azul, não. O azul é azul. Até tem o tom azul-azul (inventei eu). É por isso que nem devia ser considerado uma cor. Está em todo o lado, em todas as coisas, basta senti-lo, nem é preciso vê-lo. Estou, aliás, profundamente convencida de que os cegos também o veem. 

O pior cego é mesmo o que não quer ver, azul.