dizem-me elas, quando me querem enfiar um saco que sabem que me vai ficar mal.
Ou porque me vai ficar largo, e apagar-me as formas.
Ou porque a cor não bate com a minha, e vou ficar esverdeada (sobretudo, se o pano for... verde).
Ou porque tem um modelo vintage/old fashioned/bom para a avó (delas), que me fará... velha.
Ou porque é simplesmente piroso, e vou ficar simplesmente pirosa.
Uma vez, num local onde trabalhei, ofereceram-me, pelos anos, um vestido que acumulava todas as vertentes anteriores: apagava-me as formas, porque era tão justo que me faria (se o tivesse chegado a vestir) aparecer formas que desconheço em mim. Imagine-se, a título de exemplo, alguém muito obeso, com um cinto muito apertado. O que é que acontece? Fica partido em dois, certo? Assim ficava eu com aquele horror: partida em mil; a cor do monstro era preta, mas ia esverdear-me, pelo simples facto de me ver inserida nele; o modelo era péssimo (justo, uma manga de renda, outra manga por fazer, como aquela ladainha da meia feita e da meia por fazer: ali era uma manga que não exista); ia fazer-me velhíssima, só com a quantidade de rugas que me aflorariam a cútis, assim que o envergasse; e era de um mau gosto olímpico.
Ontem foi a cigana, minha personal dresser and adviser nos tempos das vacas (nunca as vi mais) gordas. Disse-me que tinha um vestidinho ali na carrinha, lindo-lindo, que é a sua cara.
Eu devo ter uma cara muito deslavada.
O raio do vestido era todo em renda, branquinho como a neve, só que de Verão.
Fazia de mim uma Ágata, mas em moreno. Ou uma daquelas noivas do Say yes to the dress.
Fugi-lhe, qual noiva em fuga, sem o vestido que era a minha cara. I said no to the dress.
Imagem do filme |
É caso para dizer, que existem vestidos que literalmente, não nos servem...
ResponderEliminarNão servem de modo nenhum. Só à justa medida de quem nos quer impingi-los...
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