18/04/2018

Post interdito a machos # 8

(Porque só uma mulher pode entender todo o conteúdo que segue.)

Estávamos numa aula aquática, já havíamos sido sujeitos a todas as sevícias de que os monitores se haviam lembrado, e, nos últimos quinze minutos, ainda tiveram a peregrina de nos mandar sugerir fazer um jogo de futebol (polo, ou lá o que é). 
Já noutro post denunciei que a água da piscina nos dá cabo do verniz, seja ele gelinho ou quentinho manicure normal. Começo a suspeitar que lhe deitam gotas de tira-verniz, assim como desmaquilhantes vários, do dos olhos ao facial. Uma pessoa entra qual bailarina aquática — se descontarmos a touca do Demo e o fato-de-banho abaixo de péssimo —, e sai transfigurada em si mesma, com mais dez anos em cima das peles. É como mergulhar no Grande Tanque de Elixir da Eterna Velhice.
O jogo decorria na sua (a)normalidade, apesar de as duas equipas estarem claramente desequilibradas: uma delas — que, obviamente, não era aquela que me calhou — tinha dois homens, e não eram eles dois elementos quaisquer. Eram dois tubarões lá para os seus trinta e picos, com uns cabedais de meter respeitinho fora de água, quanto mais lá dentro. Acho que ganharam a partida, e só não tenho a certeza porque os instrutores, feitos treinadores-árbitros-fiscais-de-linha, boicotaram grande parte dos golos que a equipa adversária havia de ter marcado, desviando a baliza no último momento. 
Mas não é isso que interessa agora aqui. O que vim contar foi o grande momento que protagonizei, e que só não foi de puro fair play porque se deu com uma das minhas companheiras de equipa: lá no meio da confusão aquática, a bola do nosso lado, perto da baliza adversária, e, portanto, numa fase do jogo que requeria alguma atenção acrescida da minha parte, ouvi a senhora mais idosa que se encontrava em campo (capitã?) a gritar:
- Perdi uma unha!
É claro que nem me passou pela cabeça levar o aviso ao pé da letra (até porque se tratava de uma unha da mão), pois, naquele relance que dirigi à mão da senhora, percebi que se tratava de uma unha postiça. Acerquei-me dela, certifiquei-me da cor das restantes nove (um castanho-bordeaux, fácil de encontrar na transparência-azul da piscina) e, qual baywatch da unha tresmalhada, anunciei:
- Vou procurá-la, já lha entrego.
Ela sem acreditar, assim como eu. 
O que é facto é que a unha passou por mim a nadar, fazendo piruetas em direcção ao fundo da piscina, toda ela num parafuso bonito de se ver. Tentei apanhá-la, mas a libertária continuou no seu passo de natação sincronizada até ao chão. Pus-lhe um pé em cima, agarrei-a com os dedos (nós somos tão primatas...), levantei o pé e eis-la. A senhora quase chorou, interpretem como quiserem.
O jogo não havia parado, e terminou passados minutos, acho que empatado. 

7 comentários:

  1. Visitando, lendo e elogiando as suas publicações. Voltarei
    .
    * Amor = Velas Acesas em Espinhos de Luz.*
    .
    Uma semana feliz.

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    1. Obrigada, Gil António.

      Uma semana feliz também.

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  2. Interdito a machos. Não a machos + " histórias de amor " ?
    Boa semana a ambos.

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    1. Não percebi...
      Ambos os sexos?
      (Olha, bloqueei :))

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  3. Post interdito a machos é interdito a machos ! Há que cumprir.
    Eu fiquei invejoso do amigo Gil.Macho a comentar.E como sou cusco, muito mesmo, fui cuscar o velas +amor .Adorei e senti grande paz e amor no ar.
    Daí o meu parvo comentário. Abraço ao Gil e beijinho para ti.
    Está explicado. 😊

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    1. Muito gostas tu de comentar quem me vem cá comentar :P

      Bom fim de semana, beijinho

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  4. Verdade.
    Concordo.
    Figura de urso.
    Só me resta emendar / ficar caladito.
    Prometido !

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