lavei o cabelo, arranjei e pintei de vermelho as unhas das mãos, a depilação está em dia (sempre, graças àquela clínica que abre portas porta-sim-porta-não, como as p. em Olhão), personalizei a minha t-shirt (estavam à disposição números do xxs ao xxl, vesti o xs, que era enorme, mas trouxe o S, para ir folgadinha, e cortei-lhe parte das mangas e o fundilho. Porém, desta vez, não recortei o decote. Vai assim mesmo, púdica, quase gola-alta), falta-me apenas dormir uma noite inteira, tomar um banho para acordar a beleza — toda aquela que há em mim, desde o interior até ao infinito e mais além, aquecer bem os tornozelos e os joelhos (não com saquinhos de água quente, mas uma coisa deste género, embora não tão levada à risca, pois não terei oportunidade — nem quero, já que tenho uma imagem a defender e isto não é o da Joana — de fazer grandes agachamentos na zona de partida, menos ainda de me virar de rabo para Meca, hossana nas alturas), colocar o chip no téni (na organização disseram-me que é dentro do sapato, qual pedra, debaixo da palmilha — devem querer-me a coxear, as maganas —, mas o manual de instruções manda pôr debaixo dos atacadores e é onde eu vou botá-lo. Note to self: no pé esquerdo, que o direito é mais pesado, e, assim, contrabalança), maquilhar-me um mínimo (olhos, olhos, olhos, muita pestana, para a autoestima, senão já sei que desmoralizo e paro antes da meta), e só não digo que pretendo percorrer os cinco quilómetros da corrida qual Flo-Jo, porque salvo seja três vezes, lagarto, lagarto.
Entretanto, neste último mês, não treinei nada, corri só uma ou duas vezes, dancei muito mais do que é costume, não cuidei especialmente da minha alimentação nem me proporcionei hábitos mais saudáveis, mas acho, ainda assim, que vai correr bem — literalmente.
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