04/04/2017

Sempre Mulher, eu e elas


Cá estou para, num registo muito blogger, relatar a minha participação na Corrida Sempre Mulher:
Aos primeiros cinquenta metros da caminhada, já me arrependia de ter envergado uma legging preta, pois que o sol me sovava violentamente o pernil, e isso era coisa para aleijar. Mas, ao som de "Because I'm happy", que estereofonava no ponto de partida, lá segui, levemente frustrada pelo facto de não haver um tiro de partida que troasse pelos céus dos Restauradores, profundamente conformada por ele também não ter sido disparado para as atletas da corrida. Afinal, tratava-se de uma corrida amigável, como aqueles jogos de futebol, cá agora tiros.
Ainda assim, foi em modo fortemente atleta que dei início à caminhada da minha vida. Provavelmente, já terei feito outras maiores, mas não (ainda) com o significado desta. O cancro da mama já me levou gente, alguém insubstituível para os meus filhos, e eu não quero que me leve mais ninguém, nem a ninguém mais.
O ambiente da caminhada é de festa e alegria, transversal a mulheres de todas as idades, pelo menos até aos setenta e muitos, desde os poucos meses (muitos carrinhos de bebé), algumas ainda com o cabelinho curto, algumas com o lencinho, algumas com a peruca, mas todas com a mesma força de que só assim, juntas, venceremos o monstro. Muitos homens e rapazes, uma ou outra cadeira de rodas, cães também, mas todos com a t-shirt da união, muito ruído de vozes e gargalhadas, nem um único palavrão ao longo de todo o percurso, nem a palavra tenebrosa que nos moveu a todos para ali, nem um ai. E éramos mesmo dez mil. A avenida ficou pintada de cor-de-rosa até perder de vista, que se perde ao longo de um quilómetro.
Enquanto se sobe a Avenida da Liberdade, acompanha-se bem o ritmo da multidão, mas uma vez na Fontes Pereira de Melo, e depois na Avenida da República, já só apetece acelerar. Se, por um lado, não me atrevo a pensar em participar na corrida — pelo menos sem antes treinar bem —, por outro, a caminhada é uma pasmaceira a partir de meio. Vou sugerir à organização uma competição intermédia para preguiçosas e impacientes como eu: a da corridinha.
Mesmo assim, atingi o tempo record (porque nunca tinha participado em nenhuma) de uma hora, dezanove minutos e cinquenta e seis segundos.


Na verdade, foi um nico menos, mas tive que parar, ligar chico-smart, ligar a câmara, disparar, enfim, nesse procedimento todo posso ter perdido cerca de nove segundos.
Dei por bem empregue aquele tempo, resta-me agora competir com o meu próprio resultado, numa próxima, e atingir os meus mínimos olímpicos. Além disso, vim de lá com uma cor linda.
(Nota mental: equacionar uma caminhada destas aos domingos de manhã, em substituição de uma ida à praia. Chumbo por chumbo, bronzeia na mesma...)

6 comentários:

  1. Quando li o título, li Super mulher, ao invés de sempre. No singular ou no plural, poderia bem ser.

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    1. Nesse caso, no plural, sempre :)
      O correcto seria "Sempre Mulheres, elas e eu", ou "Sempre Mulher, eu (e elas)", mas isso perverteria o nome da corrida, e assim a intenção mantém-se.

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  2. Anónimo4/4/17

    Também perdi recentemente uma pessoa, uma guerreira. Maldita doença!
    Gostei de saber da tua "aventura". Fizeste muito bem participar.
    Em relação às caminhadas matinais, ando a tentar caminhar na praia ao fim-de-semana mas bem cedinho (Quando acordo a horas decentes). :) Disciplina!
    Beijinho Linda

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    1. Há que não lhe dar tréguas, a ver se quem desiste é ela...
      Eu vivo a 30 km do mar, não me dá jeito ir caminhar por ali. Tenho que estudar um percurso de 5 km, se quiser começar, e aos poucos, quem sabe, entusiasmar-me com a corrida :)
      (É isso, disciplina :))
      Beijinho

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  3. Anónimo4/4/17

    Boa! :) Por hoje fico por aqui, pouco tempo disponível.
    AL

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