03/07/2022

Dançar é como andar de bicicleta (sem rodas e sem rodinhas)

A última vez que tinha dançado tanto tempo seguido tinha sido há uma semana, aquando do Rock in Rio, mas, antes desse memorável evento, estive quieta de bailaricos talvez meio ano. Claro que tinha que vir para aqui gabar-me que fui ao RIR (hahaha). Fui no dia dos fósseis, em que tocavam Ub4, A-ha e Duran Duran, eu à espera de só encontrar thios de calças encarnadas e camisa branca, sapato de vela sem meia (ugh), acompanhados de thias cheias de extensões, botox e casaco de couro amarrado à cintura, afinal foi pacífico: média etária, meio século, mas muita canalha miúda e até duas senhoras idosíssimas (uma delas de cadeirinha eléctrica, a outra de bengala), havia de tudo um pouco, só não bebés (especialmente daqueles que guincham). Perdi praticamente todo o concerto dos Ub4, mas tinha que jantar sem ter que me meter numa bicha do demónio. (Meu pequeno grupo, hambúrgueres ao preço do ouro, eu um Pai Thai vegan ao preço da platina.) E sim, também estive mais de uma hora numa fileirinha pirilau para receber à borla uma cadeira insuflável, como tanto critica esse povo influencer (?), que não só tem menos quinze anos do que eu, como também vai parar a tendas vip e sentar-se em maples feitos de rabo de boi. Adiante: assim que me apanhei com o pufe, dei em dançar toda a noite, pelo que não usufruí praticamente nada dele, mais valia tê-lo oferecido a um pobrezinho que fosse ali a passar, sei lá.
Mas não era a isto que eu vinha: era também para me gabar, é certo, mas sobretudo para comunicar ao mundo que hoje voltei às minhas danças no ginásio. Levei três ou quatro abraços da treinadora, agradeci-lhe a frase que me inspirou durante estes sete meses e que saiu da boca dela, fiz a aula a sentir-me a maior, a não errar praticamente nada nas coreografias todas (embora suspeite que só fiz m., mas soube-me tão bem!), sempre com Natércia a assar-me a mioleira, ao fim de quinze minutos pensei: “Olha, faleço feliz!”, mas aguentei até ao último minuto, soubesse eu o que sei hoje e ter-me-ia voluntariado para os Comandos, pois desconfio que numa tropa especial é que eu me encaixava bem.