03/01/2019

Ninguém tem nada a ver com isso

Deixo o carro mesmo ao lado da loja de produtos para animal, numa pequena reentrância que faz a via, exactamente para cargas e descargas do supermercado. Não estou a impedir a passagem a nenhum carro, embora obrigue a que todos os que o façam entretanto, tenham que fazer uso de mais cautelas, pois a passagem está mais estreita. Não pus os quatro piscas porque não vou demorar mais do que quinze segundos - vou buscar o saco de areia para as caixas das minhas gatas, que está pago - e porque ninguém tem nada a ver com isso. Estou a sair do carro e já um casal de alguma idade para ter juízo está, dentro do seu carro, ao meu lado, claramente em protesto pela situação em que deixei o meu. Respondo que "Vou ali buscar a areia do gato, é um saco com quinze quilos, quer carregar, que eu estaciono bem o carro e vai o senhor lá buscá-la?". Digo "gato" e não "gatas" porque ninguém tem nada a ver com isso. Antes de eu entrar na loja e de eles se afastarem, ainda me apercebo de que ela se ri e gesticula, ridicularizando-me. Curiosa, a diferença de atitude de alguns homens, quando vão acompanhados da esponja e quando não. (E também vice-versa, mas essa não é agora a questão.) Gostaria que elas se transformassem em mosca (menos morta do que actualmente são) e pudessem assistir, por uma só vez, durante breves segundos, às enormidades que os esponjos engravatados e encasacados são capazes de dizer, quando elas lhes soltam a rédea e, por consequência, a língua. Mas também ninguém tem nada a ver com isso.

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