Quando as vi, estavam em extremos opostos da estrada, e, a uni-las - ou a separá-las -, uma passadeira. Harmoniosos com as barras dela, os cabelos brancos de ambas, os de uma levemente acinzentados ainda, os da outra de uma alvura cristalina. Separava-as ainda qualquer coisa como vinte anos, uma pelos setenta, a outra talvez noventa. Trazia esta uma bengala, e preparava-se para atravessar assim que o passeio lhe fugiu dos pés, em paralelo um pouco distante da passadeira... onde a outra estacionara o carro, quatro rodas em cima das riscas brancas. Quase num grito, a condutora avisou: "Venha por aqui!", apontando a passadeira à mais velha, cuja bengala, óculos de grossas lentes e alvo cabelinho não permitiram um desvio, que fosse de dois centímetros, ao percurso que já delineara fora das linhas. A menos idosa avançou um pouco, abriu os braços, exclamou "Tiazinha!", e foi quando se abraçaram e encheram de pequenos beijinhos, no meio da passadeira que, entretanto, a tia havia alcançado pela diagonal, indiferentes à possibilidade de passar um carro, ou dois, ou três.
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