Então, eu vou contar qual é o meu nível de influência nos resultados de a bola, e depois vocês mo confirmam, ou não.
Eu sou uma pessoa humana que, de cada vez que entra numa sala onde está a decorrer um relato, quer ao nível televisivo, quer ao nível radiofónico, dá-se um golo. É um fenómeno que ocorre desde que sou petiza, e para o qual não encontro outra explicação, a não ser a do acaso, ou de possuir qualidades tipo medium do chuto. O único senão disto aqui — é que não há bela sem ele — é o de não ter controle sobre a direcção da esfera, e tanto me dar para a baliza que eu gostaria, como para a do adversário, o que constitui uma grande adversidade.
Ontem estava com gulas de franga mais batatas fritas em óleo de automóvel mais cerveja beijeca estupidamente loira e gelada, e parti em demanda.
(Bem sei que era muito mais blogger da minha parte vir para aqui falar dos caviares e champanhes Don não sei quantos, mas que quereis de uma doce parola, cujo príncipe encantado ou vem de garrafa de mini no sovaco, ou pode ir declamar para o deserto aos peixes?)
(Bem sei que o colesterol e as coronárias e o genital, mas ó: se me falharem as lindinhas, falham-me felizes, e o resto é fado.)
Depois de ter dado numa porta com aquele que é o orgulho da minha mãe e para o qual eu já devia ter feito um seguro para tamanha perfeição, mudei-me para outra frangaria. Assim que entrei, o bafo era uma coisa de me assar a mim mesma, logo à entrada. Deu-se que envergava o vestido verde, aquele tal que, apesar de fazer de mim uma menina em idade escolar, foi aqui há um ano tema de conversa cá no buraco, só porque o enfiei em óleo (um vestido de seda da Stefanel, ou pensam que eu meto no óleo qualquer trapo?). Ora, o referido vestido enche-se de manchas escuras assim que eu suo, desde a barriga, às costas, e, vá-se lá perceber por que não, menos na sovacada. Era eu às malhas e o empregado a suar como um condenado, enquanto as aves, na grelha, praticavam Pilates. (Aquela cena de rolar como um frango no espeto, como diz Pilateiro.) Então, encetei o diálogo futebolístico, enquanto esperava que acabasse a aula às galinhas depenadas:
- Estamos a quantos?
- Zero a zero.
- Então estamos a ganhar.
E dá-se o primeiro golo.
O homem começa a escorrer ainda mais suor por todos os poros, pede à Dona não sei quê para ligar a ventoinha e confessa-se cheio de tonturas.
A pessoa, que deve ter sido torturador noutra encarnação, insiste:
- Mais um, que é para ficarmos confortáveis.
E dá-se o segundo golo.
Pede-me o homem que não saia dali até ao final do jogo. Mas suponhamos que eu queria jantar, o ambiente estava a ferver — literalmente — e não sou assim tão ambiciosa de boladas que valesse o sacrifício continuar ali.
- Venho cá no jogo da final. E fico ali sentada, caladinha, a jantar. De graça.
- Combinado.
(Pumba, uma refeição grátis à custa do dom.)