Que cada chamada para a NOS requer uma preparação mental a níveis olímpicos, porque acontecem várias coisas, eventualmente tudo, menos um telefonema?
1. Ligo e aguardo; atende-me uma gravação, feminina voz animada, que me dá as boas vindas à NOS, e me apresenta diversas opções, de entre as quais "falar com um assistente", que é a que escolho, e aguardo; a gaiata logo me avisa que "o atendimento por um assistente terá um custo até ao máximo de um euro, dependente do seu tarifário (?)", e aguardo; A Voz avisa-me que [para além de pagar até ao máximo de um euro, dependente do meu tarifário], a minha chamada vai ser gravada [suspiro de alívio, porque já se sabe, antes escutada do que ignorada] e aguardo;
2. Metem-me Freddie Mercury aos brados pelos ouvidos adentro. Diz que So don't stop me now | 'Cause I'm having a good time, having a good time | I'm a shooting star leaping through the sky, e aguardo;
metem-mo em repeat, só aquele nico da canção, danço um tico, morre-me o Teco de pancada, e aguardo; desconheço qual o critério quanto à escolha da música — embora a adore —, quanto à passagem [minutos 00:00:30 a 00:00:48, porquê aqueles 18?], quanto ao repeat da cena, e aguardo; é uma pastilha/injecção/tratamento de choque que se repete, em repeat, um mínimo de dez vezes [enquanto o assistente, do lado de lá, acaba o café/cigarro/serradura na colega, e A Voz me avisa que estou à espera há 55 segundos e me dispõe a possibilidade de desligar, ou ligar 8 e aguardar — hahaha — que me confirmem o número (?)], só não corto os pulsos porque o assistente não faz uma aparição presencial, e aguardo;
metem-mo em repeat, só aquele nico da canção, danço um tico, morre-me o Teco de pancada, e aguardo; desconheço qual o critério quanto à escolha da música — embora a adore —, quanto à passagem [minutos 00:00:30 a 00:00:48, porquê aqueles 18?], quanto ao repeat da cena, e aguardo; é uma pastilha/injecção/tratamento de choque que se repete, em repeat, um mínimo de dez vezes [enquanto o assistente, do lado de lá, acaba o café/cigarro/serradura na colega, e A Voz me avisa que estou à espera há 55 segundos e me dispõe a possibilidade de desligar, ou ligar 8 e aguardar — hahaha — que me confirmem o número (?)], só não corto os pulsos porque o assistente não faz uma aparição presencial, e aguardo;
3. Sou atendida pelo assistente, que se identifica, mas que, em cem por cento das vezes que falamos, tem o som do telefone tão baixo, ou fala tão baixo que pondero se não estará a comunicar-se comigo a partir das catacumbas lá do call center; identifica-se, por isso, com um nome inaudível, invariavelmente David (?), Paulo (?), João (?) + Simões (?), Matos (?), Silva (?), ou algo rápida e facilmente esquecível, mas que, de toda a maneira, não ouço; identifico-me igualmente e ele reclama que não me ouve, solicitando-me de forma enfática/ impaciente/ imperativa que fale mais alto; digo-lhe ao que vou e começa por me perguntar se já li a minha factura; mau; ponho-o a explicar-me os tintins todos, um por um; ouço cerca de 50% daquilo que sussurra, apesar de me ter enfiado numa câmara de silêncio/ sala de emissão de rádio/ bidon fechado à chave;
4. Pergunta-me em que mais pode ser útil [suspiro de alívio porque a tortura está no fim]; respondo que em mais nada, porque já foi muito inútil.
Foi-me dito por alguém que trabalhou alguns anos num call center que os operadores usam todos nomes falsos (!) no contacto com o cliente...
ResponderEliminarDeve ser como aqueles entregadores que têm na traseira do carro “Diga-me como conduzo”, com um número de telemóvel, que eu acho sempre que é o deles próprios, a avaliar pela forma como o fazem (mal)...
EliminarAconteceu-me algo idêntico com uma chamada para a linha dos CTT. Irritantes!
ResponderEliminarÀs vezes penso que, todos somados estes minutos, ao fim de uma vida dão dias perdidos, só para não dizer anos...
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