24/07/2018

Tranca nova, hã?

Estava eu muito descansada da minha vida a viver noutro lar que não o meu, derivados da obra, quando venho a tomar conhecimento de que o meu vizinho de baixo me havia estoirado com a fechadura da porta da entrada. O senhor é surdo, dependente de aparelho auditivo, surdo ao ponto de eu poder dar uns bons brados em resposta às minhas vozes, que o homem não se nem me chateia. No entanto, não sei se por isso, ou só por aquilo, já por duas ou três vezes que se engana na porta e bate na minha - na verdade, dá-lhe grandes tareias, pois, assim como não ouve, entende que as outras pessoas... -, ou então mete a chave na fechadura e tenta assaltar-me (pois que outra razão pode assistir-lhe, para querer entrar à força na casa de outrem?).
Desta vez, a tentativa foi mais longe, ou mais fundo, e o vizinho meteu a chave dele na fechadura que é a minha, com a diferença porém de que já não conseguiu retirá-la, ou seja, seria um crime sob a forma tentada, que poderia ser perfeito, não fora ter-se demonstrado que esse conceito não existe: o vizinho teve mesmo que denunciar-se, se é que queria reaver a chave lá do lar dele.
Chamada aquela empresa de chaves que detém na sua designação dois nomes de localidades, assim veio o necessário arrombamento tecnico-científico da fechadura, como também o orçamento para uma nova. Porém, e dado que até as fechaduras progrediram em vinte e cinco anos de trancas, as pessoas quiseram uma xpto, daquelas à prova de melgas - em sentidos estrito e lato - e tudo. 
Desconheço se o vizinho volta a enganar-se na porta, mas certinho é que vai pensar duas ou três vezes antes de lhe meter a chave, pois desta vez, só para não ser a boazinha do costume, pu-lo a pagar o que estragou, que é como manda a lei e o ditado popular.
E viveremos bem trancafiados para sempre.

4 comentários:

  1. Mas há alguma coisa que não te aconteça?
    Eu também tenho um vizinho que de vez em quando se engana no botão do elevador (derivado não da surdez mas do vinho)e me vem bater à porta... de madrugada!
    Vale-me ter um tapete diferente do dele que é à conta do tapete que se apercebe que está dois andares a cima, segundo explicação do próprio :D

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    1. Nada, Be. Eu bem digo que atraio situações.
      Já mudei o tapete, a fechadura nova é totalmente diferente, mas aposto em como ele vai continuar a enganar-se. Estou a ponderar escrever um aviso na porta, em letras garrafais e vermelhas, “Aqui não é a tua casa, vizinho de baixo”.
      :D

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  2. Olá Linda !
    Desculpa ter-me rido . Muito ! Lembrei-me que há muitos,muitos anos acontecia o mesmo comigo. Vizinho velho e empielado ,q para n acordar a mulher dele, metia muito devagar a chave na minha porta , às tantas da madrugada...mas tudo muito silenciosamente. Acho q ainda me enervava mais. Uma noite passei-me . Dei-lhe gritos...o homem ia falecendo. Não se aguenta melgas dessas. Há que estrilhar. Não há melhor solução.O outro nunca mais me chateou.😴 Coitado !

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    1. Este é um bocadinho passado da marmita, se lhe grito, ainda me grita mais alto. (Já o ouvi aos berros com outro vizinho, sei do que falo.)
      Talvez não volte a enganar-se.

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