06/07/2016

Dory

(se acharem que é spoiler, é não lerem)

Dory, essa personagem da Pixar que, de entre todas as produções Disney, angaria o maior número de fãs em todo o mundo.
(Eu, pessoalmente, também amo de paixão a Yzma do Pacha e o Imperador. Adoro aquela magreza ossuda e aquele tom possidónio da figura.)
A Dory é o fundo do meu portátil azul; a Dory é azul; a Dory é maravilhosa a conviver com a sua falta de memória; a Dory é o único peixe, num oceano inteiro, que tem memória de peixe. Isso faz dela um ser diferente e estranho, num mundo em que todos deveriam ser, precisamente, como ela  a regra, não a excepção.
Curiosamente, todas as personagens de À procura de Dory têm características peculiares, que as diferenciam dos demais, mesmo daqueles que pertencem ao seu grupo. Sem o pretender ser, o filme é também (e, essencialmente, pelo que vi) um filme sobre diferenças, singularidades, traços distintivos, mas que, num mundo ideal, pelo qual (pelo menos alguns de nós) lutamos diariamente, não são limitadores. Basta olhar para a personagem principal do primeiro filme desta sequela, Nemo, para se perceber que ele próprio é portador de uma diferença  que em nada o restringe, tanto assim que tal pormenor nem é mencionado, nem sequer tido em conta na atitude dele ou dos outros para com ele.
A Dory tem um problema na memória recente, uma forma de amnésia permanente desde o nascimento; também Hank, o polvo, tem sete tentáculos, por amputação de um deles; Destiny, o tubarão-baleia, cuja principal característica é possuir uma extraordinária visão, é míope; Bailey, a baleia beluga, perdeu as suas capacidades de ecolocalização; Becky (amei a Becky! Senhores da Pixar, já a trabalhar o número 3 da série com a Becky como personagem principal!), a fêmea de mergulhão, é zarolha.
Se para mais não servir, por se tratar de um filme com algumas cenas obscuras e demasiadas mudanças de ritmo (algumas cenas entram mesmo em excesso de velocidade), À procura de Dory serve como uma luva para nos mostrar que diferenças todos temos, e demonstrar que é possível viver com elas uma vida inteiramente feliz.

4 comentários:

  1. Ainda não vi o filme mas estou cheia de vontade de te roubar este post. Sabes que gosto muito de ti, não sabes?!

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    1. Rouba, querida, que este crime, com o consentimento do lesado, deixa de ser crime: é uma doação.
      Sei pois. Exactamente na mesma medida em que eu gosto de ti: muito.

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  2. Linda,
    És mesmo, uma Senhora muito linda !!!
    Beijo,
    José

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    1. Ora, José... :)
      Obrigada, mas sou uma pessoa completamente comum. Também me sai cada broa...
      Beijo

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