Tenho a comunicar ao povo — a toda a população terráquea em geral — que, daqui a vinte e sete dias, vou viajar de avião. Estou, por isso, em contagem decrescente, à espera que, a todo o momento, me dê o stroke, que é o strike das sinapses.
A única novidade deste facto, se já vos haveis apercebido, é que não me encontro preparada. É certo que ainda não comecei a sonhar com o assunto, pelo menos que me lembre de manhãzinha. Também ainda não comecei a tomar calmantes, nem ninguém mos botou na sopa, que eu tenha dado por isso. Ao contrário, tenho visto vários episódios de "Mayday! Desastres aéreos", para saber como é que tudo se processa, e, especialmente, se já mandaram arranjar as avarias, percalços e cenas possíveis (das tolas do piloto e co, inclusive) que geraram aquelas situações, ou se é preciso ser eu a fazer a checklist à entrada do pássaro, do género, "Verificaram os quatro motores? E o combustível? O peso das malas no porão? Os antecedentes psiquiátricos do chauffeur? Ele fala e percebe perfeitamente Inglês? Quem é que está ao serviço na torre de controlo? Todos dormiram horas suficientes? Ó menina, se isto for a cair, pode avisar-me com uma antecedência mínima de três a cinco minutos, para eu poder mandar uns quantos whatsapps? Onde é que fica o pára-quedas? E o colete? Como é que é a posição fetal, mesmo? Posso ir já descalça? E com a máscara do oxigénio? Se calhar, sento-me aqui no chão, mesmo ao pé de uma saída de emergência. Isto não tem um atalho, para ser mais rápido? Pergunte lá ao condutor se não podemos voar baixinho e devagarinho, mas que mania das alturas! Olhe, aquele senhor tem uma mochila esquisita. Na verdade, todos os passageiros têm uma cara esquisita. Já viu aquele, a dormir? Acha normal? Vocês hoje não tinham uma greve? E os controladores, também não? E os que transportam as malas? Os da pista, que usam aquelas raquetes? Alguém? Acho que me esqueci de qualquer coisa no carro. Dói-me a barriga. Quero a minha mãe!".
Outro dia, estava a desabafar com uma querida cheia de paciência, que, naquele Português lá dela, aconselhou assim:
- 'Ocê toma umas e outras antchis dji embárrcá. Já vai alhégrinha, assim si cáirr, 'cê neim dá porr nada. Acórrda lá do outro lado numa alégria, só pérguntando ondji é qui 'tá.
Mais sugestões (um pouco mais sóbrias)?
A única novidade deste facto, se já vos haveis apercebido, é que não me encontro preparada. É certo que ainda não comecei a sonhar com o assunto, pelo menos que me lembre de manhãzinha. Também ainda não comecei a tomar calmantes, nem ninguém mos botou na sopa, que eu tenha dado por isso. Ao contrário, tenho visto vários episódios de "Mayday! Desastres aéreos", para saber como é que tudo se processa, e, especialmente, se já mandaram arranjar as avarias, percalços e cenas possíveis (das tolas do piloto e co, inclusive) que geraram aquelas situações, ou se é preciso ser eu a fazer a checklist à entrada do pássaro, do género, "Verificaram os quatro motores? E o combustível? O peso das malas no porão? Os antecedentes psiquiátricos do chauffeur? Ele fala e percebe perfeitamente Inglês? Quem é que está ao serviço na torre de controlo? Todos dormiram horas suficientes? Ó menina, se isto for a cair, pode avisar-me com uma antecedência mínima de três a cinco minutos, para eu poder mandar uns quantos whatsapps? Onde é que fica o pára-quedas? E o colete? Como é que é a posição fetal, mesmo? Posso ir já descalça? E com a máscara do oxigénio? Se calhar, sento-me aqui no chão, mesmo ao pé de uma saída de emergência. Isto não tem um atalho, para ser mais rápido? Pergunte lá ao condutor se não podemos voar baixinho e devagarinho, mas que mania das alturas! Olhe, aquele senhor tem uma mochila esquisita. Na verdade, todos os passageiros têm uma cara esquisita. Já viu aquele, a dormir? Acha normal? Vocês hoje não tinham uma greve? E os controladores, também não? E os que transportam as malas? Os da pista, que usam aquelas raquetes? Alguém? Acho que me esqueci de qualquer coisa no carro. Dói-me a barriga. Quero a minha mãe!".
Outro dia, estava a desabafar com uma querida cheia de paciência, que, naquele Português lá dela, aconselhou assim:
- 'Ocê toma umas e outras antchis dji embárrcá. Já vai alhégrinha, assim si cáirr, 'cê neim dá porr nada. Acórrda lá do outro lado numa alégria, só pérguntando ondji é qui 'tá.
Mais sugestões (um pouco mais sóbrias)?
Vinte sete dias sem "Mayday! Desastres Aéreos!", pode ser que ajude...
ResponderEliminarNão sei como não pensei nisso, Extraterrestre :)
EliminarTu és gira. :D
ResponderEliminarOh :)
EliminarPois sou :D
O que me ri.
ResponderEliminar:)
Linda " a medricas " , o relato do diálogo está extraordinário.
É como tenho dito ,fazes-me rir mesmo !!!
Tu não sabes é o que eu me rio enquanto escrevo estas tontices! :D
EliminarE aqueles voos que correm tranquilos como se nada fosse e nos últimos minutos .... BUM!!! _____________________
ResponderEliminarVai por mim: pede para ir junto às caixas negras, que, por acaso, não são negras e até são capazes de fazer pendant com o verniz das unhas ou o baton.
Quando algo corre mal, qual é a primeira coisa que procuram? Lá está! Vais agarrada a uma dessas caixas, enroladinha a ela à força de muita fita-cola.
Em caso de embate, como são duras, amparam-te a queda e tens sempre o bónus de andar logo tudo à "tua" procura.
Mais a sério: vai de carro, ou a nado, se não houver alcatrão suficiente até ao destino.
Também já vi no Mayday, já.
Eliminar(Eu não uso baton.)
Então, mas achas que depois ouvem também as minhas últimas palavras (no caso de não sobreviver)? São capazes de corar como virgens, uma pessoa em countdown profere cada termo...
Mais a sério: é demasiado longe para ir de carro, fico toda moída.