Tenho diante de mim uma árvore vermelha, que me acompanha e me sorri enquanto trabalho, toda ela vestígios da mãe que é minha. Lembra-me em tudo um vestido vermelho que lhe via há muitos anos, e a enchia de festa interior, que a fazia flutuante e a punha a dançar e a rir, como se a única alegria da sua existência pudesse advir daquele vestido. Traz-me os melhores dias da mãe que será sempre minha, os dias da felicidade, os últimos da infância. A árvore flutua e dança e quase a vejo rir para mim. Imagino a alegria infantil da minha mãe se a visse, aquele êxtase quase religioso pelas dádivas da Natureza, também ela mãe, o ar suspenso numa aflição abençoada pela graça gratuita ali vivente.
Vem-me à memória que me contava dos dias em que, ao passear-me no carrinho, eu ria para tudo. Dava como exemplo as folhas das árvores a mexer ao vento, e os meus pequenos braços agitando-se de contentamento, ao ritmo dos galhos e das folhas, numa dança serena entre duas inocências semelhantes. Assim está a árvore vermelha agora, acenando-me os braços acolhedores, vestida com o vestido vermelho da minha mãe.
Vem-me à memória que me contava dos dias em que, ao passear-me no carrinho, eu ria para tudo. Dava como exemplo as folhas das árvores a mexer ao vento, e os meus pequenos braços agitando-se de contentamento, ao ritmo dos galhos e das folhas, numa dança serena entre duas inocências semelhantes. Assim está a árvore vermelha agora, acenando-me os braços acolhedores, vestida com o vestido vermelho da minha mãe.