05/08/2018

O saco de praia da mãe, aquela instituição

Hoje levo só a minha toalha dentro do saco de praia, uma garrafa de água, um livro, um protector que umas vezes é comunitário — quando acaba o deles, quando é preciso "na minha cicatriz", quando é preciso passar "só nas costas e porque não me apetece levantar daqui e ir buscar o meu" —, outras dispensável (que mania que as mães têm do factor 50, sinceramente!) e uma micro-macro bolsa com trezentas necessidades básicas: espelho, elástico para o cabelo, porta-moedas, cartões de identificação e débito, fio dentário, pastilhas elásticas, duas paçocas, um bloco, uma caneta, conchinhas de outros anos, outras praias, outros planetas.
É com quatro adultos que estamos agora estendidos na areia. Cada um traz o seu saco, ou, pelo menos, a sua toalha. Chegam à vez, às vezes, as suas horas de sol não correspondem em absoluto às nossas horas de sol. Despem a t-shirt, o vestido de praia, os pequenos calções, e, passado pouco tempo ou nenhum, apercebo-me que tenho o meu saco cheio das roupas deles, exactamente como quando, em pequeninos, era eu que os despia, guardava meticulosamente as roupinhas no meu saco, e depois os protegia com protector e mil olhos de amor.

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