24/03/2022

No litoral-centro, nada de novo

Liga-me um número identificado, uma voz masculina pergunta: “Quem fala?”, ao que respondo o que sempre me pareceu lógico, uma vez que não fui eu que fiz a chamada: “Para onde é que quer falar?”.

- Para a minha irmã.

- Então é engano.

- Como é que a senhora sabe?

- Porque não tenho irmãos.

(Risos.)

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Liga-me um número identificado, não o mesmo da história anterior, uma voz masculina pergunta: “Quem fala?”, ao que respondo o que sempre me pareceu lógico, uma vez que não fui eu que fiz a chamada: “Para onde é que quer falar?”.

- Para a minha papoilinha.

(Desligar; bloquear número, não vá o coiso encornar que eu posso, eventualmente, ser a papoilinha dele. Que pena os telefones fixos não terem esta função quando eu era adolescente. Meses de tortura com um tarado sexual que não desarmava, nem de noite.)

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Peço rede para prender pensos nos dedos ao balcão, preciso de proteger as unhas e as pontas de alguns dedos, de entre os quais o maior de um dos pés. A que tenho em casa é extremamente estreita, só serve para os dedos das mãos e não alarga até à medida do polegarzão.

- Não, só temos da mais estreita, para dedos.

- Ah. E aquilo que temos nos pés, é o quê?

(Depois admiro-me que as pessoas não gostam de mim.)

~

A vida continua.