04/11/2016

And that awkward moment # 16

em que chegas a casa, vinda de uma aula de dança que te correu às mil maravilhas, e, mirando-te ao espelho qual Narciso, te apercebes que, para além de estares num dia de good hair — que também os há —, tens instalada uma m. verde no espaço que fica entre os dois dentes da frente — esses mesmos que ficam em paralelo, na linha recta, no seguimento das narinas?
Irrecuperável daquele choque, tentas perceber desde quando é que aquilo ali anda entalado, pensamentos balbuciantes a procurarem o porquê de não teres sentido nada, girândolas de hipóteses a colocarem-se-te sem dó, desde 'Deus dá com uma mão e tira com a outra', até 'Existe uma lei da compensação', passando por Murphy e sua teoria estúpida de que 'O que está mau pode sempre piorar', e por 'O Diabo tece-as', até 'Karma is a bitch'. Pelo sim, pelo não, olhas para cima, para baixo e para os lados, ainda no elevador, e rosnas 'Bitch'. Há-de acertar no responsável por semelhante desastre estético. 
Depois é o momento de fazer rewind daquele filme de terror.
Para quantas pessoas sorriste desde que comeste aquela barra cheia de bagas de sabugueiro, zimbro, goji e mais que porras, à saída do supermercado (porque não podes ver nada e basta uma simples ida a um espaço de venda de bens alimentares, que te ataca logo uma retraça canina de dar gosto ao próprio Cão)?
Para o espelho, zero vezes, está bem de ver.
1. Para a menina do balcão do ginásio, que faz sempre a fineza de te tratar por menina. E tu, parva, sorris;
2. Para o professor de dança que, apesar de não ser ele que está a dar a aula, entra na sala e põe-se a dançar ao teu lado. (Oh, pá, eu estava tão feliz com o meu cabelo, que acho que lhe arreganhei a taxa várias vezes, até que ele se foi embora. Na verdade, ficou do lado de fora a fazer-me gestos através do janelão, mas não me lembro de nenhum se dirigir para a boca. Será que estava a faleceri e eu é que achei que era uma dança off the record, by the way literally?);


3. Para a fotografia que foi tirada para o facebook do grupo de dança. Não tenho FB. Nunca vou ter, ainda mais agora;
4. Para a professora que deu a aula, à saída. Estávamos tão suadas que é impossível ela ter reparado no meu verdete. Menos uma;
5. Para o espelho do elevador. Lágrimas.
De sangre. 

4 comentários:

  1. ahahahahahah
    Been there!

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    1. Espero não ter que traduzir literalmente essa expressão. Eu tenho uma imagem a defender... :P

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  2. Anónimo4/11/16

    :)) !! lamento o acontecido. o verde é tão importante na nossa vida, que, quando se instala, entala-nos a reputação.

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    1. Mas o vermelho também, Mia. Lágrimas de sangre, repito :)

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