Hoje gostaria, se me derem licença, de debater aqui a fracturante questão da viseira. Note-se que não sou radicalmente contra nada dessas protecções anti-vírus, só tenho teorias muito íntimas acerca da sua eficácia. Também já fui anti-máscara - e ainda sou um pouco, por descrédito na maior parte dos modelos, materiais, tempo de uso, manuseamento e preservação entre utilizações, ambientes (todos) contaminados (não é por acaso que são máscaras cirúrgicas, feitas para o ambiente esterilizado de um bloco operatório), etecetera -, simplesmente uso-a porque a lei assim determina e quem sou eu para não ir à praia, pois se até o presidente e o PM já foram? Espero, portanto, ansiosamente, que a mesma lei não se lembre de tornar obrigatórias as viseiras. Tenho medo só da imagem mental.
A última vez que ouvi falar nelas, o esquema de utilização era este: só máscara, sim; máscara e viseira, sim; só viseira, não. Minha pobre e conturbada mente, tirou logo esta bonita conclusão: a viseira é só inútil.
Bom, dir-me-ão, enfadados, que protege os olhos dos cuspigungos do povo. E só, respondo eu, enfática. Pois, se a viseira é aberta em cima, não protege dos raios e coriscos nem da profusão salivar alheia quando o portador da viseira se encontrar sentado, ou seja, de tudo o que caia de cima, cocós dos pombos incluídos. Mais vale um par de óculos como deve ser do que aquilo.
A senhora que atende numa papelaria do meu raio pôs-se a produzir viseiras com folhas de acetato, e usa uma delas. Já esquecendo o nervoso miudinho que me provoca o abanicar constante das abas do papel plastificado, diz ela que é muito melhor (do que usar máscara), porque pode usar maquilhagem (que não usa), e não passar aquele calor que abafa a respiração quando usa máscara. Diz-me isto enquanto lhe observo gotículas de suor a brilhar no buço, enclausuradas atrás do plástico, felizmente, para mim, impossibilitadas de me acertar num olho. Ou assim.