Toca o telefone de casa, que é coisa que nunca acontece. Acho logo que morreu alguém, ou é o vizinho de cima a queixar-se do barulho que ele próprio faz. Não, é para saber se é da casa do senhor Fulano de Tal. Que sim, digo eu. "É o senhor Fulano de Tal que está ao telefone?". Diz o estúpido.
Pára tudo. A minha voz é grossa, mas não se confunde com a de um macho. É apenas sensual. Nada, aliás, em mim se confunde com um macho. Digo, a arrastar o tom: "Não, sabe, quem está ao telefone é uma mulher...". O parvo não desarma. Diz que é da Zon e eu, mais parva ainda, e incapaz de fixar nomes de merdas que não me interessam, tipo que a minha casa é servida pela MEO, e digo assim: "É por causa de uma avaria?". Ouvi vagamente, anteontem, alguém a queixar-se do serviço da TV e acho que estou inteirada do assunto. "Não, é para divulgar uma campanha que a ZON está a fazer a clientes vvvvvvvvvvvvvvvvv", varreu-se-me o resto.
"Ah. Se é para fazer publicidade, então não lhe dou o número de telemóvel do senhor Fulano de Tal".
Isto hoje está a correr-me tão mal.
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