25/12/2013

A minha not wish list

Era para ter feito este post a 24, para ainda ir a tempo de alguém (alô, alguém!?), que tivesse a intenção de me ofertar um bagulho que eu não quisesse, vir aqui, ler e ainda se ir meter numa grande superfície à procura de qualquer coisa que me contentasse. Mas não houve tempo, tendo em conta que passei o cabo dos infernos enfiada na cozinha a lidar com o forno e com o verdadeiro manjar que pus na mesa no final da lide, embora estivesse esgotada dos nervos, com dores pelo corpo todo até à roupa e o cabelo feito numa merda porque os vapores aliados aos graus de humidade exterior e aos esforços físicos a que me votei, mo puseram em modo lã de ovelha e a maquilhagem numa papa pelos mesmos motivos. No momento em que entendi que tinha o forno muito sujo é que se pode dizer que acabou o meu Natal, pois armei-me de esfregões e Sr. Músculo Forza Fornos e foi até aquilo luzir como novo, ao cabo de cerca de duas horas de raspanço. Sempre desejei a consoada na minha casa, mas cheira-me que vou enterrar esse desejo no lugar dos inconfessos e proibidos para todo o sempre, e mais vale ir para casa dos outros levar com as conversas da seca e um ou outro puto estúpido que resolve ser o bobo engraçado da noite do que isto de nem ter chegado a descalçar as havaianas e só ter arrancado o avental no momento em que procedia à inclinação traseira para me sentar à mesa. 

Eu sou tão fácil de contentar. Mas há três ou quatro categorias de coisas que dispenso que me dêem, sob pena de não usar ou ter que ir trocar, o que é uma grande maçada: 

- velas - as velas estão mesmo no top of the hits das porras que eu dispenso que me dêem. Não há cá velórios, obrigada. Na mesma categoria, os paus de incenso. Se quiser pôr o meu casebre a cheirar a missa, espalho umas bolas de naftalina pelos cantos, borrifo a casa com laca Elnett Satin e já está. Idem para os paus perfumados. Uma casa portuguesa quer-se com cheiro a dieta mediterrânica, com certeza. Alho, coentros, azeite, essas coisas.

- perfumes - é que vou direitinha trocar, ou, se vierem sem o talão de troca, ficam para desodorizar o ar do wc, pós-defecação. A minha fidelidade aos meus perfumes (são 2 amores, como MP) não me permite um desvio que seja. E tenho a consciência que o meu tom de pele deforma os cheiros todos. Um perfume muito forte fica só ordinário, posto em cima de mim.

- chocolates - que eu adoro e devoro, mas vá lá, não há melhor recado "não sabia o que te dar, não quero saber e nem estive para pensar duas vezes nesse assunto". Chocolates no Natal dão-se à porteira do prédio. Nem nos jantarecos do amigo secreto se tolera o bombom. Mais depressa uma latinha de leite condensado me faz feliz.

- barretes e cenas para a cabeça - eu não uso. Ficam-me mal. Pareço uma sem-abrigo. O meu cabelo enche-se de electricidade estática e pareço possuída pelo demónio. Não. Não me irritem.

- bâtons - eu não uso. Aquilo enerva-me. Derrama para os dentes. O cabelo cola-se-me à boca. E não preciso, mesmo. Já perdi a conta ao número de pessoas que me vieram perguntar que bâton é que eu uso. "Saliva"; "Baba"; "Cuspo"; "Nada"; "Nenhum, odeio".

- bijutaria - eu não uso. Sou tão alérgica que até me coço só de olhar. Só ouro ou plástico. E, mesmo essa, ou sou eu que escolho, ou morre na caixa.

- pijamas - mas eu lá sou mulher a quem se dê um pijaminha? Vade retro.

- cenas para a cozinha que não servem para nada - tipo uma forma de plástico para hamburgueres ou um suporte para aguentar o livro de cozinha aberto. Já me deram ambos e ambos acabaram no lixo comum, nem pelo ecoponto passaram. 

- (já agora) : livros de cozinha - eu não uso. Faço tudo a olho e de memória. Improviso, acrescento, retiro, acho que nunca fiz duas mousses de chocolate iguais (e já fiz o quê? Quinhentas mousses? Acho que só tiveram em comum o chocolate).

- cenas que eu já dei noutro ano - já me aconteceu por duas vezes, com a mesma pessoa. Parou no ano seguinte, quando lhe (re)devolvi o bagulho.

No plano imaterial, a minha lista vai, por esta ordem, para os desgostos, desilusões e secas. Não me dêem secas. O meu grau de tolerância está a diminuir com os anos e os meus pais gastaram uma verdadeira fortuna com a minha educação, não é para agora desmoronar tudo como castelos na areia.

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