E é destes petits riens que é feita a minha vida, o que explica de antemão dois relatos seguidos de momentos peculiares.
Imagina que vais pela rua, e que ainda estás constipada (ou sei lá o que é que se passa com as minhas fossas, pois é uma profusão mucosa que pondero mesmo mudar-me para aquela localidade que responde pelo belo nome de Ranholas. Juro que não deve haver dia que passe em que o meu primeiro pensamento não seja um agradecimento ao cosmos por não ter um sítio com um nome desse género no meu cartão de cidadona como local de nascimento. Pior do que Ranholas, só A-da-Gorda.) (Ao invés, fui nascer no Bairro de São Miguel, spé estupendaço.) Subitamente, entra-te um mosquito pela narina adentro, acima, ao léu, olé. Instinto imediato: expirar fortemente pelo nariz, como se estivesses a assoar-te. Só que sem lenço. E com o canal carregado daquela nhanha, que nunca vou perceber — nem estudar no Google, não se incomodem — onde é que se localiza a fábrica. Suspeito que algures nos entrefolhos das sinapses. Aqui a humana, pelo menos, não possui espaço para alojar a central de produção noutro local que não esse. Já estou farta de dizer que o meu nariz é pequeno, com canais estreitos (e, já agora que ninguém perguntou, também lindo. Imagine-se que, mesmo não sendo ruiva, longe vá o agoiro, tenho sardas. Umas quantas sardinhas, vá, um pequeno cardume delas, mas estão cá e são só minhas).
Já me perdi. Onde é que eu ia?
Ah, funguei no sentido do exterior, a ver se dava à luz o bicho. E foi a tragédia, o muco a assomar-se na direcção do bigode, a mulher a lutar na diálise entre inspirar o animal para a pulmoneira, ou esvair-se em ranho no meio da calçada. Ah, e sem lenço, pois actualmente utilizo uma mala de mão que cabe na palma da dita e onde, obviamente, não transporto esses extras. Então, fungava e ai Jesus, que o povo vai perceber que este naco, afinal, também segrega secreções. Inspirava e nada de paz interior, era toda uma turbulência, que quase ouvia os gritos de agonia da pequena criatura.
Pus a máscara. Quero lá saber se já não é obrigatória na rua.
Na primeira oportunidade, assoei-me violentamente. Mas não olhei “lá para dentro”. Prefiro viver o resto dos meus dias na ilusão de que o coisinho saiu a voar alegremente numa das minhas tentativas de o expulsar. Tudo, menos ter-se afogado em pasta nasal, ou, pior, ter ido morrer/ viver num pulmão dos meus e até se reproduzir cá dentro, caso fosse uma fêmea prenhe. Nunca se sabe.
(Diz o site onde fui ver que o nome colectivo para mosquito é nuvem ou praga. É fazermos a imagem mental do que poderia sair do meu nariz após reprodução da mosquita: uma nuvem de mosquitinhos, e todos temos assegurado um bom resto de dia, como diz o povo que se despede com um “fica”. Parece agradável.)
Agora fizeste-me lembrar macaquita que fruto da sua rinite alérgica também poderia ter nascido em Ranholas e já teve situações semelhantes.
ResponderEliminar#salvemasmascarasdosranhosos
Mas macaquita é uma menina, a ela tudo se perdoa, Be :)
EliminarMas olha que eu tambén devo ter rinite, só que (pelo menos por enquanto) só se manifesta de dois em dois anos.
#deixemnosserranhosas