Este é daqueles ditados que me irrita um bocado, porque contém, em si mesmo, uma verdade insofismável. É uma questão de lógica que, se cuspirmos para o ar, a cuspidela, escarreta ou perdigoto nos irão cair na focinheira. É como Quem vai à guerra dá e leva. Ou Quem anda à chuva molha-se. Ou Quem dorme com meninos acorda molhada (enfim, nem todos mijam na cama).
Certo que todos os ditados são metafóricos, e este é só mais um. Mas este ficou há pouco a matutar-me no espírito, a propósito de uma frase que escrevi. Tem graça, eu penso naquilo que escrevo, logo, no que já pensei. O Descartes era um menino ao pé de mim (e, às tantas, mijão).
Quando corriges alguém, estás a partir do pressuposto que tu não erras. E esse pressuposto está sempre errado. Foi o que eu escrevi. É o que eu penso, mais ou menos, das pessoas que acham alguém estúpido. Estão a partir do pressuposto que são menos estúpidas. Põem-se imediatamente num patamar de superioridade, que foram buscar a uma média estatística?, a uma comparação feita por?, a parâmetros estabelecidos? Ou seja, são conclusões que até podem estar certas, mas também podem não estar.
Tudo isto, enfim, para voltar ao princípio. Como é que é possível que assistamos a que haja pessoas que passam a vida a dizer o que lhes apetece e não haja quem lhes responda à letra? Que se dêem à lata de corrigir quando elas próprias erram com uma frequência avassaladora?
Se calhar o título deste post devia ser antes "Quem diz o que quer, ouve o que não quer". Só para eu poder dizer que é mentira. Tal e qual como Quem cospe para o ar na cara lhe cai. Mentira. Há uns que desviam a tola ou então têm uma puta de uma saliva que evapora no ar. Admiro-lhes a impunidade. E a impáfia, também.
Sem comentários:
Enviar um comentário