28/01/2019

Barreira linguística # 2

Entro na loja de aromas e cheiros e smells bons, mas de que desconheço o ramo de negócios, firmemente determinada a adquirir uma base para a pele de bebé de uma das minhas crianças — que parece que cresceu, e quer maquilhar-se —, prestes a completar vinte anos, preocupada com o Planeta, amiga do ambiente e inimiga de tudo o que o prejudique, e peço à senhora que lá se encontra dentro: "Eu venho à procura de uma base, tem alguma coisa disso?". Ela pergunta: "Una base?", e é então que eu percebo que nos entenderíamos melhor, a partir daquele momento e de todos, se eu falasse castelhano, mas é que não. Não vejo motivo, nem quero mais confusões do que aquelas que já arranjei em tempos por esse motivo. Faço um gesto com a palma da mão na minha cara, e repito: "Sim, uma base". Ela responde que "sí", e trata de ir à estante buscar uma caixa branca, onde está impressa a imagem de umas mãos, e onde se vêem umas unhas muito bem tratadas. É quando pergunto se "É amiga dos animais?" que a confusão, sem que eu me dê conta, se instala. Ela remelga-me os olhos, repete, hesitante, o seu "Sí...", mas eu insisto na demanda por algo sustentável, por desconfiar que ela não entendeu o alcance da minha pergunta, e então quero saber se "Não foi testada em animais?". De respiração suspensa, vejo-a mirar a pequena caixa, em busca de socorro nas instruções escritas na lateral, e depois, ainda menos esclarecida do que antes de o fazer, dizer num murmúrio: "Não, por que seria...?". Reparo então que a caixa pertence a uma base em verniz para unhas, e esclareço: "Não, o que pretendo é uma base para a pele da cara, uma maquilhagem", e desfaz-se o equívoco.
Saio da loja com a convicção de que aquele "Não, por que seria...?" correspondeu a uma imagem mental confusa, é certo, mas algo cómica, também. É universal e mundialmente aceite que "há malucos para tudo".

Palmei da nettinha, claro.
Maluca, mas não tanto.
(Não é que me falte a vontade.)

LB's challenge rumo aos 3000 chouriços em 6 anos
#jasofaltam36

4 comentários:

  1. Já vi um cão, presumo que cadela, com as unhas pintadas de cor de rosa.Como a dona, aliás.

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    1. Acho que nunca vi ao vivo, a não ser nestas imagens do Google, que preferia imaginar serem manipuladas, Ana :)

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    2. Foi no aeroporto, local onde se encontram muitas personalidades estranhas.

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    3. O aeroporto é como a Baixa lisboeta, extremamente heterogéneo. Ainda assim, uma coisa destas é demasiado para mim.

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