14/05/2014

As filas (eu digo bichas, mas o povo não gosta) e os prioritários

Já fiz o cartão de cidadão. Não custou muito. Aterrei às 9 H no Parque das Nações e deram-me a senha 57. Esperei duas horas e pronto.

O painel das prioridades apresenta uns símbolos ilustrativos, para que não restem dúvidas: uma boneca grávida, uma boneca com um bebé ao colo, um boneco numa cadeira de rodas, um boneco de bengala e um boneco com uma mala de viagem na mão (advogados, solicitadores, oficiais de justiça, etc., desde que no exercício da profissão, contra apresentação da cédula e da respectiva procuração). 

Havia dois bebés, num grupo de 60 ou 80 pessoas, ambos com cerca de um mês de idade. Pensava eu, assim como todos os outros maldosos, que era o truque dos pais para beneficiarem da prioridade. Mas não. Era mesmo para fazerem o cartão(zinho) de cidadão(zinhos). A sério, são tão queridos na hora de tirar a foto, só visto.

Aquilo está tudo feito para que:

UM - A pessoa fique mal na fotografia. Depois da espera, todos os músculos do sorriso se relaxaram e as rugas da preocupação se exercitaram. Acresce que nos mandam olhar para cima - e ninguém fica bonito a olhar para cima, a não ser, talvez, a Senhora da Agonia -, sem sorrir, sem mostrar os dentes, boca fechada. Apeteceu-me perguntar como que é que faziam as pessoas que não conseguem meter os dentes dentro da boca, mas achei chato, dado que a própria funcionária que me atendeu... 

DOIS - O cérebro deixe de funcionar e só processe porcaria. Só isso explica que eu tenha feito o seguinte raciocínio: existe uma lacuna legal na não previsão da prioridade para os bebés. Eles não se enquadram em nenhuma das prioridades: não estão grávidos, não são acompanhantes de crianças de colo, não são deficientes - a locomoção em carrinho não é, por si só, uma consequência de deficiência motora -, não são idosos nem procuradores. Era haver uma fila para as louras e eu hoje tinha-me lá ido meter. Mesmo não sendo.

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