Arranjo uns duendes — têm que ser duendes — para me fazerem as malitas de viagem, mas meterem no carro, mas retirarem de lá à chegada ao destino, mas desfazerem e arrumarem tudo em compartimentos muito bem compartimentados tipo IKEA, as meias por cores, os vestidos por tons, os sapatos por fases da vida.
Vou de férias, meu povo.
Encontro-me exaurida. Quis meter o Rossio na rua da Betesga e ele não coube lá dentro. Fui empurrando a feitura da mala para a tarde, depois para a noite, são estas belas horas e não a fiz. Pior: pus tudo o que pretendo levar em cima da cama, o que, para além de não me ter adiantado na mala, ainda me impede de ir dormir. Pondero sinceramente ir dormir para o sofá, ou numa cadeira qualquer.
Este ano, viajamos num autotanque emprestado, porque o nosso deu-lhe o Ipiranga. Vamos numa coisa que atende pelo nome de Espace, o que, naquele caso, é um eufemismo: o gnu é imensamente espaçoso, mas ao nível do tablier. A distância do volante ao vidro dá para encaixar três pranchas de surf. Mas não tem mala, já que os dois bancos de trás encostam ao vidro traseiro. Por isso, temos ordens expressas e superiores para levarmos o mínimo indispensável.
Longe e loucos vão os tempos em que levava mais biquínis do que os dias de férias que ia gozar. Só naquela. Para ter panóplia, cardápio, paleta. Reduzi ao máximo a quantidade de roupa que gostaria de levar e, mesmo assim, acho que não vai caber naquele carro. Falta-me o saco com sapatos, que não consigo encolher nem que me encolha eu toda. Mas os mínimos são as havaianas (que não podiam ser mais grossas), as Fly (para o conforto, e são igualmente gordas), a sabrina para os dias em que me sinto uma Floribella, a sandalete high heel para os dias sim e o téni One Star, para os dias em que me sinta one star. Ora, só isto é motivo para:
1. Ter que levar o saco da sapataria ao colo a viagem toda;
2. Ter que enviar o saco da sapataria para mim mesma, via CTT;
3. Ver-me obrigada a apanhar a camionete e mandar o saco da sapataria de automóvel;
4. Ser compelida a reduzir nos xanatos e ter que amuar um niquinho;
5. Ir descalça, por uma questão de atitude, que também a tenho.
Amanhã, depois de uma noite mal dormida, e de (ou quando já devia ter as) malas à porta, decido a melhor estratégia a adoptar. After all, lá dizia a Scarlett, essa grande O'Hara. Ou era Tara?
Então, pões os sapatos no lugar das pranchas de surf e segues com aquele feeling de que és dona de uma sapataria e a tua montra o tablier.
ResponderEliminarBoas férias!
Não sei como é que não me ocorreu essa solução. Aliás, podia ter trazido o dobro da roupa! Para a próxima queixo-me mais cedo.
EliminarObrigada, Be!