10/06/2014

Quando a maternidade te engorda, ensurdece e ensandece

Cruzei-me com a mãe da gritona à saída do elevador. Vinha do ginásio. Coitada, nunca foi magra, mas está com um rabo panorâmico. 

- Já voltei ao ginásio, estava a ficar um bocadinho gordinha.
[oh, doce ilusão, cada uma vê o percentil que quer ver]

- Então e a gritona?
[directa ao assunto, sem rodeios]

- Agora já não grita tanto...
[coitada, deixou de a ouvir...]

- Já não grita tantas vezes, mas grita mais alto. Tem mais pulmões.
[péssima vizinha. Podia calar-me, tantas vezes...]

- Pois. Eu ando sempre tão cansada que já nem ouço o que o meu marido diz.
[confirma-se a surdez, portanto]

- É normal, uma pessoa que não descansa, acaba por andar a dormir em pé todo o dia.
[isto foi um rebate de abnegação]

- Agora vou levá-la a uma consulta de bebés que gritam, no Hospital de Santa Maria.
[pirou, coitada]

- Consulta de bebés coléricos.
[eu sou um poço sem fundo de sabedoria, com laivos de hipocrisia]

- É isso mesmo...
[pasmada com o meu saber]

4 comentários:

  1. Olha, paz à sua alma. A mulher está toda fodida!

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    1. Literalmente, senão a criança não teria nascido! :D

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    2. Fodida duas vezes, portanto :D

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    3. Várias vezes metaforicamente (gorda, surda e doida) e, pelo menos uma, literalmente! :D

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