03/01/2017

Por falar em carros

Conduzi, pela primeira vez na minha vida — e pode também ter sido a última, daí que a aproveitei ao máximo —, um carro com caixa automática. O rapaz do stand insistiu tanto, que eu, tímida de início, resistente de seguida, encurralada resignada corajosa por fim, sentei-me ao volante e vai de acelerar aquilo. Nem parece que uma pessoa está a guiar um carro. Botãozinho de start and stop, manete que só vai para a frente (pára tudo) e para trás (anda lá com isso), é só acelerar, que o bicho sabe quando meter as velocidades, e nunca, nunca se vai abaixo. A maior confusão é a falta do pedal de embraiagem, que, a bem dizer da verdade nua e crua, não devia existir em carro nenhum. Era eu a pessoa que professava até hoje a teoria de que os carros trazem demasiados extras, e que esse pedal era um deles.
O homem disse-me "Esqueça que tem pé esquerdo" — o que não foi fácil, tendo em conta que o meu pé esquerdo é mais bonito do que o direito —, pelo que eu, já lá dentro, concluí que a posição, se não recomendada, pelo menos ideal, é a de meter o pé debaixo do rabo, ou a perna presa ao retrovisor esquerdo (ou assumir que as possibilidades são infinitas),


porque as tentações de carregar na embraiagem, as vezes que o pezinho delicado andou para ali a tactear à procura, foram demasiadas para quem fez um tão pequeno percurso de autoestrada. Também amandei a mão direita à manete, à chegada a uma rotunda, mas foi só para verificar que ela ali estava.
Se fiquei fã? Fiquei, mas preciso de meter mudanças, conduzir eu o carro, saber que comando. Além disso, veio-me à memória um velho trauma de infância, relacionado com uns carrinhos a bateria que existiam numa pista de mini-karts no Jardim Zoológico, em que eu...
* À uma, não consegui vez e fiquei a ver os outros, sis incluída, a acelerar à doida;
* À duas, consegui vez e o encarregado entendeu que eu era demasiado pequena (tipo em tamanho, altura, volume, essas coisas) e expulsou-me antes de me atribuir o veículo;
* À três, consegui vez num automóvel que avariou passado um minuto e não houve gritos nem braços no ar que fizessem o brutamontes reparar em mim. (A transformação em cisne deu-se mais tarde);
* À quatro, foi-me dado um carro que fiz colidir contra outro, que se safou e continuou o percurso como se nada fosse, enquanto o meu ficou incapaz de prosseguir.
Portanto, e em resumo: saí satisfeita, porém aliviada, da minha experiência caixa automática, e venha de lá essa manete, que a minha mão direita e o meu pé esquerdo cá se entendem com a embraiagem.
Weeeeee.


10 comentários:

  1. Oh filha, eu já conduzo um com automaticas há 1 ano e não quero outra coisa.
    No entanto, na caixa automática, tens a possibilidade de mudar de automática para sequencial e aí tens controlo completo das mudanças e deixa de ser o carro a decidir. Eu conduzo quase sempre assim, exceto no "pára-arranca" onde meto aquilo em automático puro.

    PS: Usei ontem pela 1ª vez o Otosan e não fez nada. Lá vou eu ter que ir ao otorrino.....buaaaaaaaaaaaaaaaa

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    1. Oh filho, bom ano!
      Sequencial, com aquelas parcas possibilidades de escolha? A pessoa ainda se baralhava mais. Nááá, sou demasiado parola, deixa-me cá usar a caixa.

      PS: Hã?
      (Não soubeste deitar fogo à bola :P)

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    2. Não percebeste. Mudar para sequencial, significa que passas a ter novamente as 5 velocidades tipicas duma caixa normal (a minha até tem 6, mas não interessa). E passas tu a ter que mudar as velocidades de 1ª para 2ª para 3ª, etc...

      "E como? Não vejo lá os números" - perguntas tu
      E eu respondo: Estas caixas têm um botão de "+" e outro "-" que te permite subir na mudança ou descer :P

      Em relação ao Otosan, dei fogo à peça, aquilo ardeu até ao anel prateado e.....nada aconteceu no meu ouvido :P

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    3. Mesmo assim, queres comparar um mero botonete com aquela bengala teimosa, que, se não embraias bem com o pé, te mete cada prego...? :P

      Então, meu caro, os teus ouvidos tapados têm origem num fundo alérgico, e não só não é o Otosan que te vai tratar, como também não é o otorrino. Experimenta um bom alergologista. Entretanto, muito chá de gengibre (em pó, é mais eficaz). De nada. :P

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    4. Não é alergia. Eu vou ao otorrino e ele tira de lá a cera em menos de nada e fico bem.

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    5. Terás que arranjar melhor peregrina ou melhor pirómana para te incendiar a tola :P

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  2. Anónimo3/1/17

    Nem te digo nada...se te contasse umas histórias sobre isso. O meu pai só tem carros assim...é um karma para mim quando tenho de os conduzir...é cada travagem em seco!

    bom diaaaaaaaaa

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    1. Eu dei-me bem, mas também fui para a autoestrada, sempre a direito (ou quase).

      Bom dia, Moonchild!

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  3. tás a gozar, certo, Blue?!?
    AMO a minha caixa automática! (não me faz confusão nenhuma conduzir manual, mas, credo, que perda de tempo e mau jeito na rótula)

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    1. Eu não, flor...
      Devo ter sido camionista noutra encarnação, eu.
      Ou então, é aquela cena de se todos gostássemos de azul, o que seria do amarelo?
      :)
      Fora de brincadeiras, adaptava-me àquilo em 2 dias. Mas a diferença de preço é esmagadora...

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