30/04/2013

Deslarguei esta frase # 7

Discutia com uma pessoa amiga a possibilidade de fazer uma lipoaspiração numa pequeníssima zona, muito específica, desta maravilha toda. Avancei com a hipótese de ficar na mesma, não se notar nada, e pagar um balúrdio pela coisa. 

- O que é que fazes?

- Vou lá e digo-lhe "Chupa-me isto tudo outra vez, mas de graça, homem!"

Isto não é o que parece. Foi dito sem qualquer intenção libidinosa. No entanto, rimo-nos quase até ao chichi.

Deslarguei esta frase # 6

Já não me lembro muito bem por que é que abri isto a dizer "Nova mensagem". A idade não perdoa, por mais que uma pessoa cuide da carcaça. Os neurónios morrem na mesma. Acho que era para vir desabafar qualquer coisa dos meus pneus. A semana passada o cabrão do carro começou a ladear, como os bois. Eu deslargava o volante e ele embicava para a esquerda. Mau, porra, pensei eu. Quando estacionei é que vi que um dos pneus estava furado [aposto em como, até aqui, pensaram que vinha falar de pneus da banha, bitches, não tenho. Velha mas boa]. Primeiro telefonema de SOS valeu logo um diálogo de antologia:

- Tens que mudar o pneu.

- Pois tenho, não fora o facto de não saber, de o meu carro não ter pneu sobresselente [é que não tem mesmo, é demasiado chique para essas merdas], de eu hoje ter um vestido curtíssimo, estar de saltos altos e não querer dar espectáculo para os vizinhos, de ter pintado hoje as unhas e de nem sequer equacionar a possibilidade de aprender a mudar um pneu, não necessariamente por esta ordem.

Bom, não fui eu que mudei o pneu. E ele não estava furado. Estava rasgado, tinha um lanho com quase 30 cm. Os outros três também estavam no ponto de eu falecer um destes dias na CRIL, aventada pelos ares como uma pomba assassinada. Ainda não é desta.

Conclusão? Olha, muda os pneus.

Ah, e fali por este mês, já agora.

Deslarguei esta frase # 5

Cenário: parque de estacionamento de um shopping centére.

Pessoa amiga - Eu agora dava um peido.

Linda Porca - Olha, dá. Ninguém vai dar por isso. Isto está cheio de CO2.

Pessoa amiga - E CO.

Linda Porca- E CO-CO.

Eu tenho problemas com ladrões # 1

Bem me queria parecer que me faltava um separador neste meu buraco de desabafos - a minha já extensa e profícua relação com os gatunos é digna de um registo tão sério como a que faço com os médicos e os tontos. Ao mesmo nível e com a mesma frequência. Sou, de longe, de todas as que conheço, a pessoa que mais vezes tentaram assaltar. E a que nunca foi assaltada, também. Esta saga começou há tantos anos que, enquanto assaltada-tentada, sou uma verdadeira profissa. Assim como os doidos dizem "Chanfrado" na testa, os ladrões, ao contrário do que para aí se diz, têm mesmo escrito "Ladrão", a letras grandes e grossas, tanto maiores quanto maior a dita. 

Um dia faço um apanhado do perfil-tipo do ladrãozeco da merda e até pode ser que ajude à tese de doutoramento de algum antropólogo jeitoso. Agora não me apetece. Só cá vim para me gabar. Para contar que ontem me safei de mais uma. Eu contra dois. Os dois na minha cola, escadas acima, no metro, praticamente vazio - o país fez ponte, mas eu sou uma desgraçadinha da porra e trabalho sempre, de sol a sol, e ainda ouço bocas. Antes de aqueles dois me verem, já eu os tinha filado à distância e já me tinha preparado para o que vinha a seguir. Olha ali dois ladrões. Linda Porca, agora passas por eles e eles vêm atrás de ti. Vamos lá a decidir quem é o gato e quem é o rato. Certinho, faço a curva de saída do metro, primeiro a ladra colada a mim escada acima. Viro-me para ela, olho-a de frente e Hah, olha-me esta! Sai-me a ladra do encalce. Isto são muitos anos a virar frangos. Olha sempre o inimigo nos olhos, passa-lhe a mensagem Já te vi, já sei o que queres (queres-ma-mala), mas não te vou dar, boa? Então, veio o ladrão. Meteu-se na cancela comigo, quase me possuiu por trás. Travo-lhe o passo, até ele ficar quase encaixado em mim e digo-lhe Porra, pá, mas qu'esta merda?. Lá está. O efeito-surpresa de uma senhora de idade a dizer estas coisas é tão avassalador que até um ladrão perde o norte. Outro K.O., saí em beleza de mais esta. Sou o gato. 

25/04/2013

Deslarguei esta frase # 4

Chega-se à praia, o areal ainda muito porco, com zonas negras a lembrar que o crude existe, canas e objectos de origem indecifrável (o que foi um dia um bocado de esferovite verde-clarinho agarrado por um cordel a uma bola roxa, rebentada?) por todo o lado e lembra-se de proferir:

Eich. Parece um cemitério de elefantes. 

Elefantes. Numa praia portuguesa. As pessoas ficam sentidas. Não era aquilo que eu queria dizer, ignorantes. Era mesmo cemitério. De elefantes. 

Lombroso, és grande!


Não sei por que é que os acho parecidos. Deve ser o olhar vazio. Deve ser a forma peculiar que ambos têm de encarar a vida - dos outros. Pode ser que se encontrem, great minds think alike.

Eu tenho problemas com doidos # 6

Foi há muitos dias, mas eu nunca o esqueci. Ia eu sentadinha no transporte público quando ele entrou e se sentou à minha frente. Eu já o tinha filado segundos antes de ele se sentar, porque os loucos, para mim, têm um rótulo na testa a dizer "Chanfrado dos cornos" que eu leio a léguas. Nesse dia, eu levava um vestidinho mesmo curto, mas ia munida de collants e tinha tido o cuidado de manter os joelhos colados um ao outro até à dor. Mal ele se sentou e inclinou a cabeça para baixo, a espreitar-me a bainha do vestido, sai-me um 

Então não queres lá ver que temos aqui uma situação?

E ele a descer mais a cabeça, na direcção dos meus joelhos. A manifestar vontade de verificar o que é que se passava no meu entre-pernas, designadamente aonde é que acabavam os collants ou, sequer, se eram collants. E eu de matraca ligada

Olha agora. Mas este quer o quê? 

Depois passei-me. Levantei-me sob protesto

Estou farta desta merda. Vou-me embora daqui. É só tarados sexuais. E depois a maluca sou eu. 

O efeito é catalizador. O resto do povo afasta-se para deixar Linda Porca passar. Uma senhora linda, chique e idosa, a dizer merda e tarados sexuais, é porque está para lhe rebentar uma bomba dentro da mala de marca, gira e cara. 

No fundo, este post é para agradecer àquelas gajas que um dia deram trela a estes tarados. Que separaram os joelhinhos e cruzaram a pernoca, armadas em Charóne Stónes e zás, eles viram tudo. E ainda lhes disseram "Possui-me, animal!". Porque só pode ser por isso que eles ainda acreditam que podem tomar uma atitude destas em público e ter algum sucesso digamos sexual. Algum dia uma deu troco e agora pagamos todas. Rameiras. 

23/04/2013

Pífaro leiteiro e vaso natural


Eu recebo mails com conteúdo deste. Na senda de "Eu tenho problemas com doidos".

Eu tenho problemas com médicos # 7

Ir a um cirurgião plástico, entrar no gabinete do médico e deparar com uns grandes olhos azuis e um homem tão bem acabado, obrigou-me a, em décimos de segundos, levar a cabo intrincados raciocínios:

- O que é que eu venho cá fazer, mesmo?

- Eu a este não quero mostrar nenhuma mazela.

- Vou inventar outra coisa qualquer. Mostro-lhe uma das minhas centenas de partes boas e depois faço biquinho (biquinho, cabeças sujas, inho-inho) e digo: "Ai senhor doutor, isto não é horrível?"

- Vou simular um desmaio e, quando "acordar", gemo: "Tragam-me lá o talhante, que o que eu vi foi um príncipe encantado".

- Vou perguntar a este boneco: "Baby, o teu director sabe que estás aqui a beijar sapas todo o dia em vez de estares a gravar?"

Em vez disso, sentei-me diante dele, depois só despi o mínimo indispensável para as sábias mãozinhas poderem tocar a minha queixinha e saí de lá com a promessa de voltar, para ele mexer melhor um destes dias.

Eu tenho problemas com doidos # 5

Trabalho num local onde só existiram mulheres, até ao dia em que entrou um homem, mas esse não conta. Mudou pouca coisa desde que ele foi admitido em estágio. Nomeadamente, deixámos de experimentar roupa nova à frente umas das outras - acabou-se o veste e despe em público, portanto, e passámos a ter mais cuidado com o baldinho dos pensos higiénicos. Fora isso, tudo na mesma. Quase o obrigamos a ser imune a decotes, calças justas e saias curtas. De resto, ele está agrilhoado, uma vez que não tem com quem desabafar. 

Há mais de um ano que se foi embora a Fufanã, personagem que me perseguia pelos corredores e tentava apalpar-me, não sei porquê. Porra, com tanta mulher no local, tanto pipi per metro quadrado, por que havia ela de ter logo escolhido uma senhora de idade? Questiono-me há anos sobre este fenómeno. Será que lhe dei esperanças? Algum olhar lascivo que lhe pareceu eu ter-lhe dirigido? O meu olhar é lascivo? Eu sou lasciva? Dei-lhe mais atenção do que as restantes? Nada, nada, zero. Eu sempre tive medo dela e daquele ar de quem se esqueceu de tomar as gotas hoje. Sempre me mantive afastada, jamais respondi aos inúmeros sms que ela me enviou, nunca respondi aos mails que ela, a trabalhar na sala ao lado, me enviava, cheguei mesmo a dizer-lhe coisas que, se ela tivesse dois dedos de testa, pensaria que eu não a queria metida dentro do meu decote. 

Desde que se foi embora que não abrandou o ritmo das mensagens nem dos mails. Hoje apareceu, eu estava à janela com o corpo quase todo na rua, e travámos um diálogo apaixonante:

- Então, Linda Porca, estás boa?

- Estou.

- Estás a cortar as unhas?

- Dos pés.

Talvez seja isto que a prende de amores. Ri-se tanto, dá tantos saltinhos de gozo, hoje até saiu em biquinhos de pés de tão feliz. Aquilo só pode ser o amor.

20/04/2013

Dou de mim

Pedem-me coisas. Espetam-me nas mãos um saco à porta do supermercado, para eu encher com comida e pagar à saída. Não são do Banco Alimentar, são da Cruz Vermelha. É indiferente. Estou com um mau humor do genital masculino, que já me deu créditos para três respostas tortas a três comerciantes, ou lá como é que se chamam as pessoas que estão nas lojas e mais as gajas dos stands dos bancos, que proliferam nos shoppings. Para mim já é suficientemente penoso ir ao shopping. O ar condicionado dá-me cabo da cabeça e droga-me. Acho que metem cenas nas turbinas.

- Boa tarde. O que é que posso fazer por si?

Quem é que aborda quem nestes termos, a um balcão para comprar café? Respostas possíveis? "Um clister, sonho"; "Qualquer coisa tântrica, céu". Fonix.

- Pode ir àquela estante buscar o café que eu vim aqui comprar.

Depois:

- Não, uma 2.ª via da factura não podemos passar, o nosso sistema não permite.

Cabrão, estamos a falar de uma depiladora, e estamos na Worten, não na loja de electrodomésticos do Martim Moniz! Que culpa tenho eu de ter deitado a merda da tua factura para o lixo e agora querer uma igualzinha a dizer number two?

- Boa tarde, minha senhora. Posso saber qual é a sua profissão?

- Não - Respondi eu. Ai que estúpida, esta dava para tantas! A começar pela clássica enrabadora.

Não me apetece dar. Não gosto que me façam isto, de nem me perguntar se quero receber o saco. Já estou inscrita na base de dados internacional para dar medula há dez anos e nunca fui chamada. Em dez anos, não houve um único doente em todo o mundo que fosse compatível comigo! Quantas pessoas é que morreram de leucemia e outras degenerescências da medula no mundo? Nenhuma delas tinha um perfil genético semelhante ao meu. Cada vez que, como hoje, sei que há gente a mobilizar-se para salvar uma vida e eu já sou inútil há perto de 3650 dias, fico com assim, cadela.

Ao menos dou sangue com a regularidade que o sexo me permite (de quatro em quatro meses). Sou um bocado odiosa, hoje. Adeus.


Dance with me

Estou farta de ginástica. Estou farta de me esticar toda. Estou farta de me alongar. Tenho saudades do David. Mudou de horário para um que não me serve a mim. Só se for à aula das 7:30, o que ainda não está posto de parte. Foi ele que me ensinou e ensinou o meu corpo a perceber o que é que quer dizer stretch. Só ele sabe dar aulas de localizada, a dançar o tempo todo. A dançarmos, porque era sempre eu à frente e aquilo era a dois para o povo ver. Faz-me falta a dirty dancing com o David. Faz-me falta ouvir segredado ao ouvido "Fizeste cá falta" de todas as vezes que falhei uma aula. As máquinas chateiam-me. Mesmo as dinâmicas, fartam-me. Monótonas. Preciso de voltar aos meus mooves da rumba, cha-cha-cha, mambo, salsa, merengue, samba e africanas, meu kuduro. Lucenzo, Lucenzo! Já pedi infos noutro lugar, qualquer dia mudo-me e vou dançar de uma vez por todas. Ou vou dançar com o David às 7:30.

Deslarguei esta frase # 3

Ainda não acredito que fui eu, mas sei que fui. 

Uma funcionária do local onde trabalho chama-me para ver no monitor dela a fotografia de um cesto com 4 gatos nascidos há pouco. Gatinhos, portanto. Incapaz de alinhavar melhores comentários, sai-me isto assim:

- Ai que amores. Mas não se consegue ver quais são meninos e quais são meninas.

19/04/2013

And that fucking moment when...

... aparece no local de trabalho uma colega, com o bebé que lhe nasceu há pouco tempo, e uma pessoa até está num daqueles raros momentos de introspecção que um local daqueles permite, tipo a gozar o solinho que entra pela janela, e se vê obrigada a levantar-se de onde está sentada e ir interpretar o papel que de si toda a gente espera, que é o da mãe-animal-fêmea, pegando no bebé ao colo e embevecendo-se, e toda a gente ficar deslumbrada com o quadro ai-tanto-jeito-que-tem, mas aquele é o preciso momento em que não lhe apetece mesmo?

Eu tenho problemas com doidos # 4


[11:28:22] Linda Porca: Aloha, já acordasteS?
[11:28:49] Enfermo: fod*** tou com uma malária nos cornos!
[11:29:06] Enfermo: devia tar era na caminha como o Marco Fortes
[11:29:15] Enfermo: ******** ma *****!
[11:29:26] Enfermo: e tu baby, tudo em cima?
[11:29:43] Linda Porca: tudo cá em cima, tudo azul, bro
[11:29:55] Enfermo: stars no big sky
[11:30:09] Linda Porca: isso
[11:32:18] Linda Porca: mas sentes a malária, man?
[11:32:49] Enfermo: tenho os cornos todos afetados, minha
[11:33:05] Linda Porca: hoje não davas uma para a box
[11:33:10] Enfermo: rinite que degenerou em papeira e acabou nesta malária crónica
[11:33:32] Enfermo: hoje sou um atentico escarro
[11:33:40] Linda Porca: ainda acabas cum furúnculo, vai por mim. eu foi assim que arranjei o pé chato.
[11:44:35] Enfermo: devia estar acamado num serviço de medicina tropical
[11:44:56] Enfermo: ou no ambulatório das infectó contagiosas
[11:44:59] Linda Porca: algaliado
[11:45:17] Enfermo: de roupão e soro filisológico com rodinhas pelo corredor
[11:45:40] Linda Porca: drama queen. à gajo.
[11:45:41] Enfermo: a pedir para me porem mais cenouras no almoço de peixe cozido
[11:45:50] Linda Porca: :D
[11:45:55] Enfermo: que servem às 11h30
[11:46:17] Enfermo: e rabo em vez de posta
[11:46:22] Linda Porca: com o peixe já a recozer dentro da campanulazinha
[11:46:47] Enfermo: cheio de escamas cozidas que ficam entre os dentes
[11:47:34] Linda Porca: e não há como os ir lavar e ficamos toda a tarde a cheirar a peixinho branco recozido
[11:48:46] Enfermo: o pior são as pontadas nos rinzes
[11:48:56] Enfermo: paraece uma gravidez atípica
[11:49:12] Linda Porca: pode ser. daquelas do ovo branco.
[11:49:17] Linda Porca: http://www.youtube.com/watch?v=W85ag_OQesg
[11:49:40] Enfermo: isto é muito pior
[11:49:49] Linda Porca: http://poesiaesffl.blogspot.pt/2010/01/todos-os-homens-sao-maricas-quando.html
[11:49:57] Linda Porca: do teu amigo
[11:50:04] Enfermo: se fosse só uma gripe tomava um ilvico e bebia um copo de brufen e tava a andar de mota
[11:50:20] Enfermo: com papeira não se brinca
[11:50:45] Linda Porca: se fosse só uma gripe, já estavas na cama a suar em barda e a gemer
[11:50:50] Enfermo: era
[11:51:02] Linda Porca: a tifóide faz de ti um super-herói
[11:51:44] Enfermo: nunca devia ter tirado as amigdalas, agora me dou conta da falta que fazem nestas alturas
[11:52:07] Linda Porca: eu sinto o mesmo em relação à laqueação
[11:52:50] Enfermo: do cordão umbilical, o meu também mo laquearam
[11:53:10] Enfermo: doeu comó caraças, for a sangue frio
[11:53:12] Linda Porca: agora até queria espetar um piercing, estou neste dilema
[11:53:30] Linda Porca: "eles" acham que a malta não se lembra mais tarde
[11:53:42] Enfermo: cheguei lá acima e quiseram logo laquear-me o cordão, nem perguntaram ao médico
[11:54:02] Linda Porca: quantos eram os gajos? a ver se foi parecido como a mim
[11:54:30] Enfermo: vários
[11:54:52] Linda Porca: a mim aproveitaram-se de eu ser fraca e foi uma festa
[11:55:02] Enfermo: só me lembro de baixarem o estore à pressa para não se perceber nada lá de fora
[11:55:31] Linda Porca: fizeram-te na insonorizada? a mim foi, por causa da chinfrineira
[11:56:10] Linda Porca: depois ainda se gemeram, as meninas, porque ficaram todos rotos
[11:56:21] Enfermo: nós não tínhamos dinheiro para esses luxos, foi tudo ali no meio
[11:57:12] Linda Porca: nós não pagámos mais! não passasteS tu pela alta segurança, como eu, senão já ias a ver se não te davam o mesmo tratamento
[11:57:47] Linda Porca: sabes o que eu te digo da experiência?
[11:58:11] Linda Porca: mais vale levar com elas todas e seja o que deus nosso senhor jesus cristo quiser
[11:59:22] Enfermo: conheço um amigo meu que uma vez barrou vick vaporub numa carcaça e comeu, em vez de tulicreme avelãs
[11:59:38] Enfermo: dá cá um esticão na garganta!
[12:00:19] Linda Porca: mas depois não se tornou um senhor?
[12:00:37] Enfermo: o mentol é f*****!
[12:01:03] Linda Porca: mas desceu-lhe?

Teoria da conspiração

É uma mania minha, só mais uma. 

Eu não acredito que alguém seja tão estúpido que grave um vídeo com este texto: 


Já não sendo o primeiro que aparece no Ask.fm a fornecer material ao Salvador Martinha (antes deste, ficou mais ou menos famoso o da "Pita Corada"), que é aquela pessoa que surgiu há pouco, com uma indómita vontade de ocupar um lugar no humor deste país de gente porreira e castiça. Ele pega nos textos e faz isto

Tal como nunca acreditei que a Katyzinha existisse mesmo (isto é, que fosse mesmo aquela bruxa gorda - esta parte devia ser mesmo verdade, as imagens não mentem -, de robe e despenteada, a destilar fel para todos os lados) e não fosse um boneco inventado por uma miúda para quem ninguém sequer olhava lá na escola e sem mais nada para fazer, agora também me pergunto se esta palerma não se prestou a este papelão só para ganhar umas lecas e não está a visionar bem o sucesso que vai fazer lá na escolinha dela, quando for o alvo da bullada com a única mensagem que se retira da brincadeira: "Eu ad-ad-ooro pila!". Ou então, a maluca sou eu, e esta é só mais uma candidata a, anos mais tarde, poder queixar-se da merda que foi andar na secundária. 

Momento cultural


Eu também te brutalizo e não te deixo tão maltratado, môri.

(a notícia propriamente dita, que era o que interessava ler agora, não se consegue inserir inteira, pelo que, se pretendeis fazê-lo, é comprardes o pasquim, que eu não posso fazer tudo)

Deslarguei esta frase # 2

Em resposta a quem me fez a fineza de me dizer "Tu és a luz daquela casa":

Mas eu bruxuleio.

(verbo a reter, conjugado exactamente assim - 1.ª pessoa, presente do indicativo)

18/04/2013

Deslarguei esta frase # 1

Apetece-me sempre um drama quando comi cebola ao jantar e não arranjo outra desculpa para chorar.

17/04/2013

Eu tenho problemas com médicos # 6

Numa consulta de cirurgia plástica a que me sujeitei - eu sei que não preciso, mas vou na mesma. Eu quero - , o que há para contar aconteceu logo à chegada, ainda eu não conhecia o médico. Ao balcão, a preencher a ficha, sai-me à sorte uma empregada muito nervosa, que me pediu várias vezes o número de contribuinte e que, de todas elas, me disse "É muito importante o número de contribuinte", como se a vida dela dependesse daquilo. Depois pediu-me o nome completo, a morada, cagou um bocado para os meus antecedentes médicos ou para quem me tinha recomendado aquela clínica, até que voltou a pedir-me o número de contribuinte. Devia estar no site das Finanças naquele momento, porque mal digitou o número deu um gritinho "Ah!", tipo "Helooo para mim, escusava de ter estado a escrever, está tudo aqui!"

Nisto, sai do gabinete do médico uma altona-lourona (falsa!)-magrona empinada nuns saltos agulha de 15 cm e eu, quase fascinada com aquilo, desato a olhar para ela pelo rabo do olho. Vislumbro um perfil marcado pelo maior nariz do mundo e pensei "Pois, coitada". Sai-se ela com esta:

- Eu depois telefono para cá e falo com o doutor, e então marcamos a data. Ainda não estou muito certa se faço a operação...

E eu, em pensamentos, "Mas ainda pões a hipótese de não operar ISSO?"

É quando ela se vira de frente para mim, não sei porquê (medo, pânico, terror!) e, ao mesmo tempo que eu me apercebo que ela tem as maiores e mais espetadas orelhas do mundo, ela completa a frase: 

- ... às orelhas!



Eu tenho problemas com doidos # 3

Entro na Rituals para comprar o meu creme. Isto é uma coisa normal.

O meu creme está esgotado. Isto é uma coisa normal.

Pergunto à empregada quando é que volta a haver o meu creme. Algo mais normal do que isto?

Responde-me que...

Ele virá, mas também virá uma gama nova, com um conceito que eu gosto muito. Fala-nos acerca de um monge, que se fez buda, que normalmente até é representado com as orelhas assim maiores [gesto a mostrar o que são "orelhas assim maiores"] e com um saco à costas [gesto a mostrar o que é "um saco às costas"]. Por onde ele passava, só o sorriso dele deixava as pessoas bem. E dizem que dá sorte, paz e tranquilidade esfregar uma mão assim na barriga dele [gesto a esfregar a própria barriga - enorme, não gravídica].

16/04/2013

O meu estilo Michelle Obama

Eu adoro os vestidos da Michelle Obama. Vai daí, copiei-lhe o estilo e tenho dúzias. O último que comprei, tenho que dizer aqui (ai é que eu sou muito justa, tanto dou para o bem como dou para o mal): é da Benetton. Não caiam na mesma que eu caí.

O vestido começou por me dar muitas alegrias. Comprei o M a achar que, mesmo assim, me devia estar apertado. Experimentei-o em casa, porque tenho um grande problema com provadores - só o nome... - e, para além de ter umas folgas de lado, tinha um bico da mama invertido. A costura do contorno mamário, do lado esquerdo, levava a que eu ficasse com a aparência de ter um bico torto, não sei se me faço entender. Nada de grave, tendo em conta que o ia trocar pelo número abaixo. Fui mesmo contentinha trocar pelo S. Olhei para ele e duvidei que me servisse. Eu não tenho mesmo noção destas medidas de sereia com pernas de mulher (frase gamada ao surfista solitário, sim). Só não duvidei que fosse possível este exemplar também trazer o bico invertido. O esquerdo.

Não, a sério. Eu sou uma senhora de idade, mas tenho todos - todos, sem excepção - os problemas de uma super white girl

A primeira vez que o vesti, já estava na hora de sair, agarrei em agulha e linha e vai de tentar remediar o mamilo torto com o coiso vestido e tudo. Isso levou a que ficasse ainda mais estranho, tipo mamilo mordido por um cão raivoso. Antes de o vestir pela segunda vez, desfiz o disparate e refiz a costura sem ter o vestido vestido (não, não estou gaga, substantivo e verbo), portanto, sem medos nem nervos. Quando o fui a vestir pela segunda vez, ou seja, hoje, o mamilo esquerdo estava achatado e em forma de estrela. Entre ter um mamilo retraído ou um mamilo achatado, eu não tenho escolha - não quero nenhum. Assim, cortei à tesourada a última costura que tinha feito e deixei a original, da Benetton, que faz de mim uma interessante senhora, com um mamilo bonito e um mamilo feio.

Ainda assim, valeu a pena. O vestido faz-me magra-magra-magra, pelo que as gajas do trabalho me trataram mal todo o dia. Bitches, I'm too sexy for your spot.



Eu tenho problemas com doidos # 2

Eu quis ir à bola ver o meu Benfica, mas sem pagar. Afinei os meus contactos, abordei a pessoa certa e a pessoa certa pôs-me em contacto com quem me podia arranjar bilhetes à borla. Note-se que a pessoa certa  trabalha comigo e transmitiu-lhe o cerimonial dos títulos académicos todos. Isto só é importante para se perceber o contexto do que veio a seguir. Aprimorei a voz, uma vez que se tratava de um homem e nessas coisas de pedir favorzinhos, nunca se sabe o que nos vem pela frente e mais vale prevenir, seduzindo. A conversa que se seguiu foi só mais uma prova provada da atracção que eu exerço sobre os loucos.

Linda Porca com voz de jantes de liga leve - Boa tarde. Fala Linda Porca, do [escritório, fábrica, mina, trottoir, não vos interessa] da Mafalda. Ela disse-me que o senhor arranjava bilhetes para o jogo de hoje...

Doido - Olá, pá, ´tás boa? Olha, onde é que tu ´tás?

Linda Porca já sem voz de jantes de liga leve - No metro, quase a chegar ao Campo Grande...

Doido - Eh, pá, eu ´tou longe, ´tou em Sintra.

Linda Porca a perder completamente a noção, diz, mas só em pensamentos, porque ainda é uma senhora: "Foda-se, pá, em Sintra? ´Tás longe cumó ca****o, pá!"

Doido - Olha lá, pá, quantos é que queres?

Linda Porca, a entrar na onda do doido - Olha lá, pá, quantos é que consegues?

Bom, resumindo: bola à borla, granda joga, mas um tempo merdoso, porque nem tudo pode ser perfeito e, para isso, já basto eu.


Hot Jesus ass



Anda aí o femedo todo, especialmente as americanas, num grande excitamento com o Diogo Morgado a fazer de Jesus no filme "A Bíblia". Não vou ver. O tema não me interessa, o Diogo idem, e estou-me um bocado a cagar para o facto de a Oprah o ter entrevistado, assim como para o facto de as americanas já lhe chamarem "Hot Jesus". Nunca atinei com os programas da Oprah, nunca consegui ver nenhum até ao fim, aquilo é uma chachada de lagrimedo que mete dó. Parece aquele outro, o careca Dr. não sei das quantas, que remelga os olhos para os convidados e os obriga a dizer "Eu sou um verme". Também nunca papei esse até ao fim, daí que até possa estar a fazer um juízo estúpido. Mas isto aqui é meu, eu faço os juízos estúpidos que me apetecer. O Diogo propriamente dito tem um cagueiro demasiado grande para pessoas esquisitas como eu acharem que ele é hot em alguma parte do corpo ou do mundo. Também não sou fã de um sorriso tão estudado,  tão anos 2000, tão social, emoldurado por uma barba demasiado bem talhada. E aquele olhar a dizer "Hei, babe, bora para o duche?" é que não combina mesmo com o de um homem pobre, descalço, humilde, mártir, nazareno, desgraçado, que viveu há perto de 2000 anos. Acredite-se ou não.

15/04/2013

Run, Linda Porca, run!

Esperam-me duas corridas nos próximos tempos. Tenho que ganhar as taças (não há taças? Medalhas, pá. Chupa-chupas, prontos), de outra maneira não faria sentido ir a correr feita parva. Aliás, em qualquer corrida eu preciso de uma meta. Não adianta interiorizar que vou correr 1 km, ou 20 minutos, ou o caraças. Tenho que ter um objectivo. Só que não sei bem quais são os objectivos destas duas. Quer dizer, tenho uma ideia vaga, quanto à primeira, só não percebo muito bem a ideia subjacente a "corrida contra" o que quer que seja. Corrida contra o cancro.

Faltam poucos dias para a corrida Sempre Mulher. Já estou habituada, não é a primeira a que vou. Já fui com as gajas, aldrabámos aquilo tudo, fizemos corta-caminho - literalmente -, metemos por vielas que cortavam as pistas a meio, comprámos t-shirts lindas e estupidamente quentes, daquelas de deixar uma sempre mulher suada como um porco. A ver se desta vez fazemos aquilo com pés, já não digo com cabeça. Vamos correr contra o cancro da mama, em homenagem a uma próxima de todas que se nos foi por culpa dele.

Quando for a outra, a Color Run, já vai estar calor a doer e já temos grupo. Aliás, temos um grupo tão grande que ou o partimos em dois ou temos que fazer um mega-grupo. Eu levo as gajas. A minha companheira de trabalho leva mais gajas. Já houve cena na escolha do nome do grupo. Eu sugeri "Lindas Porcas", as gajas exultaram de gozo e alegria, o único rapaz que, até agora, alinhou connosco no grupo, achou que "Arco Íris" era melhor. Designer gráfico, vive noutro planeta. Não sabe que arco-íris é o símbolo gay e nós não queremos hastear bandeiras, que amooor. É claro que não lhe vamos fazer a vontade. Íris.

Não percebo o objectivo desta, mas vou na mesma. Espero que só me pintem de azul. Até aos dentes. Eu gosto mesmo é de azul. Já devo ter sido avatar noutra encarnação. Ou vou ser na próxima.

Dediquem-se à pesca, vá lá

Que já não chovia mais. Que já não chovia nos próximos dez dias. Hoje de manhã viu-se. Viu o meu vidro, viu o meu limpa pára-brisas. Se eu tivesse uma profissão em que o número de falhanços por ano fosse superior ao número de vitórias - caso dos metereólogos, para quem ainda não pescou - dedicava-me a outra coisa. Tanta escada para lavar.

13/04/2013

Quando Deus fez uma panela...

... fez logo uma tampa para ela.

Um ditado em que eu acredito tanto. E que hoje me saltou à vista assim:




A exposição da Joana-mania-das-grandezas é para ser vista a um dia de semana - fila de 150 pessoas para comprar entradas, fila de 150 pessoas para entrar, dentro do Palácio anda-se com mais 50 alapadas a nós, excessivamente ocupadas em registar e muito pouco em ver. 

Ao sábado dão-se cenas. Famílias portuguesas (só vi 4 turistas, todos do mesmo grupo). Um tio a desabafar "Isto parece a Disney" (a referir-se às filinhas pirilau), uma mãe e sua filha de 13 anos a discutirem até ao infinito e mais além "É um sapato - não, são panelas - é um sapato - não, são panelas", milhares de criancinhas sem qualquer tipo de interesse na questão, mas que não tinham aonde ficar. Eu percebo. Mas não aceito nem perdoo. E há quem se peide, também. O fenómeno das multidões, vão ali, no meio de tanta gente, ffffff, de mansinho, um flatozinho de oferta aos irmãos. 

Por falar nisso, vi os tampões. São mesmo a sério, dão para aí para uma vida inteira de ciclos menstruais de uma mulher, sem gravidezes incluídas. Muito bem pensado para oferecer a uma filha no dia da menarca (a sério, sou tão culta que até enojo). São o.b. sem aplicador. Estive mesmo lá ao lado e vi. o.b.





12/04/2013

Artuuuur

Toda a gente tem épocas em que uma música lhe baila na cabeça. Isto sou eu a tentar justificar a cerebral juke que tenho instalada, onde dispara uma musiquinha a propos de tudo e mais alguma coisa. E é uma juke absolutamente arbitrária, pode ser com pimba (grande prevalência), pop rock ou o que calhar. Raramente me dá para Stravinsky mas, em se proporcionando, não vejo por que não. A mim basta-me, por exemplo, alguém ao pé de mim iniciar uma eloquente alocução com a palavra "Peguei", que eu canto mentalmente "... brinquei, ri, meti-te na cesta". É quase trágico. Aquela música que nos toca ao ouvido, mesmo sem a pormos a tocar, que não nos deixa dormir e nos acorda de noite, sabem? Não sabem. Pois. Eu sempre achei que a minha mãe me deixou cair vezes a mais. 

Ando há cerca de um mês a cantar "Something left to give", de um grupo (The Starting Line) que desconhecia existir e que, até prova em contrário, não me arrastará para um festival (eu nem posso escrever a palavra festival que me lembro logo do Super Bock e daquele galo). 

Mas. 

O Benfica e a Adidas fizeram um spot. Fizeram O spot. Que acho que só passa naquele canal de merda a que só alguns privilegiados como eu têm acesso. E usaram a música que me transborda no momento, vai para mais de quatro semanas. E usaram como cenário um local onde eu passo praticamente todos os dias. E usaram o Artur.

O Artur. O Artur é o guarda-redes d' O clube. É aquele que está quietinho mais tempo, o que corre menos, o que tem que ter as melhores mãos, o que não sai tão suado no final dos jogos. E é o único que sabe tirar a camisola e oferecê-la a uma mulher com uma pinta que até podia suá-la mais, era na boa.



Tristes notícias...

... para os deprimentes que gostam de chuva e de ver chover e essas deprimências todas. Hoje não chove. Não chove nos próximos dez dias. Portanto, a vossa noção de romantismo ver-as-gotas-a-bater-na-janela-enquanto-eu-roço-o-cu-na-lareira, foi-se, por ora. Precisais todos de apanhar uma daquelas molhas monumentais, acrescida de jactos ofertados pelos automóveis e seguida de uma ida para local onde não há como mudar de roupa e calçado para vos passar a mania.

11/04/2013

Rechona

Já que estou na senda dos posts com publicidade encapotada, para a qual ninguém me paga, mas e uma vez que eu sou tão boa, vai mais um. Por motivos que para aqui não interessam, fui ao hipermercado comprar desodorizante Rexona. Não digo qual é o hipermercado porque a publicidade tem limites e não estou a ver o Belmiro de Azevedo a dar-me a mão para nada, como eu podia estar agora a fazer-lhe a ele. Dei mil voltas ao espaço onde se encontravam os desodorizantes e nada do Rexona. Tive o cuidado de me deter um pouco no expositor das fêmeas, uma vez que era para uma que o andava a procurar. Voltei a dar voltas, passo o pleonasmo. Até que vejo Rexonas por todo o lado num expositor do lado inverso àquele aonde me havia detido momentos antes. Ah, mas são azuis. Ah, mas são para macho. Rexona para fêmea. Rexalho para macho, pensei eu.

Era só isto.

69 visualizações de página

É o que eu tenho neste momento. Tendo em conta que não divulguei este coiso, não comentei em lado nenhum com este perfil, que metade das visualizações sou eu que as faço a editar os textos, houve para aí uns 30 incautos que caíram aqui ao engano, atrás de informações sobre porcos.

Somos 69, pá!

09/04/2013

LinkedIn


O LinkedIn é um site profissional. Existe para que as pessoas possam divulgar currículos, oportunidades de carreira, de emprego, trocar experiências no campo profissional, etc. e etc. As pessoas põem lá a sua fotografia de perfil para se identificarem, não para se exibirem. Parece-me. Porém, há quem não saiba isso. Vamos então assumir que eu me chamo mesmo Linda Porca e que existe um senhor no LinkedIn que não sabe para o que é que aquilo serve e, vá, eu sou boa, não o identifico.



LinkedIn
Sem Semancol enviou uma mensagem para você.
Data: 02/04/2013
Assunto: Amizade
Olá Linda Porca tudo bem consigo? Eu chamo-me Sem Semancol tenho 37 anos sou solteiro e sou de Salvaterra de Magos distrito de Santarém, quero ser seu amigo no Linkedin não perdemos nada em fazermos amizade um com outro só amizade nada mais.


Ora bem. Sem Semancol está quinado comigo, logo à partida porque tem dois inultrapassáveis defeitos: 
1. Não é amigo da vírgula e eu isso não perdoo num homem. Pode ser o mais bom, o mais giro, o mais completo. Não usa a vírgula, fora;
2. Sem Semancol toma-me por estúpida. Explica-me que Salvaterra de Magos é distrito de Santarém. Porque eu posso não saber. Morre.

08/04/2013

Eu tenho problemas com doidos # 1

Ainda tão pequenino, o meu pobre blogue, e já podia ter um nome alternativo, "Eu tenho problemas".

Mas tenho, e com várias categorias de pessoas, de entre as quais os doidos. É preocupante pensar que Lei da Atracção diz que nós atraímos o que somos. Tendo em conta que eu atraio doidos, bêbados, cães e pessoas tristes, isto faz de mim uma... desfocada?

Estou num local público, onde estão centenas de pessoas, vejo um louco ao longe e penso: "Aposto o meu braço direito em como é comigo que aquele se vem meter". Centenas. Ou largas dezenas. Vem lá do fundo a cantar alto, aproxima-se, olha para mim, pára. Claro.

- Olha, já se pode cantar à vontade agora?

- À vontade.

- És bonita, pá (Pá, adorei. O sotaque angolano, a ênfase na palavra "bonita", a sinceridade, a intimidade do "pá").

- Obrigada, pá.

A rirmo-nos os dois, de repente já éramos compinchas.

- Olha lá, a tua colega? (É que nem sei do que é que ele fala, mas quem sou eu para contrariar um doido?)

- Sei lá, pá, acho que já se foi embora.

- Mentirosa!

- Pois sou!

Outra vez a rirmos, outra vez compinchas. Trabalhamos - embora ele de forma menos ortodoxa do que eu - na mesma área, qualquer dia cumprimentamo-nos com os punhos cerrados, dread.


07/04/2013

Eu tenho problemas com médicos # 5

Fui ao oftalmologista há uns meses. Talvez há uns doze, mas há uns meses na mesma. Para variar, sem queixas. Toda a gente vai ao oftalmologista, eu também queria ver - ver, literalmente - como é.

Entro e sento-me na cadeira da observação, que tem as costas muito direitas. Ele senta-se à minha frente, com os joelhos a 5 centímetros dos meus. Ou a 4, não medi bem, não por falta de vista, mas porque fiquei levemente atrapalhada com o excesso de confiança. Pergunta da praxe, ao que vem, do que se queixa, eu de nada. Então...? Vim, porque toda a gente na minha idade vê mal e eu, de duas, uma: ou também vejo mal e não sei, ou vejo bem e sou anormal ocular. Todo contente, garantiu-me que era a primeira hipótese. "Tem que ver mal". Tá certo. Vê bem as letrinhas do telemóvel, quando lhe mandam uma mensagem? Sim. Vê bem as letras dos livros, sem ter que afastar um bocadinho o livro, para focar? Sim. Vê bem as letras ao longe, mesmo à noite, as das iluminações? Sim. Não, tem que ver mal, se não vê mal ao perto, vê de certeza mal ao longe. Ah, tá.

Ilumina o quadro das letras - por acaso não duvidou da minha alfabetização -, lá ao fundo, manda-me tapar um olho e pergunta-mas uma a uma. Acerto-lhas todas, até as mais pequeninas. Tapo o outro olho e o outro é tão bom como o outro. Ele ainda nada vencido, desconfiado que há ali truque. "Se vê bem ao longe, tem que ver mal ao perto", sempre a repetir a ideia abstrôncia. Mostra-me letrinhas de cábula e eu leio-lhe o conteúdo. Não desarma. Põe-me à frente da máquina para me observar os olhos por dentro. Eu e os médicos, les-yeux-dans-les-yeux, este literalmente. Olho de frente a luz que ele me aponta enquanto me penetra os olhos à vez e digo, estupidamente: "Eu tenho muita sorte". É o momento em que ele desvia a cara da armação de observação, olha para mim e diz "Se tem! Você nem sabe a sorte que tem..."

Fez-me prometer que voltava lá dali a seis meses, "só para ver se está tudo bem". Magano, achas?

Eu tenho problemas com médicos # 4

Depois de ter despedido dois dentistas - o primeiro foi o tal que só me achou bela já eu não queria nada com ele nem com a broca dele -, arrisquei um terceiro. Ainda só lá fui uma vez, porque sou tão vacuda que nunca preciso. Nem pedras fabrico, nem dores tenho. Penso até que sou um pouco santa, só isso explica a falta/resistência à dor que me assiste.

Este sim, rapaz bem apessoado. Sento-me na cadeirinha de barbeiro (nunca reparasteis na semelhança? Tem a ver com a origem das duas profissões, nada que agradecer) e ele olha-me nos olhos. Mau. Ao menos este tem uns olhos bonitos. Queixas? Não tenho. Eu frequento médicos porque as outras pessoas também frequentam. Ou não levo uma queixa de jeito, ou simplesmente não levo nada. Se calhar por isso o ambiente constrangedor que se gera entre mim e o profissional de cada foro. Não há nada para dizer. De que se queixa? De nada. O que lhe dói? Nada. Haverá maior turn off para um médico do que isto? Enfim, com este, vai de ser criativa, até porque a SPAMD, ou lá o que é (aquela da medicina dentária, que manda tratar dos spams dos dentes) manda que vamos ao dentista duas vezes por ano, espaçadas uma da outra. Não dá para dar duas seguidas e arrumar a questão. Vai daí, queixei-me dos queixos. Disse-lhe que estalava quando mastigava. Que ouvia barulhos mesmo ao pé dos ouvidos ao mastigar. Ele atento. Eu a criar uma sit, para mim nada com. Devo-me ter entusiasmado pelo silêncio compreensivo dele e pelos olhos doces, e ainda avancei um bocadinho no exagero: "Neste momento, nem vale a pena estar acompanhada quando estou à mesa, não ouço nada do que as pessoas dizem, tal é a barulheira dentro da minha cabeça".

Foi quando ele começou a desenvolver a teoria estúpida dele. Como numa maratona, a ver quem consegue ir mais longe. Então, perguntou-me se eu sou flexível. Sim. Se eu chego com as pontas dos dedos ao chão, estando de pé com as pernas esticadas. Sim, chego com as palmas e ainda dobro os cotovelos até aos 45º. Se eu faço a espargata. Essa já me deu para desconfiar, mas fui sincera na mesma. Sim, se for a perna esquerda que vai à frente. Depois ele explicou que eu posso ter o disco do maxilar (?) desgastado, de tanto mastigar. Só se podia estar a referir às pastilhas elásticas, que eu dou ares de tudo menos de comilona. Pelo menos, não de comida-fude.

Também me disse que o maxilar naquele estado pode levar a dores de cabeça e até de costas, por vias do pescoço. Eu ainda não estava contente com a quantidade de artoadas que já tinha ali deslargado, e queria mesmo ganhar aquela maratona. Então palpitei assim: "Ah, então, se calhar, o meu maxilar estala por causa do pé chato".

Pronto, ganhei. A cara dele disse-me que eu é que fui para o pódio. Heh, este era dos fáceis.

BTW, deixei de estalar dos queixos. Mas o pé continua chato cumá porra.

Como peixe fora de água

Tenho que fazer uma pausa nos meus médicos, senão ainda paro no psiquiatra e esse quero-o longe, por uma questão de superstição.

É que hoje fui nadar. Que para manter isto tudo com ar de menos 10 (sou tão modesta. Menos 15, pronto), há que dar qualquer coisa em troca. Nadar é bom, faz bem a tudo. O que não faz bem a nada e ainda esfola o ego é aquela porra daqueles fatos-de-banho que as piscinas exigem que uma pessoa leve. Eu tenho uma imagem a defender. Eu vou para aquele ginásio linda, leve e loira (só o primeiro L, na verdade) mas, quando se trata da piscina, metade do tempo passo-o a fazer uma reza qualquer para que ninguém conhecido me veja. O que inclui os PTs todos do ginásio, praticamente todos apaixonados por mim, que é um desassossego. O meu PT em particular, que é latagão para quase 2 metros de altura - o que, só em milímetros, dá uns 2000 - diz-me amiúde, quando me encontra "Linda. Estás linda!". Maluco.

A indumentária da piscina é que me lixa, por mais que goste de lá ir. Está por inventar o fato-de-banho (só o nome...) que não faça de mim uma garrafa, daquelas todas a direito, no boobs. Incrível a forma como aquilo me mastectomiza em segundos. E me saem carnes pelas alças que eu não possuo. E o quão rigorosa tem que ser a depilação das virilhas, apesar de as cavas daquilo serem tão pouco cavadas. Não se aproveita nada de mim com o escafandro corta-tesão que aquilo é. No fim, cereja no topo do bolo, a puta da touca. Eu até posso ter uma caixa craniana linda - que tenho - mas não há modo de não parecer um teletubbie, mas sem antena. Ah, e não tão fofis. Já a pessoa está suficientemente enxovalhada a ver-se ao espelho do balneário, ainda tem que ir de chinelos, parece que para evitar fungos e unhas quebradiças à cause. Façam-me lá o favor, inventem uma fatiota que me devolva as curvonas ou deixem-me levar os meus super-biquinis para a banheira. E fora com a puta!

Eu tenho problemas com médicos # 3

Um dia fui a um dermatologista porque tinha caroços a nascerem-me nas axilas a um ritmo que só conheço a uma oliveira. Estavam mais que 35º em Lisboa e, quando lá cheguei, por muito lavada e desodorizada que fosse, já me sentia uma pasta de refogado ao qual se juntou farinha. Fui dar com um médico jovem, nem bonito, nem feio, mas cheio de gula, o que, aparentemente, também incluía as minhas axilas. Entrei no gabinete e ele colou os olhos nos meus para não mais descolar. Disse-lhe o que se passava e os olhos dele a penetrarem-me. Mais e mais fundo. Ora, eu também não sou menina de desviar o olhar, menos ainda com um médico que está ali para, apesar de estarem quase 40º lá fora e eu estar suada como um estivador, me ouvir. O homem começa a aproximar-se cada vez mais da minha cara e eu ponderei seriamente a hipótese de ele me querer beijar na boca. Foi quando lhe exibi as axilas, em cheio. Só que isso não o demoveu, pelo contrário. Agarrou-se a elas e observou-as tão de perto que pensei mesmo que mas fosse lamber e chamar-me Tarzan (ou Jane. Ou Chita). Disse-me qualquer coisa onde se incluía a palavra anti-inflamatório, numa altura em que eu já pensava em tudo menos no que ali me levava ("Empurro-o?", "Se ele me ataca, bato-lhe?", "Mas o que é que este infeliz tem, se quem vem do calor sou eu?"), eu ouvi mais ou menos, sempre les yeux-dans-les-yeux - que eu sou valente - e saí, sem correr. Aproveitei mesmo os últimos segundos, antes de sair, para lhe mostrar "o resto": saí a bambolear, o meu rabo a dizer "Parvo, estiveste a perder tempo com um belo par de olhos e umas axilas completamente vulgares".

Eu tenho problemas com médicos # 2


O meu primeiro dentista estava apaixonado pela minha irmã, que só tem mais um ano que eu, pelo que, a ela, pôs-lhe aparelho nos dentes e a mim não. O que foi uma grande mais-valia, já que, enquanto os dentes dela, aqueles onde os arames do aparelho assentaram, se foram todos com os porcos, eu sou a tal bafejada que ainda tem 28 dentes com esta provecta idade, e só não já 32 porque os sisos tiveram que saltar fora por falta de espaço. Embora, enfim, não tenha sido isso que me tirou o juízo. O sacana do homem passava as consultas a tecer rasgados elogios à beleza dela, e ignorava-me, o que, a bem da verdade, só me incomodava porque comigo ele só tinha desejos sádicos, que me inflingiam dor, e para ela ficavam as massas a saber a pastilha e a mentol. No fundo, ele tinha razão em não me considerar bela, porque aos 11 anos eu era, de facto, um... pá, patinho feio não é bem, e é tão cliché. Era completamente sem graça, ainda não tinha chegado à puberdade e usava o cabelo à tigela. Era como sou hoje, só que de cabelo à tigela e sem mamas. Deixei crescer as duas coisas e, uns poucos anos mais tarde, já a transformação em cisne se tinha dado. O homem viu-me e exclamou "Ah, mas esta também é tão bonita! Querida, queres pôr um aparelho nos dentes?", mas eu, não sei se ainda sentida pelo anterior desprezo, disse "Não". E foi o melhor não que eu dei a alguém. Os meus dentes nunca foram ao lugar, também nunca foram muito tortos, e são tão brancos que dá gosto lambê-los, eu que o diga.


Eu tenho problemas com médicos # 1

As minhas idas ao médico são e sempre foram um grande problema. Para eles. Penso que passei, como toda a gente, pelo terror da bata branca, embora acredite que tenham sido pessoas como eu que fizeram com que algumas especialidades tenham desistido do uso da bata e tenham deixado esse quase exclusivo para os senhores da PC Clinic (aqueles dos computadores), que me faz passar a metros de distância ainda hoje, só de visionar os rapazes atrás do balcão com aquelas batinhas brancas e ar de quem me vai analisar contra a minha vontade (brutos!).



O pediatra teve mesmo que me expulsar do consultório, ao cabo de umas quantas cenas que lhe punham a clientela da sala de espera toda aos gritos, solidários com a chinfrineira que eu fazia no gabinete do consultório. Acredito piamente que fui responsável pela debandada de alguns fregueses, subitamente incrédulos na certeza das capacidades profissionais do senhor, talvez pré-traumatizados (noção antagónica à do stress pós-traumático, que acabei de inventar. Mas vou registar a patente, com muitos R, nem pensem em roubar à parva) pela imagem mental do inferno que eu conseguia transmitir lá de dentro. Naquele tempo, era o pediatra que nos aplicava as vacinas. Eu disse bem, aplicava. Golpes de rins, golpes de karaté, golpes baixos, enfim, golpes. As vacinas eram feitas em laboratório, mas para cavalos, e depois aplicadas em crianças inocentes como eu. Ficávamos doentíssimos depois daquilo, já para não falar das dores escruciantes que nos proporcionava a imunização. Não conheço ninguém da minha idade que não preferisse ter um bom tétano a ser vacinado contra ele. E lembro-me claramente de mim mesma a fazer uma placagem à marquesa do médico, a trepar por ela, não numa de menina obediente "toma lá o meu cuzinho", mas numa de cabra endoidecida, para me escapar à figura tétrica do senhor. E de a marquesa ter aquele papel que escorregava na justa medida em que eu me agarrava a ele, de o puxar e ele soltar-se, de o atirar para o chão, de fazer uma descolagem do solo, ao saltar para cima da marquesa e, em desespero, ainda conseguir um último voo ascendente para o topo do armário de metal que estava mesmo ao lado da marquesa, a berrar cada vez mais alto. A minha mãe a morrer de vergonha, "Desce daí, Linda Porca!" e eu ai não, só se me prometerem... pois, uma vez barricada, num plano superior, que me dava uma ilusão, lá está, de superioridade, vai de fazer as minhas exigências. Primeira, entre gritos, "Só se não me vacinarem!", a falar para aquela plateia de duas pessoas (três, normalmente nesta altura já o gabinete tinha recebido reforços e a enfermeira já se tinha juntado à pequena multidão que me queria sacrificar). Nada feito. Inamovíveis. E eu a saber que não podia passar ali o dia todo. Os bebés da sala de espera, logo ali ao lado, em prantos de fazer chorar as pedrinhas da calçada. Começava então a ceder nas minhas exigências: "Só se não doer!". E caía sempre na promessa nunca cumprida do povo, lá em baixo, que me fazia descer em segurança e se conluiava para me tomar o nalguedo de assalto com um canhão carregado não sei com que merda de munição, que nunca deve ter ficado bem injectada ou era mesmo para burros, porque eu tive todas as doenças infantis que se possa imaginar. Todas. 


O milagre de cada dia. Uma criança acaba de nascer.

Já criei isto ontem, mas a escolha do fundo e da barra do título levou-me tantas horas que, no final, estava em esgotamento cerebral, pelo que resolvi ir verificar se tinha ganho o euromilhões, para, ao menos, justificar a minha excentricidade. Como não, o meu estado psiquiátrico agravou-se e então fui fazer chichi, de maneira que nunca mais me lembrei de escrever um post. Mas agora isto vai a eito (este anormal não conhece a palavra eito. eito. eito. eito. tudo sublinhado a encarnado).