25/04/2017

Errar é desumano

Isto vem um bocado a propósito do post de ontem.
Perco a conta ao número de erros, enganos, lapsos, gralhas e artoadas no Português que vejo e ouço todos os dias. E é muito raro corrigir ou chamar a atenção, sobretudo se estiver em público. Reservo-me aqui para o blog, para a cobardia do anonimato que é um nick.
E logo eu, que tenho a PDM com a minha língua tão amada (não me refiro ao órgão), e que também erro? Incrível, também me engano. Também escrevo e digo coisas que só me dão vontade de me açoitar. (Tenho intimidade comigo para isso, nem sequer preencherei os requisitos do crime de violência doméstica.) Ainda outro dia, neste post, escrevi dizimação maciça em vez de dizimação massiva. Mea culpa, sei perfeitamente que maciço é uma qualidade de alguns materiais (e não, não fui ver à nettinha, porque, errrr... sei.) Também não foi preciso que alguém me mandasse mail a avisar do erro, ou pusesse num comentário. Simplesmente, como veio, o erro foi. Horas depois, deu-me aquele vaipe — ahhhhh! —, e corrigi, em pleno semáforo vermelho.
Diz que errar é humano. É. Fico, assim, muito mais descansada.
Mas persistir no mesmo erro é que já não é. É qualquer coisa de irracional, no sentido em que não existe um processo de raciocínio entre um engano e outro. É quase, regressando placidamente ao meu exemplo, como na violência doméstica: à primeira és vítima, à segunda já és cúmplice. Quando cometo pela segunda vez o mesmo erro, posso ser apenas uma pobre vítima cúmplice da minha própria estupidez.
Assim como errar sistematicamente, também não é nada humano. Lembra os bois, incapazes de entrar no curral, incapazes de largar as traves, embora elas até os aleijem de cada vez que lhes marram. 
Vem tudo isto também a propósito de gente que se engana e pede uma explicação, que lhe é dada totalmente de graça, sem smileys assim :) ou assim :P, sem qualquer espécie de emoção nas palavras, já para não entrar "ruído" no recado, e ainda se amofina que os outros são todos uns arrogantes e que julgam que sabem tudo e que nunca erraram, e o genitalinho a sete. 
Gostava de saber como é que estas pessoas um dia sequer conseguiram lidar com professores, há muitos anos, quando andaram na escola (andaram?). Também lhes chamaram arrogantes de cada vez que lhes foi dada uma explicação — aí já não totalmente de graça — sobre onde é que estava o seu engano e qual a melhor forma de o sanar?
Deve ter sido. Assim, de facto, ninguém aprende coisa nenhuma.
Ámen, porra.


6 comentários:

  1. Anónimo25/4/17

    Sou anónimA, gosto do teu Blue Blog e ouso comentar, fiz uma questão há dias relativa a uma junção de palavras que podemos considerar ou não gralha e fi-lo descontraidamente e sem maldade, uso :), e sei perfeitamente que também erro, aliás, vou mais longe e assumo que nem sempre faço bom uso da vírgula. A vírgula sempre me enganou e não só andei como frequentei não uma mas várias escolas, chegando a assistir a aulas em que a apresentação nos chegava com erros, de forma escrita ou oralmente. Inevitável mas errar é Humano, desde que estejamos atentos e tenhamos interesse em aprender, evoluir diariamente.

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    1. Ah, lembro-me perfeitamente :)
      Não levei nada a mal, até agradeço que me corrijam. Também o Silent Man me corrigiu o "scrolling eyes" para "rolling eyes", e vê lá se eu não publiquei o comentário dele. Fosse eu a arrogante que às vezes pareço ser e corrigia o erro sem publicar esse comentário nem responder-lhe.
      E olha, as vírgulas são a minha tormenta. Acho que as coloco bem, mas assisto cada vez mais ao seu desuso, tanto que eu própria já deixo cair muitas que sei que era "ali" que deviam estar :)
      ("Culpa" da short message e dos chats?)

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  2. Anónimo25/4/17

    Já reparaste que o meu nome do meio é "calinadas" ? Mas sou feliz assim, o que é querem ?? Amén,catano :)))
    Beijinhos Azulinha
    Miss curvas

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    1. Nunca reparei nisso, Miss Curvas. Há aí um lapsus que me está a escapar :)
      Haja saúde, que isto dos erros tem a importância que tem. Desde que não se marre sempre no mesmo, claro :)
      Beijinhos

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  3. Há 20 anos, tive um formador na àrea do direito civil que nos descontava 0, 5 pontos, por cada omisão o erro na colocação de dívidas.

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    1. Só não te digo que era eu porque não podia ser. Mas percebo-o perfeitamente. Há casos que só ao estalo (vá, eu não disse isto).

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