É sempre o mesmo imbróglio, cada vez que quero tirar um café das máquinas, designadamente por causa da quantidade de açúcar, que pretendo nula: esqueço-me de que devo começar por carregar no botão até desaparecerem as barrinhas todas, isto antes de escolher o que quero, antes de meter a moeda, antes de qualquer coisa. O ideal é já ir com o dedo espetado para o botão do açúcar mal cruzo a porta, senão aquilo entrega-me um xarope de café que, mesmo que não mexa com a palhinha plástica, sabe a rebuçado de açúcar com café e mais nada. Tipo aqueles cubos que se dão aos cavalos.
Mas, desta vez, foi diferente: quis uma barra energética com sabor a chocolate, uma dessas criações demoníacas que nos convencem (tits) que estamos a optar pelo bem, e nos farão magras como cadelas sarnentas e leishmaniosas, que é o que todas — mesmo as mesmo magras — queremos ser. Ninguém se iluda, que eu também já as perdi todas.
Então, acerquei-me da dispensadora e reparei que a ranhura das moedas estava tapada com fita-cola, embora a das notas não. Ainda assim, escolhi a minha barra, digitei o número que lhe correspondia, e a máquina respondeu-me por escrito que devia inserir € 1,20, em quantia certa. Ora, como não conheço notas de um euro, muito menos de vinte cêntimos, considerei a possibilidade de haver ali qualquer confusão que não seria eu a deslindar, pelo que retirei a fita-cola e inseri uma moeda de um euro por ali adentro. Imediatamente, a máquina engoliu-me a moeda, só faltou ouvi-la mastigá-la e eructar no final. Já nem meti a de vinte cêntimos, não fosse engasgar-se e expectorar todas as que tivesse lá dentro.
Lá tive que ir ao balcão reclamar do meu desaire, mas, desta vez, ao invés de "Nós não somos responsáveis pela máquina", ela disse-me "Eu sou nova aqui, não percebo nada daquelas máquinas, vou reportar". Portanto, acho que, logo a seguir, mal eu virei costas, inconformada e pobre — e também sem a minha barra —, reportou.