24/11/2016

paralisado

Não sei se passei por eles, ou eles por mim. Também posso tê-los sonhado, quase irreais me pareceram. 
Ele estava sentado na cadeira de rodas, encostada à parede, e ela estava em pé, as pernas entrelaçadas nas dele, as ancas comprimidas contra o corpo dele, numa kizomba improvisada por urgente. Tinham um beijo de língua a desenhar-se na linguagem do silêncio só de olhos e brilho entre eles. 
Nem um nem outro correspondiam a protótipos de beleza, e eram tão belos, tão precisamente harmoniosos: ambos de fartas carnes, ambos jovens, ambos negros. Nestes três ambos se formava a imagem de um casal, se não muito apaixonado, pelo menos paralisado por muita tesão. 

4 comentários:

  1. Pode que vale a suposta perfeição se não houver essa atracção intensa e apaixonada?

    Beijos, Lindona :)

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    1. Não vale de nada, mesmo. Estes dois atingiram a perfeição, sem necessitar dela...

      Beijos, Maryou :)

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  2. Excelente texto. Faz-me lembrar alguém que eu conheço!
    Tenho de voltar a este canto com mais atenção. Gostei do que li!

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    1. Obrigada, António.
      Há muitas pessoas atentas neste mundo, felizmente.

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