04/12/2017

Coco

(se acharem que é spoiler, é não lerem # 2)

É porem um filme da Disney (Pixar, neste caso) em cartaz, e lá me têm. Tenho aprendido mais com filmes supostamente infantis do que com aqueles que são destinados a adultos (não esses, canudo!). Nunca mais vou crescer, e nem sei se quero. (Lá está outra dúvida com que me debato estóica e diariamente.)
Captei a mensagem principal — que a verdadeira morte se dá quando nos esquecemos dos nossos mortos, ou quando formos esquecidos pelos nossos vivos —, mas não a secundária (se é que ela existe, mas eu, lá está, ando sempre à procura da segunda e da terceira leitura de todas as coisas). Ia na expectativa de encontrar um filme algo metafísico, que me explicasse o que existe para lá do fim, apesar de não ter grandes crenças pessoais acerca do assunto, e alguma quase certeza de que a morte é isso mesmo: pois, se é para as plantas e para os animais, quem somos nós (?) — outra dúvida das boas — para considerarmos que connosco será diferente?
Afinal, não. Parece que existe uma morte após a morte, para além de nos encontrarmos todos — em esqueleto, com peruca e roupa, pois que há-de ser importante aquecer os ossos (sem corrente sanguínea, atente-se) e esconder as partes pudendas, que, em rigor, já não existem — num lugar entre o sinistro e o festivaleiro, com a idade com que fenecemos, ou seja, onde é possível encontrarem-se um pai jovem e uma filha muito velha. Se já a ideia de ir para o Céu me aterroriza levemente, esta de ir parar a um lugar onde todos somos só ossos, sem chicha nem peles [o mal que hão-de ficar os meus cabelos em cima deste esqueleto lindíssimo] [eh, pá, 'pera lá, pára tudo! Nunca mais terei que me preocupar com o que como? Hummm...], mas também onde desaparecerei (dolorosamente, diga-se) ao fim de algum tempo, assim que cá na Terrinha se esqueçam de mim — o que poderá demorar o tempo de um fósforo —, também não sei se me agrada. O melhor é continuar a ser como sempre fui, pode ser que a sorte me faça a vontade, e o Hades também há-des.

(De qualquer forma, vale muito a pena. Lá quanto a tratar-se de um filme de Natal, maiores dúvidas se me agigantam, mas isso também posso ser eu, cartesiana duvidosa.)

2 comentários:

  1. estou mesmo curiosa com o filme. já cá está em exibição, mas ainda não tive oportunidade.
    beijinhos e boa semana.
    Mia

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    1. Vai, Mia, é tão giro (apesar de não parecer, pela leitura do meu post).
      Boa semana também, beijinhos :)

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