Vou a andar para o ginásio, que é como quem diz, a acelerar na direcção do dito cujo, e pára-me um polícia para aí com três metros de altura e nenhum de largo. Abro o vidro e digo,
Bom dia, senhor agente.
(Aprendam comigo, que eu não duro sempre: jamais, mas jamais — eu repito —, jamais, jamé, chamem "senhor guarda" — que são os guardas florestais e os guardas nocturnos — ou "senhor polícia" — que é como dizem as pessoas de cerca de nove anos de idade — a um agente da autoridade. Acho que eles até preferem "badocha" a qualquer dessas outras possibilidades. "Senhor agente", e eles incham e até rebentam. Equivale ao cigarro na boca do sapo.)
Foi assim que o convenci a deixar-me continuar a marcha, uma vez que a passagem para a rua de acesso ao ginásio se encontrava impedida, drivadu a uma maratona daquelas. Agora tudo corre. Hoje não percebi muito bem contra o que é que corriam (acho que contra a chuva. Ou contra o muro). Atrasada cerca de trinta segundos em relação aos meus planos, acelerei o meu boi, feliz com a excepção que me tinha sido aberta, assim de caras. E eis senão quando, cerca de uns metros adiante, se me atravessa à frente um outro senhor agente, que me forçou a uma travagem brusca só para não lhe passar por cima. À custa do gato, este ano já esgotei os meus créditos todos em matéria de atropelamentos. Travei-lhe em cima, e, ainda sem saber como é que não se me dispararam os dois airbags, abri de novo o vidro, reclamei que estava a molhar o braço e protestei o meu direito a passar mais aquela fronteira, uma vez que "o seu colega disse que eu podia, oh senhor agente!". Senti-me mesmo uma maluca, a passar para o México, depois de ter estoirado com todas as bombas de gasolina do Texas. Mas o autoridade mandou-me para trás, e eu tive que ir dar uma volta à cidade toda, incluindo os arredores, para chegar ao ginásio, que fica a dois quilómetros cá do lar. Mas tudo bem.
Depois entrei na sala de treino e fiz uma nota mental de não voltar a entrar ali sem antes adquirir uma mola da natação sincronizada.
(Por acaso, tenho uma. Muito boa, se não me importar de andar a chorar e a encher-me de ranho na piscina ou na praia — já sem contar com a peculiar figura que a coisa confere. E eu tenho um nariz pequeno.)
O povo vai para suar, portanto não se lava. E, como amanhã também pretende treinar, já não se lava porque amanhã também vai suar. É como ir para a praia. E como a história de fazer a cama. Então para quê?
Já no balneário, agastadíssima, vi-me na seguinte contingência: tendo em conta que os cacifos têm 45 centímetros de largura e distam zero uns dos outros, e porque a do lado entendeu que havia de estacar ali a peida a conversar com outra, deu-se o caso de ter tido que proceder a toda a minha higiene naquele exíguo espaço, desde acabar de me secar, a botar creme, a vestir-me toda, o que até foi muito bom, em termos de perspectiva de sobrevivência numa situação limite. Agora sei que, se ficar fechada numa gruta ou numa ruína, com 45 centímetros de largura, sou capaz de me secar de um duche, besuntar-me de creme e ainda vestir-me toda! Apareço ao pessoal do resgate linda, leve e só não loira, porque não quero.
(Houdini era um gordo espaçoso, ao pé de mim.)
Fia-te que numa ruína ou numa gruta vais ter creme para te besuntares!!! :P :P
ResponderEliminarBeijocas, Linda lavadinha. :)
É eu ver a Terra começar a tremer, é eu sentir que me empurram para a gruta, e a primeira coisa que agarro é o meu creminho! :P
EliminarBeijocas, Mary Poetry :)