29/05/2014

Carolina, os seus olhos tristes guardam tanta dor *

Anda a net toda em polvorosa porque existe uma menina com a vida transformada num inferno, mas um inferno daqueles na Terra, não aquele bom e quente e divertido para onde eu pretendo um dia emigrar quando me fartar disto tudo ou isto tudo achar que eu já chego. Leididi, que deve ser a blogger mais respeitada de toda a esfera (fora eu, mas ninguém me dá trela), postou a coisa mais bonita que eu algum dia li acerca desta doce condição de ser mulher, muito e tudo por causa do que havia postado ontem. A Ursa meteu-se logo em campo e tratou de fazer qualquer coisa, basicamente um arraial para angariar fundos de ajuda à criança. É de uma criança que se trata, eu não me enganei. Aos 15 anos uma mulher é uma criança. Sei que a festa será um sucesso porque a Ursa vai obrigar toda a gente a mexer-se e, ainda que houvesse a hipótese remota de não aparecer ninguém, ela faria a festa, lançaria os foguetes, apanharia as canas e faria uma cabana. Para a "Carolina". Para aquela criança que, vão-se lá perceber os motivos (???) que assistem a algozes da mesma idade, já tem a infância, o início da adolescência e, quem sabe, a vida toda escavacada pela injustiça e pelo desamor dos Homens, tanto com H maiúsculo como com H minúsculo. Mas este post é só mesmo para me lamentar pelo facto de ter lido 75 comentários na caixa da Pólo e, desses, nem talvez sete pessoas irão efectivamente fazer alguma coisa pela "Carolina". Ai, que moro longe. Ai, que não sei fazer caldo verde. Ai, que não conheço ninguém. Ai, que pena que tenho da Carolina. Ai, que gosto tanto de ti, Pólo!

Mais valia estarem caladas. 

Receita do caldo verde (antas):

Batatas (para uma panela grande, 8 ou 10) + caldo verde + alho + azeite + cebola (a ordem é arbitrária) + chouriço (do barato, que é o melhor e não larga sangue nem gordura a mais).

Cozam as batatas com 1 dente de alho, meia cebola, sal e um bocado de chouriço (meio, ou todo, se tiverem a mania das grandezas); quando a batata estiver cozida, tirem o chouriço e passem a varinha mágica (plim!); volta para o lume, esperem que ferva e juntem o caldo verde; cortem o chouriço às rodelas e juntem. São para aí uns 5 minutos a cozer a couve; deitem o azeite e dêem uma fervura. 



28/05/2014

The fucking question

Sempre foi assim no Continente: corredor dos cães, corredor dos gatos e outros animais. Dois corredores. Quando vou comprar areia para as gatas e areia para a gaiola, entro num único corredor. Hoje fui comprar areia para a gaiola. Corredor dos gatos e outros animais, areia para gatos, gateiras, camas, brinquedos, rações. Tudo para gatos. Gaiolas, ninhos, alpistas, nada. Não encontrei a areia para a gaiola. Mas encontrei um funcionário:

- Bom dia. Vejo aqui o corredor dos gatos e ali o dos cães. Então e os outros animais?

- Quais animais?

[cobras; elefantes; moscas; dinossauros; joaninhas]

- Passarinhos.

- Ah, isso é ali à entrada.

É que não era. Mas eu também podia ter perguntado, tão só, por areia para a gaiola. E ele podia ter-me respondido, tão só, "Dos gorilas?".

Eu tenho problemas com médicos # 10

Fui auscultar o meu coração, esse bom - no meu caso - órgão da forma esquisita e que, não tendo par, não dá para tirar um e ficar lá o outro a fazer as vezes, como os pulmões. Desconsiderando os considerandos de ser hipertensa e de três homens da minha família, na escala ascendente por via paterna, terem morrido antes dos 65 anos por falência do coração, não há motivos para pânico, mas convém espreitar o que é que se passa com este meu músculo. 

Fui a um senhor Professor, que eu não ponho o meu coração nas mãos do primeiro badameco que me aparece. E passei por várias salas até chegar ao gabinete de sua sumidade. Vamos saltar a sala da entrada e a sala de espera (que não são a mesma, sequer no mesmo apartamento, embora no mesmo andar).

Sala 1 - Sala de ecocardiograma. Uma técnica manda-me despir da cintura para cima. Como nunca acerto no outfit, fui de vestido. Da cintura para cima, significa nudez quase total. Pergunto se tiro o sutiã. Ela diz que sim. 

Sala 2 - Sala de electrocardiograma. Um médico giro, de olhos lindos, manda-me despir da cintura para cima. Não pergunto nada e despojo-me de tudo. Sutiã incluído. Ele faz-me o exame quase sem olhar para mim. Desconheço como é que acertou com as ventosas na mama esquerda. 

Sala 3 - Sala da altíssima figura que, afinal, é um senhor idoso. Manda-me despir da cintura para cima. Estou farta de tirar o vestido, o lenço do pescoço e o sutiã. Não me apetece mostrar as mamas a um senhor daquela idade. Ainda tem para ali um freak out e ali a doente sou eu. Pergunto se tenho mesmo que tirar o sutiã. Ele diz que não.

E saio de lá com esta dúvida: será que, na sala 2, eu podia não ter tirado o sutiã? Isto quase não me deixou dormir esta noite.

À saída, o médico giro ofereceu-se para assistir à minha prova de esforço, na próxima sexta-feira. Já capaz de olhar para mim, disse-me que tenho lá balneário e posso tomar banho no fim. E sair de lá toda fresquinha. Malandro, vai-me pôr a suar.

26/05/2014

Enquanto não consigo publicar a lista dos meus blogues preferidos

Vai um cheirinho, com CAT VERSUS HUMAN. Com uma selecção dos melhores, ou das situações que, de uma maneira ou de outra, já vivi com as minhas e que qualquer dono de gato conhece muito bem.
















Quando eu ganhar o Euromilhões # 5

Compro umas Paez.

(Estúpidas, custam € 35,00 e são alpercatas - de lona, claro - com sola de borracha)

Compro várias Paez. Todas as que sejam azuis. As lisas, as de risquinhas, as da bandeira da Argentina


(estou capaz de matar pelas da bandeira da Argentina, don't cry for me!), as das âncoras, as das melancias, as das pintinhas. E todas as que tenham risquinhas. Vermelhas incluídas. As dos corações. Tudo o que seja da colecção SURFY. E todas as deste Verão. Todas as do Mundial. As da bandeira portuguesa (estou capaz de dar um pé pelas da bandeira portuguesa. Não. Um pé não é boa ideia. Pode ser um centímetro de cabelo. No comprimento).

Compro A Paez. E eu não sou mulher de usar sapatos baixos, jamé Salomé. Mas compro aquilo tudo, só para ter numa estante e ficar a olhar para elas. E cheirá-las, que cheiram a coisas boas e novas e bonitas.






Não se nota nada que azul é a minha cor, pois não? Eu disfarço com variações em forma de coração. Pena não serem azuis.

25/05/2014

Aquilo são orgasmos ou é só um catálogo de bitch-uére?

Hoje acordei um bocado agastada derivados ao tempo, que não se fixa para a praia, que me permite ir um dia e, uma semana depois, já me diz que tão cedo nem pense. Até mangas compridas vesti, em sinal de protesto. O clima influencia o meu humor como mais nada, nem amores, nem bolos, nem dinheiro, nem passarinhos a cantar: é haver nuvens no céu, designadamente em ele estando cinza escuro - uma das cores que eu, por acaso, distingo bem (ai quem me dera que o meu daltonismo me desse para confundir o cinzento com o vermelho, como o meu avô) -, e é ver-me com uma puta de todo o tamanho, tal e qual aconteceu hoje. Ontem foi dia de muita emoção, pus-me na festa dos espanhóis, fui para a Baixa ver passar os hermanos, festa rija de machos, que Maricarmens nem vê-las, nem bâtons escarlate, nem flores no cabelo, nem blusas às bolas, nem taca-taca-taca, aquele trololó que só elas, devem ter ido todas para El Corte Inglès, por supuesto, ou ficado nos Preciados, que isso, infelizmente, ainda cá não temos, e digo infelizmente porque era bom era, era termos aquele IVA na cosmética que só lá, deve ser por isso que as nholas pintam a boca e as unhas a partir dos dez anos de idade, pudera, com aquele IVA, a gente cá até já pintava as beiças às meninas aos dois anos de idade. Falta de toque feminino na festança, que futebol é para eles, pese embora me tenha ido fotografar mais as gajas para o painel da Women's Champions League, não fomos nós lá tão longe só para cheirar o ar da cerveja. O jogo então, foi o mesmo de sempre, não sei que raios de magia faço eu com a bola, que não há golos - ou não há em número de jeito - até eu me sentar (tenho que me sentar; tenho que estar mesmo sentada) a ver. A partir daí é um vê-se-te-avias, tanto que, quando era pequenina, pensava que o futebol era um jogo de golos e até é. É que entrava numa sala onde estivesse a dar um jogo e pimba e pimba, sempre a aviar neles. O meu record ocorreu no ano de 1994 com o FCP, uma cabazada de golos já não sei se ao Desportivo das Aves ou ao Werder Bremen, sei que foi para uma taça ou para uma liga, e aquilo foi entrar na sala e sentar-me e o meu segundo clube (ou a meias, nunca consegui decidir isto) introduziu-lhes ali 5 na cesta que foi um mimo. Ontem foi bem, achei bonito, lá tiveram que dar oportunidade ao Cristi de fazer um golinho, não fora o menino morrer de sede, mas eu estou para ele como estou para a Sara Sampaio, já não posso com tanta nudez. O Cristi fotografou-se nu para a capa da Vogue espanhola e eu não lhe perdoo aquele púbis depilado, tal e qual o entre-sobrolhos, jactos e jactos de laser. E ainda se despiu em campo, para mostrar aquele exagero de veias em cima de músculos, só me lembra o boneco da anatomia que eu tinha quando era pequenina. Acho que dormi com as bruxas, hoje só me lembro da infância, ou então isto é mesmo a terceira idade a chegar mais tarde do que devia, ou mais cedo. Xabi Alonzo devia ser proibido de ser tão-tão-pão, de vestir Dolce & Gabbana como nem Domenico e Stefano algum dia sequer imaginaram, e isto é tudo o que me apraz dizer sobre futebol, que eu sei pouco ou nada. Já estou arrependida de ter posto este título, mas agora já pus, não vou editar nem mudar, que dá trabalho e hoje é domingo. Isto também tem a ver com a praia onde não pude ir hoje, daí a associação. O catálogo da Calzedonia é quase todo feito pela Sara Sampaio, e ela está, em 90 % das fotografias, a ter um orgasmo à beira-mar. Pronto, já disse. Ai de quem sequer imagine que eu posso ter alguma pinguinha de inveja da petite (livra, deve ser tão antipática, tem sempre cara de zangada, quando não está, lá está, a orgasmar), a menos que seja pelo facto de nunca ter tido nenhum à beira-mar, muito em particular em posições anti-anatómicas, tipo esta, pois isso nunca me aconteceu, para mal dos meus pecados e dos das conchinhas, coitadinhas.


Ora bem, pontos de apoio: tola e nalguedo. Muito natural. Hei-de experimentar isto com a Caparica lotada.


A ver se não caio da varanda, isto é uma loucura!


Uhh, então este degrauzinho, é a PDL!

24/05/2014

papa, où tu es?


J'aime bien tout: le rythme, les paroles, même le clip.

22/05/2014

Sou só eu que faço associações de ideias esquisitas?


Nova campanha da Schweppes, para o novo produto.

Iggy Pop, limão seco.

É tudo mau.

E a bebida deve ser óptima.

21/05/2014

Um post sobre sapatos/Metáforas que eu invento

Desde o início que ela sabia que ele tinha vindo para não ficar. Só para estar. Estava com ela e depois, de vez em quando, estava com outra, ou com outras. Ia ficando, com maior frequência, com ela, ia mandando SMS amorosos, iam saindo à noite, à tarde, ao fim-de-semana. E, de vez em quando, um dia inteiro sem aparecer e sem dizer nada, davam-lhe a perceber que estava com outra. Não podia queixar-se, já sabia desde o princípio que havia mais gente naquela equação da que, agora, era a sua vida. Uma qualquer esperança inconsciente de que isso mudasse, em função de um sentimento que acreditava despertar-lhe um dia, fê-la aceitar as regras impostas daquele jogo que nenhuma mulher - descontraídas, modernas, desinibidas e esclarecidas incluídas - atura por muito tempo. E ele instalou-se, trouxe escova de dentes e tudo. Ela não respondeu com a mesma moeda, não levou o secador de cabelo para o forte dele. Um dia, sem mais, ela falou-lhe nisso, na desigualdade em que se encontravam, há meses. E continuou tudo na mesma, menos no coração dela. Estranha, complicada e, afinal, tão simples, a fórmula como se acaba um amor dentro do indestrutível peito de uma mulher. Disse-me ela que aquilo sempre a incomodou, mas agora que falou nisso, passou a ser insuportável. 

- É como um par de sapatos bonito e caro, que nós compramos e, já na loja, percebemos que ainda não magoa, mas vai magoar. É só uma impressão, fechamos os olhos à perspectiva e compramos, pagamos com a vida aqueles sapatos. E toda a gente nos diz que são lindos, embora eles magoem ligeiramente. Enchemo-nos de orgulho e de ilusões, "um dia eles vão fazer-se ao meu pé", e continuamos a usar. E eles a magoar cada vez mais. Apertam-nos, fazem-nos doer os ossos e a alma, fazem bolhas, mas nós aguentamos, embora vamos percebendo que eles nunca vão fazer-se ao pé, quanto muito o nosso pé é que vai fazer-se a eles. Até ao dia em que nos fartamos da porra dos sapatos, cagamos para o facto de terem sido caros, de serem tão bonitos, de nos ficarem tão bem, de toda a gente nos dizer que são fantásticos e mandamos a merda dos sapatos magoar outra. Até os arrancamos com raiva".

- Agora disse tudo, [Linda Porca] - disse-me ela.




20/05/2014

Diálogos com ela


Pedi-lhe para comprar uma tartaruga verde numa feira que ela frequenta todas as semanas e que vende tudo, mesmo até animais em vias de extinção, como é o caso. Era uma tartaruga para oferecer, porque eu tenho gatas e já chegam as tentações que elas têm com a gaiola dos passarinhos, para ainda arriscar ver as duas a pular de ladex, à volta do aquário/ilha da tartaruga, com os troncos em arco, os olhos em alvo e os rabos em pompom. 

Desisti a tempo da compra da tartaruga, quando soube que a pessoa que a ia receber também tem um gato.

Isto foi para explicar, se é que isso é possível, como é que começam aqueles diálogos, cujo fio condutor eu não consigo apanhar.

- Atão mas a outra desistiu da tartaruga ou quê? [quantas coisas erradas numa só frase]

- É que tem um gato...

- Atão mas e o gato ia-se lá meter com a tartaruga, não? [repeat]

- Naturalmente. Eu acho que devia enformar os sutiãs quando os estender na corda. 

[convém esclarecer que eu dobrava roupa enquanto ela, paga para o fazer, conversava acerca do mundo animal]

- Esses vieram da corda? 

[pá, vá lá... vamos chegar a que conclusão? Estou-me a perder na lógica dela. Eu disse "quando os estender na corda". Ela pergunta "esses vieram da corda?", porque tem uma leve esperança que eu responda: "Não, por isso não foi você quem fez a merda, mas eu adoro deitar conversa fora e dizer coisas estúpidas enquanto trabalho por si, só para cortar a tão eloquente prosa acerca de tartarugas e gatos, com picos de considerações suas acerca dos meus amigos. Tenho alguma dózinha de ter sutiãs deformados de tal maneira que, quando forem vestidos, alguém vai ficar com mamas cúbicas e desiguais, daí o reparo. Que é uma opinião. Que é um comando: Eu acho que devia enformar os sutiãs quando os estender na corda. Qual foi a parte desta frase que não percebeu?"]

Amanhã entra e pergunta-me se tinha ou não tinha razão em relação a outro assunto merdoso com que iniciou outra esgrima destas. E eu respondo: "Por que é que fritou em margarina um hambúrguer de soja?"

17/05/2014

Primeiro dia de praia

Mentira. Já tinha ido, mas vestida, já não sei porquê. Ah, já sei: estava frio. Hoje foi mesmo a sério. Fui vestida na mesma, com a diferença que despi uma parte quando lá cheguei. Por acaso, este ano, que estou quase em melhor forma do que aos 15 anos (agora dou para a droga) o ano passado, deu-me para querer um maillot. Quer dizer, quis o triquini, não encontrei (acho que sonhei com ele, nunca deve ter existido), fui-me a esta beleza:


Refiro-me ao fato-de-banho, não à menina, que não me aquece nem me arrefece. Eu fico assim como ela, mas em bom. Ou melhor, fico assim como ela, mas sem photoshop e com mais umas coisas em cima. Mais real, portanto.

Assumidamente, venho aqui para a maledicência. O primeiro dia de praia é sempre um choque cultural para mim. Pode ser um mecanismo de defesa, para sublimar o facto de ainda estar bege, com sobras do Natal e da Páscoa e os pés com ar de terem andado espremidos em botas de ski durante um ano (eu um dia conto o que foi a única viagem da minha vida ao ski. Épico). Ainda assim, ou talvez por isso, consigo não me meter debaixo da toalha de praia nem cavar um buraco na areia para me esconder. Chego a sentir-me tentada a ir fazer alongamentos para a beira-mar. Está tudo em tão más ou piores condições que eu.

E concluo, pelo enésimo ano consecutivo que, à parte um piquinho de falta de educação, de civismo e de semancol, há três pormenores que não podem falhar:

1) Ter uma tatuagem. Uma qualquer, o importante é a cagadela azul no meio da pele. Eu, como fiquei traumatizada na escola cada vez que algum menino me fazia um risco no braço, não suporto aquelas manchas de BIC na carne das pessoas. Olha, manias de velhos. Por falar nisso, anseio quase carnalmente pelo dia em que aquelas tatuagens envelheçam. Vão ficar um miminho.

2) Ter uma zona de gordura localizada. Pode ser na cintura, nas costas, no entre-pernas, na barriga, nas mamas (é bonito de se ver nos senhores), nos braços, na papada. Tem é que lá estar. Fonix, já não me sinto tão mal quando fizer adeusinho com o pulso a girar, em vez de usar o braço todo. E quando sentir as minhas pernas a roçarem-se uma na outra, como dançarinos de kizomba.

3) Ter joanetes. Pronto, agora quem não tem joanetes não é fixe, eu acho. É que é cada par que até dá gosto. Dedinho para o lado, as bolinhas, algumas vermelhinhas e tudo, ali no areal, ou na sandalete da praia, tudo muito proeminente e descontraído. Esta é outra moda que eu não consigo acompanhar, a menos que amarre elásticos do cabelo aos dedos dos pés durante a noite (sou doente, já tenho tudo pensado). Mas é que não faz sentido. Os meus pés devem ser os pés mais sofridos que eu conheço. Não conheço mais nenhuns intimamente, mas sei que sou uma pessoa que sofre em silêncio, e não vejo mais ninguém neste drama existencial. Praticamente só uso saltos altos o ano inteiro. Alguns dos meus pares de sapatos espremem-me os dedos. Tenho um pé maior do que o outro, o que tem como consequência um pé apertado ou um chinelo no outro. Devia ser eu quem tinha os maxi-joanetes da praia. Ao invés, cheira-me que é o povo que anda de sapato confortável todo o ano é que exibe os maiores. Está mal.

Vim de lá tão agastada que resolvi começar HOJE uma dieta. Quero perder quilos. Uns cinco, uns dez, até parecer um cão abandonado, mas quero perder. Já fui ao Continente ao som do meu estômago e resisti, não comprei porcarias nenhumas. Cheguei a casa e comi um iogurte dos meus. Estive a ver o site do Santini e chegaram-me as lágrimas aos olhos (ou seria saliva a escorrer das glândulas?). Vou ficar seca que nem um carapau. De mau humor, mas linda. Ou melhor, Linda.

15/05/2014

Vai Maxi, tu és o meu amor!

Eu ouvi esta frase ontem, pronunciada na minha casa, por um elemento do sexo masculino. Depois houve a desilusão. E houve lágrimas.

Há lutos que só se fazem vestida de vermelho. Por amor.

14/05/2014

Adivinha - quebra-cabeças - jogo de lógica - charada

Sabem aqueles jogos de lógica com sequências de figuras, normalmente 3, que são para alinhar segundo uma ordem, e depois deixam-nos uns espaços em branco para preenchermos, segundo aquela lógica, com as figuras que faltam?

Confuso? 

É o que eu penso, cada vez que vejo este cartaz.


Qual é a figura que falta aqui? 

- É do sexo de uma das outras duas (hah, estão atentos);

- Grita como uma delas (mmm, pensando bem, grita como as duas);

- Salta como outra delas;

- Possui níveis de energia ao nível de qualquer uma das duas;

- É um mistério perceber o que é que a mantém "no ar";

- Ninguém aguenta.


As filas (eu digo bichas, mas o povo não gosta) e os prioritários

Já fiz o cartão de cidadão. Não custou muito. Aterrei às 9 H no Parque das Nações e deram-me a senha 57. Esperei duas horas e pronto.

O painel das prioridades apresenta uns símbolos ilustrativos, para que não restem dúvidas: uma boneca grávida, uma boneca com um bebé ao colo, um boneco numa cadeira de rodas, um boneco de bengala e um boneco com uma mala de viagem na mão (advogados, solicitadores, oficiais de justiça, etc., desde que no exercício da profissão, contra apresentação da cédula e da respectiva procuração). 

Havia dois bebés, num grupo de 60 ou 80 pessoas, ambos com cerca de um mês de idade. Pensava eu, assim como todos os outros maldosos, que era o truque dos pais para beneficiarem da prioridade. Mas não. Era mesmo para fazerem o cartão(zinho) de cidadão(zinhos). A sério, são tão queridos na hora de tirar a foto, só visto.

Aquilo está tudo feito para que:

UM - A pessoa fique mal na fotografia. Depois da espera, todos os músculos do sorriso se relaxaram e as rugas da preocupação se exercitaram. Acresce que nos mandam olhar para cima - e ninguém fica bonito a olhar para cima, a não ser, talvez, a Senhora da Agonia -, sem sorrir, sem mostrar os dentes, boca fechada. Apeteceu-me perguntar como que é que faziam as pessoas que não conseguem meter os dentes dentro da boca, mas achei chato, dado que a própria funcionária que me atendeu... 

DOIS - O cérebro deixe de funcionar e só processe porcaria. Só isso explica que eu tenha feito o seguinte raciocínio: existe uma lacuna legal na não previsão da prioridade para os bebés. Eles não se enquadram em nenhuma das prioridades: não estão grávidos, não são acompanhantes de crianças de colo, não são deficientes - a locomoção em carrinho não é, por si só, uma consequência de deficiência motora -, não são idosos nem procuradores. Era haver uma fila para as louras e eu hoje tinha-me lá ido meter. Mesmo não sendo.

13/05/2014

As minhas bichas adoradas

Eu não sou uma pessoa sozinha. Mas tenho duas gatas. E amo-as muito, não direi num plano físico, a menos que se considere que físico é a quantidade de beijos com que as estrafego todos os dias e, às vezes, a meio da noite (weird, I know. Mas também ninguém as manda aninharem-se daquela maneira quando eu me encontro inanimada). Amo-as de amor, puro e verdadeiro. Cuido delas e tenho medo que me morram. Estes dois sinais são, para mim, prova do maior dos afectos.

Por isso, sei que uma gosta de viajar e a outra detesta. Sei que uma se adapta facilmente a ambientes estranhos, a outra leva dois dias e, mesmo assim, nunca encontra, em estadias de uma ou mais semanas, o spot do conforto, o da sesta (no plural, trata-se de um gato), o da higiene, o da alimentação, o da brincadeira e o do esconderijo. Aliás, este sim, encontra logo, passando a ser preferencial e quase exclusivo.

A primeira e única vez que a gata que não gosta de viajar, viajou, foi para o Algarve e chorou o caminho todo. Chorou, é o termo exacto. A viagem foi uma tortura para ela e para todos os ocupantes do carro. Levou dois dias a ambientar-se ao novo espaço, esteve praticamente sem comer nesses dois dias e escondia-se debaixo de todos os móveis que existiam na casa. Ainda a meio da estadia, desapareceu por horas, lançou o pânico, quando, afinal, estava metida num roupeiro, dentro de uma mala de viagem vazia. Já o aldeamento havia sido passado a pente-fino e a nervos. O regresso foi outro pesadelo, pelo que recebeu carta de alforria para nunca mais ter que ir muito para além do percurso casa-veterinário.

A outra adora viajar. É o único gato que eu conheço que faz trezentos quilómetros à janela, a ver os carros, a ver a estrada, na boa. Claro que, com a pausa para as mil sestas - mas não na gateira, e sim num colo. Chega ao seu destino, explora a casa, ambienta-se, escolhe cantos para  levar a cabo a atarefada vida de um gato e passa a viver ali, sem dramas. Depois regressa, na mesma tranquilidade e alegria, curte a viagem e não acha nada estranho reencontrar a casa onde vive todo o ano.

Assim, fácil é perceber que, quando marco férias, tenciono levar uma e deixar a outra, aos cuidados de uma pessoa que a alimenta e verifica se está tudo bem. Um gato não precisa de muito mais, sobretudo se for desta raça caseira e independente. 

Marquei férias e não reparei que o dono do apartamento não permite animais domésticos. Mandei-lhe um mail. Ele telefonou-me. Não está muito disposto a ceder, mas está quase. Percebi, pelo diálogo, que não consegue distinguir um cão de um gato, não tem animais, não gosta de animais e, basicamente, não percebe nada de animais. Eu também não, mas há mínimos. Fez-me  seguinte pergunta: "Mas você costuma tê-la aonde? Numa caixa, daquelas para gatos?".

Não me apetece escrever mais nada, não me apetece ir para aquela casa, não me apetece ir de férias. Apetece-me fazer cocó só de pensar que há pessoas assim. 

12/05/2014

Axioma impossível

Sabem aquelas verdades matemáticas tão evidentes que não necessitam de demonstração? Como se A = B e B = C, então A = C?

Diz-se que agora os 30 são os novos 20 e os 40 são os novos 30. 

Então os 40 são os novos 20.

Matemática e axiomamente falando, está correcto. 

Mas não. E isto é fundamental que se perceba, na hora de escolher o biquini. 

10/05/2014

Eu quero um Mustang azul Kona

É uma revista masculina, com certeza.

Revista TopGear, Maio 2014

Pessoal da rádio, calem-se um bocadinho...

Locutores de rádio, radialistas, ou devo antes designar-vos jornalistas de rádio? Por favor, percebam uma coisa simples: quando uma pessoa liga o rádio, é para ouvir música. Se liga à hora certa, é para ouvir notícias. Se liga à hora do jogo, é para ouvir o relato. Mais nada.

Não nos interessa que estejam cheios de soninho. Não nos interessa que gostem de chocolate. Não nos interessam as gracinhas dos vossos filhos. Não nos interessa saber a história das vossas vidas. 

E, pela saudinha das vossas mãezinhas, blocos publicitários de dez minutos, ainda menos!

Levar com a descrição do vosso pequeno-almoço, seguida do bloco publicitário, a seguir mais umas larachas a quatro - que horror! O que é que fazem quatro marmanjos numa salinha cheia de microfones a falarem todos ao mesmo tempo!? -, seguidas do gargalhedo resultante das próprias piadas, mais um bloquinho de publicidade (dietas; carros; seguros; dietas; oficinas; comprimidos; dietas), e, intermitentemente, o anúncio da próxima (???) música, e passa-se assim uma rica meia-hora de estricta produção nacional. Ninguém vos pode acusar de não se ter falado português durante trinta minutos, lá isso não.

A música chega tarde e é má, está mal escolhida, é anunciada em função de um top que está manipulado para que possam, precisamente... pôr aquela!

Mudo para rádios que ainda se fazem a sério - Radar, Oxigénio, Marginal - e nem sempre suporto tanto alternativo, tanto indie. Mega Hits é bom, mas também se passa. Já não há cu para a choradeira da M 80 e da Nostalgia. 

Estou farta de rádio. Tenho que voltar a investir no ipod.

09/05/2014

Ainda existe quem não saiba a diferença entre júri e jurado? Alô? Alguém?

A TVI tem um novo programa chamado Rising Star. Os outdoors apareceram com um pequeno erro ortográfico, corrigido hoje. Não foi fácil arranjar imagens do primeiro cartaz, porque ora passava por um ao volante, ora abria a imagem no site da TVI e, mal ia a fazer printscreen, ela desaparecia para nunca mais aparecer. Ou seja, não fui a única pessoa que deu pelo erro, o que me deixa bastante aliviada, e não fui certamente eu quem levou à sua correcção, o que me leva a concluir que existem pessoas ainda mais chatas do que eu com a questão do português. É a nossa língua, analfabetos do genital! 

Não vou falar do desgosto que me provoca imaginar quem é que escreveu a frase do cartaz. Um jornalista? Um publicitário? Alguém que até recebeu alguma formação e até foi pago para elaborar aquela coisa? Ah, já sei: não, foi o senhor da porta.

Também não me apetece falar dos dez milhões do cartaz. Homens. Mulheres. Crianças. Recém-nascidos. Sem-abrigo. Emigrantes. Moribundos. Internados. Maluquinhos de Arroios. Todos, sem excepção, vêem a TVI. E o raio do programa. E são júris. Jurados, pá. Ju-ra-dos. 



Ai tanta falta de assunto que para aí vai...

A sério? Conseguem esgotar um assunto-não-assunto em poucas horas. Chatas.

Eu não vi o vídeo, nem sequer posso opinar.

08/05/2014

O dia em que revelei um pouco de mim, excitada com a nova aparência do meu buraco, cheio de porcas

Em alegre passeata pela estrada que me levou a Carcavelos a almoçar (esta grande volta só para dizer que hoje almocei a ver o mar), vi hoje, pela primeira vez, os cartazes de campanha do Bloco de Esquerda. 



Eu estou a pensar em votar no Bloco de Esquerda. 

(não sei se devo justificar)

Eu vivo num país que saiu do jugo de 40 anos de um ditador e se meteu numa democracia alternadeira por outros 40. Ainda há muito quem não saiba, haverá já muito quem não se lembre, há ainda certamente quem nunca acredite, mas este país teve no seu comando um senhor que não permitia que mais ninguém pensasse de forma diferente da sua. E, quem se atrevesse a questionar a doutrina e o método, era castigado. Havia uma polícia política, havia pessoas presas pelos seus ideais, havia informadores em todas as esquinas e esplanadas, havia medo para uns e aceitação pacífica para outros. Qualquer estudo político classifica aquele regime como fascista e ditatorial. Mas há quem, ainda hoje, afirme a pés juntos que "isso são exageros" (como há bem pouco uma galinha de 40 anos, se calhar já nascida em liberdade) ou que "apesar de tudo (???), estávamos bem melhor (???)". Eles não sabem nem sonham.

Depois libertámo-nos e passámos a votar, homens e mulheres, licenciados ou não, funcionários do estado ou não (é que, "antes", as pessoas distinguiam-se assim umas das outras). Votámos PS, votámos PSD (ou PPD, como era ao início), votámos PS, votámos PPD, zangámo-nos com o PS, votámos PSD, zangámo-nos com o PSD, votámos PS, assistimos à derrocada do país, às mãos do PS, ah, espera, mas quem lá deixou o presente envenenado foi o PSD, depois voltámos a entregar o país, já moribundo, nas mãos do PSD, numa brincadeirinha de um-dó-li-tá que só nós porque, entretanto, tão distraídos e entretidos que estivemos, já tinham passado outros 40 anos.

Está, talvez, na altura de dar oportunidade a quem nunca a teve. A quem sempre pôs em causa a política dos outros e não pôde pôr em prática a sua. A quem tanto criticou, vou dar um voto que é mais um "Ai fazes melhor? Então, mostra lá!". Não é sequer um voto de confiança. É um voto de desconfiança mas, pelo menos, não é em branco, nem é abstinente: vou desalapar o cu da chaise longue e vou lá, mesmo que tenha que ir a pé (e a minha mesa ainda é longe de casa, sobretudo se for, como irei, de saltos altos). 

Era para falar no cartaz, já me perdi no texto. 

"De pé" evoca-me o hino da Internacional, que é também do movimento comunista. Não terá sido por acaso a escolha do mote, só que é uma mensagem que só chega a alguns. Estar de pé significa não estar sentado, nem deitado, nem de joelhos, nem de cócoras. Mas também significa cabeça erguida, olhar em frente, orgulho nacional, coluna direita, mangas arregaçadas e mãos à obra. Talvez estejam a pedir-nos muito, neste momento. Mas eu prefiro arriscar num comando que me mande por de pé do que numa promessa de andar de cócoras toda a vida e acabar deitada mais cedo do que devia.

Adoro as minhas porcas

É só isto, agora para já. Estou muito atarefada a tentar pôr a lista dos blogues que leio. Já volto.

06/05/2014

O meu bilhete de identidade vai expirar e não há nada que eu possa fazer contra isso

Preciso de renovar o cartão de cidadão. Ou melhor, vou deixar de ter bilhete de identidade e passar a ter CC. Sei, por ouvir dizer, que as filas são de horas e dias à espera. Que passam as grávidas, as portadoras de crianças ao colo, os deficientes e os velhos, deixando os desgrávidos, sem petiz, intactos e ainda não velhos ainda mais para trás da vez que alcançaram madrugando naquele dia. Não admira que toda a gente fique mal na fotografia, literalmente.

(No meu tempo, toda a gente ficava mal na fotografia porque as máquinas eram Fotomaton [olha, googlem. Eu não sou vossa mãe, estou farta de fazer tudo nesta casa], aquele infalível método que passava toda a moça serrana e corada das faces para tons de amarelo e castanho. Depois vieram as fotos "tipo passe" a cores, em que toda a gente passou a ficar mal porque... eu não me vou dar ao trabalho de explicar por que é que há pessoas que ficam mal em todas as fotografias. E calem-se com essa merda da fotogenia, que isso só serve para sossegar os coirões).

Então, dizia eu: já que o meu cc dura e dura, como uma pilha Duracel (ninguém me paga para isto), entendi por bem que só vou lá quando estiver com o cabelo giro. Não vou andar dez anos, ou sei lá se vitaliciamente, com uma fotografia minha, gira, e de cabelo de merda. Também não quero ir para a Loja do Cidadão, ou para outro recinto qualquer onde me façam o cc, passar uma temporada. Até porque, com os nervos, o meu cabelo, que pode estar no seu melhor dia do ano, esmerda-se todo. Então, pensei em marcar a data, através do número 707 20 11 22 (que tem uma assustadora aproximação com uma parte da minha data de nascimento) para um dia qualquer em que, previsivelmente, o meu cabelo estivesse giro. E tem que ser até ao dia 16, que é quando expira o meu BI. Consultado o boletim meteorológico (não estar a chover nem estar vento é condição sine qua non, já bem basta o que aconteceu com a foto do BI actual, tirada após sprint em saltos altos na avenida Almirante Reis), feitas as contas aos dias de lavagem capilar, equacionadas todas as possibilidades de estar mais ou menos bem dormida (até com essa porra o meu cabelo se ressente), promessa feita de ir com o ar condicionado desligado (a minha fibra ressente-se, tá?), assentei cerca de dois dias e vai de ligar para o 707 a dar as datas. 

Diz a gravação que o tempo de espera é superior a quinze minutos e aconselha-me a ligar mais tarde. Tempo de espera para ser atendida pelo telefone. 

O melhor é ir falar com a vizinha do lado. Vou à Loja do Cidadão no dia em que o meu cabelo estiver giro. Ela que me alugue a gritona da filha

01/05/2014

Será que também eu andei metida num saco de plástico?

A minha vizinha do lado teve uma criança há dois meses. Ela e o pai da criança têm 40 anos, ou talvez um pouco mais. Há dois meses que não vale a pena pôr despertador, porque pelas 6 da manhã a miudita grita a plenos pulmões, e ouve-se na minha cama. Também tem sido uma aventura de nervos tomar banho e maquilhar-me, porque aquele som penetra pelos azulejos e escapa-se para dentro das minhas orelhas. Não sei mesmo como é que ainda não fiz o risco do olho até às têmporas. Já nem digo o que têm sido as minhas cagadelas, não vá parecer que aqui só se fala de cocó. Não sei o que se passa nas casas dos vizinhos do outro lado, da diagonal, de baixo e de cima, mas faço uma ideia.

Eles saem com a criança para irem dar um passeio e todo o hall dos elevadores multiplica a gritaria da bebé. E depois, vai a gritar, metida no carrinho, pela rua fora. 

Outro dia apercebi-me dos gritos ainda eles não tinham entrado no elevador. Espreitei pelo buraco da porta (aquele olho electrónico, ou lá como é que se chama) e vi o inacreditável: a criança ia com a capa da chuva posta no carrinho. Lisboa, 18:30, 26º, um céu azul de doer. Ainda fui à janela para confirmar aquilo, e lá iam eles, a empurrar o carrinho, com a miúda metida no saco de plástico, rua acima, para "aproveitar" o sol do fim da tarde...

Pergunto-me do que é que aqueles dois têm medo. De mosquitos? Pergunto-me quantos erros deste género estarão aqueles dois a cometer dentro de casa. Pergunto-me se a miúda estará metida numa bolha, deitada na cama. Pergunto-me se a fertilidade não devia acabar aos 30 anos, a avaliar por exemplos destes. Pergunto-me se eu própria, filha de mãe de 40 anos, não terei sido alvo de experiências destas. Às vezes olho-me ao espelho e acho que sim. 

Estou seriamente a pensar em meter-lhes um bilhete anónimo na caixa do correio.