Acabei de dançar e preciso de um duche. Estou no balneário do ginásio novo, aquilo parece-me tudo um luxo perto do outro, onde estive — também a dançar — anteontem. [Não consigo decidir entre um e outro, aquela cena do coeur balance.] Tenho espaço, tenho ar, não preciso de esperar que alguém passe, ou pedir licença para passar. O duche é simplesmente excelente [tenho que fixar a marca, mas ainda não foi hoje. De qualquer maneira, NMPPI.]. Para accionar a água, carrega-se num botão redondo, e aquilo cai como uma chuvinha, só que quente e a pedido, não é como a outra chata, que faz tanta faltinha nas hortas. O gel de banho cheira a limão, e isso para mim é o bastante para gostar dele, que fácil que sou. Está dentro de um dispensador, que tem um botão quadrado, onde se carrega, e aquilo cai como uma nhanha perfumada. Portanto, o duche processa-se numa alternância carrega-no-botão-do-duche-carrega-no-botão-do-dispensador, um-sim-um-não. Só apetece ficar, e ficar, e ficar até derreter, ou até fartar da brincadeira com os botões. Lavo-me uma vez, não me apetece ir embora dali, nada me chama para fora, e tomo a resolução de me lavar segunda vez. (Aquilo é tudo à vara larga, tanto faz que gaste mais ou menos gel e água, pago o mesmo, e sempre compenso os que pagam ginásio e não vão lá.) E pode ser a ganância, ou a preguiça, que me condenam a este estado miserável de troca de mãos.
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Estou ensaboada, quero carregar no botão da água.
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Acho eu que carrego, mas a água não brota.
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Carrego segunda vez, e nada de água.
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(É muito mau se confessar que ainda tive dois segundos da minha vida em que achei que tinha havido um corte de água, exclusivamente na minha cabine?)
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A parede cheia de gel de banho.
(Chiu.)
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