03/08/2017

Laser para melhor lazer

Um altar a quem inventou a depilação a laser. Sinto necessidade de beijar pés, só por conta desta liberdade proporcionada não sei por quem. (Vá, e se eu não vou googlar, façam-me a fineza de também não o fazerem por mim.)
Nunca como agora me senti um homem, e está a ser bom: é vestir os trajes de banho e ala que se faz tarde para o charco, livre de preocupações menores (ou nem tanto) com pilosidades indesejadas. Longe vão os tempos de cavernícula, em que, à porta de casa ou já no areal, se me atravessava um pêlo no olhar - qual cisco, quase me fazendo chorar -, e isso era assunto bastante para dobrar as tormentas por horas, enquanto durasse a permanência, já que um único pêlo, esquecido/ignorado pela lâmina/máquina/pinça/cera, tresmalhado do grupo a que pertencia, escapado à morte a que condenara os irmãozinhos, era coisa para me arrasar os nervos e o dia de veraneio. Quanto mais vários pêlos. Um tufo. So-cor-ro, nem me quero lembrar. E depois, aquela sombra do pelinho nascituro, a saga do pêlo encravado, a frequência com que era preciso dedicar-me à transformação de mãe Eva em Gisele Bündchen, toda essa contratempice acabou, graças ao Senhor Laser.
No entanto, e por acaso, isto sem qualquer base científica - como tudo o que profiro para aqui -, acho que a depilação a laser só foi inventada no momento em que os homens começaram a arrancar os pêlos deles. Foi certamente em homenagem (não mulheragem, vêem?) a eles que surgiu o ditado 'A necessidade faz o engenho'. Isto que disse agora e o que vou dizer a seguir, enquadra-se no meu sector machista, ou sei lá se apenas controverso: nós, mulheres, somos dotadas de um espírito de sacrifício e abnegação, que nos levaria a suportar mais não sei quantos séculos de tortura depilatória, até, na melhor das hipóteses libertárias, criarmos um no shave qualquer e regressarmos à peluda origem. Aliás, não fora os homens terem começado a viver sozinhos e a sentir necessidade de preparar as suas refeições, e o micro-ondas estaria por inventar, e nós estaríamos de barrigas coladas a um fogão (a carvão.) (A pedras friccionadas.) Ou agarradas a um tanque de roupa. Ou a bater claras em castelo com um garfo. Tudo por causa do tal espírito.


2 comentários:

  1. Tão bom! Nunca tinha pensado nisso nesse ângulo.
    Só tu p me fazeres sorrir no dia de hoje 😊😊

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Isso faz-me ganhar o dia, e o(S) dia(s) seguinte(s), Me :)
      Beijinhos tamanho xxl para ti. Para também quem tu sabes.

      Eliminar